Governadora subjudice produz mais um escândalo |
Nota
dos jornalistas Felipe Patury e Teresa Perosa, na Revista Época desta semana,
dá conta de que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, obteve
do banco Merrill Lynch um empréstimo de US$ 660 milhões, avalizado
pelo Tesouro Nacional, e que, logo depois de desembolsar o dinheiro,
o Merrill Lynch vendeu o empréstimo a outros bancos. Técnicos da
Fazenda estimam em US$ 26 milhões o lucro do Merrill Lynch. Associado
a ele, o Banco do Brasil (BB) ganhou US$ 2 milhões. O Merrill Lynch e
o BB não se pronunciaram.
Prosseguindo,
os jornalistas publicaram, sob o título “Outra do Maranhão”, que “o
governo Roseana Sarney repassou R$ 270 mil para que uma ONG construa
banheiros no município de Humberto de Campos. Quantos banheiros?
Dois. Procurado, o governo disse ter errado e que, ao todo,
deveriam ser 57 banheiros. Quantas famílias vivem na região
beneficiada? Apenas 30. Agora, a explicação oficial é que as famílias
de outras cidades também serão atendidas”.
Repercussão
na Assembleia – Os deputados Rubens Pereira Júnior e Othelino
Neto repercutiram na Assembleia Legislativa o caso dos kits sanitários, e
acusaram o secretário Fernando Fialho de ter contratado uma ONG para construir
dois banheiros em povoado do município de Humberto de Campos, ao valor de R$ 270
mil.
O
líder da bancada oposicionista observou que a revista apresentou, em sua última
edição, “a farra de convênios eleitoreiros ou com desvio de finalidade que
acontece no Maranhão”. E citou o novo caso do convênio de R$ 270 mil assinado
entre a secretaria e a ONG para construir dois banheiros.
“O
Governo do Estado se manifesta dizendo que não são dois banheiros, são 57.
Entretanto, no povoado tem apenas 30 casas e os banheiros não foram feitos, o
que é ainda mais grave. O que dá o indicativo de que boa parte dos recursos
conveniados, especialmente com a Secretaria de Desenvolvimento Social, foi para
o ralo”.
Rubens
Júnior enfatizou que as denúncias de irregularidade começaram com o
convênio assinado com a Associação Vera Macieira, para melhoramento de caminhos
de acesso ao povoado Trechos, na Raposa. Depois, surgiu a Associação
Comunitária Nossa Senhora das Graças, e mais recentemente os
casos de Humberto de Campos, Viana e Timon. O deputado lembrou que
“em todas o governo segue paralisado, omisso, inerte, silente”.
Durante
seu pronunciamento, o deputado Othelino Neto disse que denúncias em relação à
Secretaria de Desenvolvimento Social já viraram rotina e que toda semana surge
uma nova denúncia, a exemplo da feita por um aliado do governo, o prefeito
Chico Gomes, de Viana, que atesta que no município dele não aconteceram as
obras. “Agora, temos este, da revista Época, tratando desses dois banheiros que
custaram nada mais nada menos do que R$ 270 mil. Aí, a secretaria, quando quer
justificar o que não tem justificativa, faz uma nova publicação no Diário
Oficial, de uma errata, dizendo que não eram 2, eram 5; e como o caso da Vera
Macieira, dizendo que não era no povoado Trechos, eram Trechos de outros
povoados. Ou seja, quando a secretária é pega na mentira, aí inventa uma nova
mentira”, acusou Othelino Neto.
Governo
esclarece – Em nota encaminhada ao Jornal Pequeno, na noite de ontem, a
Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom) manifestou-se sobre as duas
denúncias.
No
caso do empréstimo, informou que o valor do crédito contratado é referente
a processo de renegociação de dívida do Estado, autorizado em lei e aprovado
pela Assembleia Legislativa, Senado Federal, Tesouro Nacional e Ministério da
Fazenda.
“O crédito obtido na instituição financeira” – diz
a nota – “foi usado para pagamento de resíduos gerados sobre a dívida do Estado
nos últimos anos. Reitera também que o Governo do Maranhão só obteve o crédito
em virtude do equilíbrio fiscal alcançado por suas finanças. Santa
Catarina e Mato Grosso já refinanciaram suas dívidas do mesmo modo”.
De acordo com a Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento (Seplan), com a operação financeira, o governo, além de ganhar um alongamento no prazo de pagamento, trabalhará com juros compatíveis com os praticados nos financiamentos internos e externos, e terá carência para o pagamento.
Diz ainda a nota da Secom: “É bom ressaltar que a dívida acumulada pelo Maranhão é produto de um processo histórico que data do início da década de 1990 e, em parte, resulta de taxas do período em que o Brasil ainda não vivia sob os parâmetros da estabilidade financeira. É consequência, também, de um processo contínuo de acúmulo de resíduos (espécie de saldo devedor), representados pela diferença entre o valor das prestações devidas e o limite de comprometimento de 13% da Receita Líquida Real, prevista em lei. Dessa forma, o pagamento estava sendo feito, mas não ocorria a amortização do valor real das parcelas. Por esse motivo, no final de 2012, tais resíduos chegaram a alcançar 36,24% da dívida do Maranhão, cujo valor total soma pouco mais de R$ 4 bilhões. Para se ter uma ideia, do total de R$ 1,642 bilhão do débito contratado com base na Lei nº 8727/93, R$ 1,1 bilhão é referente a resíduos acumulados”.
“Nesse
cálculo, os números não são favoráveis ao Maranhão. É que, no período de cinco
anos (de 2008 a 2012), Governo do Estado pagou mais de R$ 3,7 milhões,
sendo que cerca de R$ 2,5 milhões foram referentes a juros e encargos. Foram
pagos R$ 547,7 milhões no ano de 2008; R$ 606,8 milhões em 2009; R$ 730,2
milhões em 2010; R$ 863,4 milhões em 2011; e R$ 991,3 milhões em 2012. Os
números comprovam, também, que o valor do pagamento do débito quase que dobrou
nesse mesmo tempo - de cinco anos para cá”.
Ainda de acordo com a Seplan, com a folga no caixa, o Governo do Estado vai dispor de mais recursos para investir em ações voltadas para a população.
Kits
sanitários – Segundo a Secretaria de Comunicação, os jornalistas
da Época também se equivocaram ao falar dos kits sanitários, já que estes somam
57, um para cada família do povoado de Humberto de Campos. A Secretaria de
Desenvolvimento Social e Agricultora Familiar (Sedes) informou que publicou uma
errata no Diário Oficial do Estado, veiculada no dia 19 de julho de 2013, para
retificar o erro numérico na publicação da resenha do convênio nº 007-CV/2012,
celebrado entre o Governo do Estado e a Associação Beneficente Senhora Santana,
na qual constava “que a execução do Projeto de Kits Sanitários seria para
beneficiar 2 (duas) famílias”.
“O
certo é que, conforme pode ser constato na errata (anexa), o convênio vai
beneficiar 57 famílias localizadas no município de Humberto de Campos”.
"O
projeto prevê a construção de um módulo sanitário para cada uma das 57
famílias. Cada módulo é composto por compartimento em alvenaria, fossa,
sumidouro, caixa d´água, chuveiro, vaso e descarga. A Sedes afirma
também que ainda não realizou a liberação de qualquer recurso à entidade
conveniada, para a execução do projeto em questão”, finaliza a nota da Secom.
Fonte: Jornal Pequeno
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