Presidente retirou dispositivo que prorrogava
contratos automaticamente. Texto estabelece novo marco regulatório para setor.
A presidente  sancionou, nesta
quarta-feira (5), o projeto de lei conhecido como MP dos Portos, que estabelece
um novo marco regulatório para o setor. O texto foi sancionado com 13 vetos,
entre eles, o que estabelecia prorrogação automática dos novos contratos de
concessão e arrendamento de terminais em portos públicos. O governo considera
que foram feitos dez vetos, pois valia por assunto. No entanto, 13 itens foram
retirados.
A intenção do governo,
que encaminhou o texto ao Congresso Nacional em dezembro do ano passado, é
ampliar os investimentos privados e modernizar os terminais, a fim de baixar os
custos de logística e melhorar as condições de competitividade da economia
brasileira.
A MP dos Portos foi
aprovada pela Câmara e pelo Senado no último dia 16, a poucas horas de perder a
validade. O plenário derrubou todas as nove propostas de alteração da matéria
apresentadas pela oposição.
JUSTIFICATIVA PARA OS
VETOS - Em mensagem ao presidente do Senado, Renan
Calheiros, a presidente justificou o veto parcial ao projeto aprovado pelo
Congresso alegando “inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse
público.”
Um dos pontos do texto
aprovado pelo Congresso e vetado pela presidente foi o que estabelecia
prorrogação automática, por mais 25 anos, dos novos contratos de concessão e
arrendamento de terminais em portos públicos. O dispositivo garantia aos
concessionários, no total, 50 anos de concessão, desde que eles promovessem
investimentos para modernizar e expandir a instalação portuária.
O texto original da
medida provisória, encaminhada pelo governo ao Congresso, previa que a
prorrogação desses contratos aconteceria “a critério do governo”, expressão que
foi retirada do texto aprovado pelos parlamentares. A alteração contrariou o
Planalto, que quer ter o poder de avaliar cada uma das concessões para então
decidir se renovação é interessante ou não.“Tal modificação retira do Poder
Executivo a prerrogativa de avaliar a conveniência e a oportunidade de cada
prorrogação, prejudicando a sua capacidade de planejamento e gestão do setor
portuário e violando o princípio constitucional de Separação de Poderes”, diz a
presidente no texto.
CONTRATOS ANTIGOS - A
presidente também vetou dispositivos do texto aprovado pelo Congresso que
também garantiam a renovação de contratos de arrendamento de terminais
portuários firmados antes e depois de 1993, ponto que foi motivo de embate
entre o governo e parlamentares.
O texto do Congresso
previa, para os contratos assinados antes de 1993, a renovação por um único
período que não poderia ser inferior ao prazo original da concessão. De acordo
com a presidente, essa proposta "fere o princípio de isonomia", pois
impõe "renovação para todos os instrumentos, independentemente da previsão
contratual e da vigência de cada um deles."
O ítem do texto aprovado
pelo Congresso e que trata dos contratos assinados depois de 1993 também previa
a renovação "por uma única vez", desde que o arrendatário promovesse
investimentos e melhorias. Mas, além disso, trazia dispositivo que determinava
o respeito ao “equilíbrio econômico-financeiro do contrato e às condições de
competitividade entre portos organizados e terminais de uso privado.” Ambas as
propostas foram vetadas pela presidente.
De acordo com ela, o dispositivo tenta estabelecer “salvaguardas contra a ampliação da competição no setor portuário”, ou seja, proteger os atuais arrendatários em portos públicos contra a concorrência de novos terminais privados que serão autorizados, o que vai na contramão do que quer o governo.
De acordo com ela, o dispositivo tenta estabelecer “salvaguardas contra a ampliação da competição no setor portuário”, ou seja, proteger os atuais arrendatários em portos públicos contra a concorrência de novos terminais privados que serão autorizados, o que vai na contramão do que quer o governo.
"Com isso, [o
dispositivo] extrapola os termos dos contratos de arrendamento vigentes,
confunde os dois regimes de exploração de instalações portuárias e contraria um
dos objetivos centrais da medida provisória, que era o aumento da concorrência
no setor”, diz a presidente na justificativa do veto.
TRABALHADORES - Dilma
vetou ainda artigo do texto aprovado pelo Congresso e que obrigava o
cadastramento de trabalhadores avulsos “que ateste a qualificação profissional”
para desempenho da atividade nos portos.
Na justificativa para o
veto, a presidente apontou que “o texto não deixa claro o alcance do novo
cadastro.” Segundo Dilma, se for voltado para os trabalhadores dos portos
públicos “o dispositivo conflita diretamente com as competências do órgão
gestor de mão de obra.” Se for voltada para os terminais privados (chamados
TUPs), “o dispositivo violaria um dos principais itens do acordo negociado
entre o Poder Executivo, os representantes do Congresso Nacional e as entidades
representativas dos trabalhadores portuários, ao estender a lógica do órgão
gestor de mão de obra para os terminais localizados fora da área do porto
organizado (público).”
Fonte: G1

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