Previsão do mercado é que a taxa suba de 9,5% para 10% ao ano. Dilma destacou, em diversas ocasiões nos últimos anos, queda dos juros.
A taxa básica de juros da economia
brasileira deve voltar à casa dos dois dígitos esta semana. O Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por fixar a Selic –
atualmente em 9,5% ao ano –, se reúne nesta terça e quarta-feiras (26 e 27)
e a expectativa do mercado financeiro é que a taxa suba 0,5 ponto percentual,
para 10% ao ano. A decisão do Copom sobre a taxa será anunciada pelo Banco
Central na quarta-feira após as 18h.
Caso a previsão do mercado,
captada por pesquisa realizada pela autoridade monetária na
última semana com mais de 100 bancos, se confirme, os juros retornarão ao
patamar de dois dígitos (acima de 10% ao ano), algo que não era
registrado desde o início de março de 2012. A discussão sobre a capacidade
de o Brasil ter uma taxa de juros abaixo de 10% ao ano permeou o debate
econômico no passado.
A taxa, porém, foi atingida
somente quando o BC afrouxou a política de juros para combater os efeitos da
crise financeira em 2009, entre junho daquele ano e janeiro de 2010.
Posteriormente, novamente por conta dos efeitos da segunda "onda" da
crise financeira, os juros abaixo de 10% ao ano voltaram a
ser registrados desde 7 março de 2012. O Brasil é um dos poucos países que está
subindo os juros neste ano.
A expectativa do mercado
financeiro é de que a alta dos juros, prevista para esta semana, não seja a
última do governo Dilma Rousseff. A previsão dos
economistas dos bancos é de que aconteçam dois novos aumentos em 2014. Segundo
a estimativa do mercado, os juros subiriam para 10,25% ao ano em janeiro do ano
que vem, patamar no qual permaneceriam até dezembro de 2014 - quando
avançariam para 10,50% ao ano. Com isso, os juros subiriam mais, visto que,
antes, o me rcado previa alta para 10,25% ao ano no próximo ano.
METAS DE
INFLAÇÃO - Pelo sistema de metas que
vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas
pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Para 2013 e 2014, a meta
central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos
percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e
6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O presidente do BC, Alexandre
Tombini, tem afirmado, porém, que a inflação teria queda neste ano frente ao
patamar registrado em 2012 (5,84%) e novo recuo no ano de 2014.
Ao subir os juros neste
momento, o Banco Central já está de olho no cenário para o ano que vem. Segundo
economistas, em 2014 haverá uma pressão maior sobre os chamados "preços
administrados" (ônibus interestaduais, energia elétrica, água, planos de
saúde e telefonia, entre outros), visto que, neste ano, houve crescimento menor
com a retenção de alguns reajustes – como as tarifas de ônibus. Outro
componente que pode pressionar um pouco a inflação no fim deste ano e início de
2014 é o possível aumento no preço da gasolina.
DISCURSO DA
PRESIDENTE DILMA - A subida recente dos juros
e o possível retorno ao patamar de dois dígitos, nesta semana, segundo
analistas, não está em consonância com uma das principais marcas, até então, do
governo Dilma Rousseff na área econômica.
Mesmo defendendo o controle
da inflação, a presidente da República destacou, por diversas oportunidades nos
últimos anos, a queda dos juros básicos e também pressionou os bancos a
reduzirem suas taxas ao consumidor.
Há pouco mais de um ano, em
agosto de 2012, quando a taxa fixada pelo Banco Central chegou a 7,5% ao ano,
na ocasião a menor da história, ela declarou que o governo criou "ambiente para que a taxa de juros caísse".
A queda foi possível, segundo Dilma, devido a uma “longa trajetória que vem de
outros governos no sentido de buscar que o Brasil seja um país que tenha
capacidade de caminhar com seus próprios pés”.
Antes disso, nas celebrações
do Dia do Trabalho, no final de abril de 2012, a presidente cobrou redução maior nas taxas de juros por parte dos bancos
privados e classificou
como "inadmissível" que o Brasil, com "um dos sistemas
financeiros mais sólidos e lucrativos", continuasse com um dos "juros
mais altos do mundo".
Em maio do ano passado, Dilma Rousseff voltou a defender a redução dos juros no Brasil."Queremos
um país com taxas de juros compatíveis com as praticadas no mercado
internacional", afirmou ela na ocasião.
Já em março deste ano, a
presidente causou ruído nos mercados ao dizer, na África do Sul, que não apoiava políticas de controle inflacionário que sacrificassem o
crescimento – em um
momento no qual o governo era pressionado pelos mercados para adotar políticas
mais firmes em relação à inflação.
"Esse receituário que
quer matar o doente antes de curar a doença é complicado. Eu vou acabar com o
crescimento do país? Isso daí está datado. É uma política superada", disse
ela na ocasião.
Fonte: G1
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