A Telexfree está impedida de fazer pagamentos aos seus divulgadores, bem
como de cadastrar novos participantes. A decisão vale para todo o Brasil e para
o exterior. A Justiça do Acre aceitou a denúncia do Ministério Público do
Estado de que o negócio, apresentado como um sistema de telefone por
internet (VoIP, na sigla em inglês), trata-se na verdade de uma pirâmide
financeira disfarçada.
Os bens de Carlos Costa e Carlos Wanzeler, sócios administradores
da Ympactus Comercial LTDA – empresa que opera a Telexfree – foram bloqueados
pela decisão da juíza 2ª Vara Cível de Rio Branco, Thaís Queiroz
Borges de Oliveira Abou Khalil.
A suspensão dos pagamentos e dos novos cadastros vale até que a ação
principal seja julgada, o que não tem data para ocorrer.
De acordo com o material de divulgação, a Telexfree é um sistema de
telefonia pela internet que utiliza o marketing multinível para fazer a
venda dos pacotes VoIP. É possível atuar como vendedor e como divulgador.
Nesse último caso, o interessado deve pagar uma taxa de adesão e fazer anúncios
na internet. Os vencimentos variam de acordo com o número de anúncios
colocados, mas também com a quantidade de novos divulgadores angariados para a
rede.
A Telexfree passou a ser investigada pelo
Ministério da Justiça depois que diversos Procons do País foram consultados
sobre o sistema – o procurador-geral de Mato Grosso, Paulo Prado, afirmou que
no Estado pessoas estavam vendendo joias e carros para investir dinheiro no sistema.
Em março, o Ministério da Fazenda informou que o
modelo não é sustentável e sugeriu que o negócio se trata de uma pirâmide financeira,
por depender do dinheiro dos
novos aderentes para pagar os antigos, e não da venda dos pacotes VoIP.
Nos Estados Unidos, onde a empresa foi fundada, a
Telexfree Inc. contratou em março um advogado que atuou em pelo menos dois
casos de pirâmide financeira desmantelados pela Justiça, como o iG mostrou.
Os representantes sempre negaram irregularidades. Na noite desta
quarta-feira (19), não retornaram os contatos feitos pela reportagem.
Em vídeo colocado numa rede social, Carlos Costa diz que a empresa não
foi comunicada oficialmente da decisão, mas que tentará derrubar a liminar.
‘Pessoas vão ficar no prejuízo’
“O foco da Telexfree
é o recrutamento de pessoas. Como é uma atividade que não tem sustentabilidade,
na hora que não tiver mais gente para entrar, a cadeia quebra e as pessoas vão
ficar no prejuízo”, explicou a promotora Nicole Gonzalez Colombo Arnoldi,
uma das responsáveis pela medida cautelar que resultou na decisão, segundo nota
do Ministério Público do Acre (MP-AC).
Em entrevista exclusiva ao iG em março, um dos sócios da Ympactus,
Carlos Costa, afirmou que a empresa tinha mais de 450 mil associados. Seu
advogado, Horst Fuchs, falava em 600 mil.
Segundo a promotora Nicole, apenas no Acre são 70
mil cadastrados e, se cada uma tivesse que vender pelo
menos 10 pacotes VoIP como é previsto, praticamente toda a população do estado
teria de adquirir o produto.
Fonte: Blog do Luis Cardoso
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