PAULO GAMA
Folha de São Paulo
A
menos de dois meses do prazo final para conseguir o registro que lhe permite
disputar as eleições de 2014, a Rede Sustentabilidade intensificou sua pressão
sobre a Justiça Eleitoral para tentar garantir a formalização da sigla a tempo
da disputa.
Ao
mesmo tempo em que pediu para se reunir com a cúpula do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) para tratar dos atrasos na validação de assinaturas, decidiu que, se
até a semana que vem os cartórios eleitorais não analisarem as fichas de apoio
enviadas pela sigla, irá solicitar seu registro mesmo sem essa formalização,
apenas com o protocolo que confirma a entrega dos apoiamentos.
Dessa
maneira, o partido tenta transferir às instâncias superiores da Justiça
Eleitoral a responsabilidade pelo atraso dos cartórios. "A rigor, a Rede
já fez a sua parte e já enviou mais assinaturas que o necessário. Vai depender
da Justiça dar sua resposta à população", diz André Lima, membro da
Executiva provisória do partido, que atua na área jurídica da sigla.
A
Rede é hoje o partido mais provável para a candidatura da ex-senadora Marina
Silva, que aparece em segundo lugar na pesquisa Datafolha divulgada no domingo,
com 26% das intenções.
Para
que Marina possa se candidatar pela Rede, o partido precisa ser formalizado até
o início de outubro --um ano antes das eleições.
A
sigla esbarra, no entanto, na demora de cartórios eleitorais para certificar as
492 mil assinaturas necessárias --o partido diz já ter encaminhado 553 mil
fichas aos postos, das quais cerca de 150 mil não tinham sido analisadas dentro
do prazo de quinze dias estabelecido pela lei.
Ontem,
a Rede solicitou uma audiência com a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia e
disse que também pediria um encontro com a corregedoria da corte. Quer cobrar
ação para que as instâncias inferiores cumpram prazos estabelecidos e
questionar o não cumprimento de outros pontos da Lei Eleitoral.
Eles
dizem, por exemplo, que não recebem justificativa de cartórios sobre as
assinaturas não validadas. Também se queixam da diferença de critérios.
"Há cartórios em que 95% são aprovadas e outros em que mais da metade é
rejeitada", diz Lima.
Em
alguns Estados, a Rede faz mutirões para acompanhar o processo de conferência
das assinaturas. "É na base do corpo a corpo. A gente tem que fazer essa
militância para dar agilidade", diz o coordenador-executivo do partido,
Bazileu Margarido.
ATALHO
Depois
da validação das assinaturas e de obter o registro em nove Estados, o partido
precisa ainda solicitar ao TSE o registro definitivo --processo que pode levar
45 dias.
Para
ganhar tempo, o partido também cogita seguir estratégias adotadas por Gilberto
Kassab para criar o PSD, como remeter assinaturas validadas em cartórios
diretamente ao TSE, sem usar TREs como intermediários. "Pode ser que isso
se torne uma necessidade para uma parte residual, de 10% a 15% do total",
afirma Lima.
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