sexta-feira, 29 de novembro de 2013

'Geração canguru' é fenômeno mundial, diz presidente do IBGE

Quanto mais rico o país, mais os filhos demoraram a sair de casa. Indicadores sociais mostram avanços na formalização do mercado.

A "geração canguru", aquela formada por jovens entre 25 e 34 anos que ainda moram com os pais, e que no Brasil cresceu nos últimos dez anos, é fenômeno mundial, segundo Wasmália Bivar, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e  Estatística (IBGE), que nesta sexta-feira (29) apresentou a "Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das condições de vida da população brasileira", que mostra a evolução da sociedade em dez anos, de 2002 a 2012.
Segundo Wasmália, o conforto e o comodismo ou a falta de condições financeiras não são os principais fatores que mantêm esses jovens na casa dos pais, mas a possibilidade de investir na formação para ter mais chances no mercado de trabalho. Desses jovens, 60% são homens e 40%, mulheres, em faixas de renda mais altas.

A presidente do IBGE diz que essa situação vem se construindo na medida em que surgem as exigências de maior qualificação para  mercado de trabalho. Em 2002, 20% dos jovens entre 25 e 34 anos viviam com os pais; em 2012, o percentual subiu para 24%.
Segundo ela, é um fenômeno mundial, quando mais rico o país, mais os filhos querem ficar na casa dos pais.
"O que vimos é o prolongamento da formação dessas pessoas nas rendas mais altas. Eles ficam em casa para estudar por mais tempo. Fazem graduação, mestrado, doutorado na casa dos pais e retardam a criação de uma nova família. No caso das mulheres, ainda tem outro fator: muitas ficam em casa para cuidar de pais doentes ou dos que precisam de algum apoio", explicou.

OS NEM-NEM - Diferente da "geração canguru", os "nem-nem", aqueles jovens de 15 a 29 anos que nem estudam nem trabalham, são compostos em sua maioria por mulheres entre 25 a 29 anos, e, segudo Wasmália, é um fenômeno recente que tem chamado a atenção.
"A pesquisa muda a perspectiva que tínhamos. Ao contrário da  geração canguru, o predomínio é de mulheres que têm filhos e tomam conta deles. Isso remete a uma questão antiga, que é a diferença nas condições do mercado de trabalho entre homens e mulheres. Na medida em que existe infraestrutura para que a mulher possa deixar seus filhos em segurança para ir trabalhar ou estudar, esse quadro vai se modificando.  Isso aponta para a necessidade de políticas públicas voltadas para a criação de creches", disse.

Para ela, é necessário que as iniciativas públicas que já existem no sentido de criação de creches sejam globais para atender à população como um todo.
"A posição da mulher na sociedade brasileira e no mundo está se afirmando e esse processo aconetece através da participação no mercado de trabalho. Na medida em que a evolução ocorre, essas jovens certamente evoluirão para entrar no mercado, tendo filhos ou não", afirmou.
As "nem-nem" são mulheres de faixas educacionais mais baixas, com menor nível de instrução e menos vínculos com o mercado de trabalho, diz a pesquisa do IBGE.

MERCADO DE TRABALHO - Para a presidente do IBGE, um aspecto positivo mostrado na pesquisa é a formalização do mercado de trabalho, identificado tanto pelo aumento de profissioais cm carteira assinada como pela contribuição ao INSS, "que é uma formalização no mercado", disse.
"Houve grandes avanços, a formalização do mercado acontece no momento em que o rendimento do trabalho cresce em todas as rendas e categorias. No Brasil, a formalização vem acompanhada de aumento de renda. E o interessante é que esses aumentos ocorreram em regiões tradicionalmente marcadas por relações mais frágeis de trabalho como no Nordeste", disse.

AVANÇOS E GANHOS - Segundo Wasmália, os indicadores mostraram avanços e ganhos para a sociedades em dez anos, seja em renda, educação, saneamento, acesso a serviços, mas para ela, a redução da taxa de mortalidade infantil mostra de forma sintética esses avanços.
"Para reduzir a taxa de mortalidade infantil, é preciso que tenha aumentado a renda, o saneamento e o acesso aos serviços. Houve uma expressiva redução em dez anos, estamos próximos de alcançar os objetivos e metas do milênio", disse.
As metas do milênio preveem um patamar de 17,9 óbitos por mil nascidos vivos, e em 2010 o Brasil chegou perto, com 18,6 óbitos por mil nascidos vivos, explicou Wasmália.
Fonte: G1






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