Ex-diretor da
Siemens Everton Rheinheimer denuncia formalmente ao Conselho Administrativo de
Defesa Econômica um forte esquema de corrupção nos governos do PSDB em São
Paulo; segundo ele, Edson Aparecido, braço direito do governador Geraldo
Alckmin e hoje secretário da Casa Civil recebeu propinas das multinacionais
entre 1998 e 2008; propinoduto na área de transportes, segundo Rheinheimer,
visava abastecer o caixa dois do PSDB e do DEM; ele apontou ainda corrupção nos
governos de José Serra e Mario Covas; outros nomes citados são dos secretários
José Aníbal, de Energia, Jurandir Fernandes, de Transportes, Rodrigo Garcia, de
Desenvolvimento Econômico, e até do senador Aloysio Nunes e do deputado Arnaldo
Jardim; strike completo?
É
quase um strike. Um relatório entregue no dia 17 de abril deste ano ao Conselho
Administrativo de Defesa Econômica cita praticamente toda a cúpula do governo
de Geraldo Alckmin no chamado "propinoduto tucano". A denúncia,
formal, foi feita por Everton Rheinheimer, ex-diretor da Siemens, que afirmou
dispor de "documentos que provam a existência de um forte esquema de
corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo)
Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do
caixa 2 do PSDB e do DEM".
O
furo de reportagem, dos jornalistas Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto
Macedo, do Estado de S. Paulo (leia aqui),
aponta que o lobista Arthur Teixeira, denunciado por lavagem de dinheiro na
Suíça, teria pago propinas ao deputado licenciado Edson Aparecido, atual
secretário da Casa Civil e braço direito de Geraldo Alckmin. O documento também
cita outros nomes graúdos do tucanato paulista, como os secretários José
Aníbal, de Energia, Jurandir Fernandes, dos Transportes, e Rodrigo Garcia, de
Desenvolvimento Econômico. Outros nomes mencionados pelo ex-diretor da Siemens
são o do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e do deputado Arnaldo Jardim
(PPS-SP) - este, também como beneficiário das propinas.
A
denúncia do ex-diretor da Siemens tem peso importante porque é o primeiro
documento oficial que vem a público com referência a propinas pagas a políticos
ligados a governos tucanos. Até então, apenas ex-diretores de estatais como a
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) vinham sendo citados.
Rheinheimer foi diretor da divisão de transportes da Siemens, onde atuou
durante 22 anos. Ele disse ainda que o cartel "é um esquema de corrupção
de grandes proporções, porque envolve as maiores empresas multinacionais do
ramo ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos
do Estado de São Paulo e do Distrito Federal".
No
Distrito Federal, os desvios teriam ocorrido nos governos de Joaquim Roriz e
José Roberto Arruda. Em São Paulo, ele cita os governos de Geraldo Alckmin,
José Serra e Mario Covas. O fluxo das propinas ocorria por meio da empresa
Procint, do lobista Arthur Teixeira, finalmente denunciado na Suíça, após dois
anos de engavetamento do caso pela procuradoria-geral da República em São
Paulo, por decisão do procurador Rodrigo de Grandis (leia mais aqui). Rheinheimer
está colaborando com a Justiça, no regime de delação premiada. Sobre Edson
Aparecido e Reynaldo Jardim, ele sustenta que "seus nomes foram
mencionados pelo diretor-presidente da Procint, Arthur Teixeira, como sendo os
destinatários de parte da comissão paga pelas empresas de sistemas (Alstom,
Bombardier, Siemens, CAF, MGE, T'Trans, Temoinsa e Tejofran) à Procint".
Sobre o senador Aloysio Nunes e os secretários Jurandir Fernandes
e Rodrigo Garcia, o ex-diretor da Siemens diz ter tido "a oportunidade de
presenciar o estreito relacionamento do diretor-presidente da Procint, Arthur
Teixeira, com estes políticos". Sobre José Aníbal, mencionou um assessor:
"Tratava diretamente com seu assessor, vice-prefeito de Mairiporã, Silvio
Ranciaro".
Fonte: Brasil 247
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