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Barbosa pode ver aliados virarem as costas, enquanto o processo do mensalão vai sendo desmoralizado |
Conquistada
a condenação dos réus da Ação Penal 470, o chamado mensalão, a Globo agora quer
transferir o ônus do golpismo para o STF, mais especificamente para Joaquim
Barbosa. Não parece ser por virtude, mas por esperteza, que William Bonner
passou um minuto no Jornal
Nacional de quarta-feira (20)
lendo a notícia: "Divulgada nota de repúdio contra decisão de Joaquim
Barbosa".
O manifesto é assinado
por juristas, advogados, lideranças políticas e sociais repudiando ilegalidades
nas prisões dos réus do mensalão efetuadas durante o feriado da Proclamação da
República, com o ministro Joaquim Barbosa emitindo carta de sentença só 48
horas depois das ordens de prisão.
O locutor completou:
"O manifesto ainda levanta dúvidas sobre o preparo ou boa-fé do ministro Joaquim
Barbosa, e diz que o Supremo precisa reagir para não se tornar refém de seu
presidente".
A TV Globo nunca
divulgou antes outros manifestos em apoio aos réus, muito menos criticando
Joaquim Barbosa, tampouco deu atenção a reclamações de abusos e erros grotescos
cometidos no julgamento. Pelo contrário, endossou e encorajou verdadeiros
linchamentos. Por que, então, divulgar esse manifesto, agora?
É o jogo político, que a
Globo, bem ou mal, sabe jogar, e Joaquim Barbosa, calouro na política, não. E
quem ainda não entendeu que esse julgamento foi político do começo ao fim
precisa voltar ao be-a-bá da política. O PT tinha um acerto de contas a fazer
com a questão do caixa dois, mas parava por aí no que diz respeito aos
petistas, pois tiveram suas vidas devassadas por adversários, que nada
encontraram. O resto foi um golpe político, que falhou eleitoralmente, e
transformou-se numa das maiores lambanças jurídicas já produzidas numa corte
que deveria ser suprema.
A Globo precisava das
cabeças de Dirceu e Genoino porque, se fossem absolvidos, sofreria a mesma
derrota e o mesmo desgaste que sofreu para Leonel Brizola em 1982 no caso
Proconsult, e o STF estaria endossando para a sociedade a tese da conspiração
golpista perpetrada pela mídia oposicionista ao atual governo federal.
A emissora sabe dos
bastidores, conhece a inocência de muitos condenados, sabe da inexistência de
crimes atribuídos injustamente, e sabe que haverá uma reviravolta aos poucos,
inclusive com apoios internacionais. A Globo sabe o que é uma novela e conhece
os próximos capítulos desta que ela também é protagonista.
Hoje, em tempos de
internet, as verdades desconhecidas do grande público não estão apenas nas
gavetas da Rede Globo, como acontecia na ditadura, para serem publicadas
somente quando os interesses empresariais de seus donos não fossem afetados. As
verdades sobre o mensalão já estão escancaradas e estão sendo disseminadas nas
redes sociais. A Globo, o STF e Joaquim Barbosa têm um encontro marcado com
essas verdades. E a emissora já sinaliza que, se ela noticiou coisas
"erradas", a culpa será atribuída aos "erros" de Joaquim
Barbosa e do então procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Joaquim Barbosa, homem
culto, deve conhecer a história de Mefistófeles de Goethe, a parábola do homem
que entregou a alma ao demônio por ambições pessoais imediatas. Uma metáfora
parecida parece haver na sua relação com a TV Globo. Mas a emissora parece que
está cobrando a entrega antes do imaginado.
Fonte: Rede Brasil Atual
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