Ao ser preso, Marcos Pereira afirmou não saber quais eram as acusações. Religioso comanda a Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias no Rio.
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Pastor Marcos Pereira |
O delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Combate
às Drogas (Dcod) do Rio de Janeiro, disse nesta quarta-feira (8), após ouvir as
supostas vítimas do pastor Marcos Pereira, que o suspeito dizia às mulheres que
elas estavam "possuídas" e que só iriam se livrar do "mal"
caso tivessem relação sexual com um religioso.
Marcos Pereira, que comanda a
Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, foi preso na
noite de terça-feira (7) suspeito de ter estuprado seis fiéis.
Entre as vítimas está a ex-mulher e uma jovem que disse ter sido estuprada dos
14 aos 22 anos. A polícia apura a possibilidade de outras mulheres terem sido
abusadas.
Ao ser encaminhado para a
delegacia, o pastor não quis comentar a prisão e disse que não sabia quais eram
as acusações. "Não tenho ideia", disse. Imagens gravadas pela Polícia
Civil do Rio mostram o momento da prisão de Marcos Pereira (assista ao vídeo
acima).
"Ele tinha um comportamento
semelhante quando estuprava as mulheres dentro da própria igreja. Ele dizia que
elas estavam possuídas, endemoniadas e ele fazia crer que a única forma que essas
pessoas pudessem ser libertadas daquele demônio era tendo relação com uma
pessoa santa", afirmou o delegado Márcio Mendonça.
Marcos Pereira também é investigado por homicídio,
associação ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele foi transferido
nesta quarta para o Complexo de Bangu, na Zona Oeste. Trinta pessoas já
prestaram depoimento contra o pastor.
A prisão ocorreu na Avenida
Brasil, quando o pastor seguia em direção a Copacabana, na Zona Sul da cidade.
Ele estava acompanhado por fiéis da igreja. Contra Marcos, havia dois mandados
expedidos pela Justiça.
De acordo com as investigações,
parte dos crimes ocorreu em um apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana.
O local seria usado pelo pastor para promover orgias e violência sexual. O
imóvel, avaliado em R$ 8 milhões, está registrado em nome da Assembleia de Deus
dos Últimos Dias.
O G1 entrou em contato com a matriz da
Assembleia de Deus dos Últimos Dias, localizada em São João de Meriti, na manhã
de quarta, mas não havia ninguém disponível para falar sobre a prisão do
pastor. A página da igreja na internet publicou um comunicado oficial com
agradecimento pelo "apoio que chega de todas as partes do Brasil e do
mundo" e na qual afirma que "a igreja Assembleia de Deus dos Últimos
Dias declara estar confiante no agir de Deus na vida do pastor Marcos Pereira".
O pastor Marcos Pereira ficou
conhecido por ajudar na reabilitação de dependentes químicos e no resgate de
criminosos que seriam mortos por traficantes. Em 2004, ele negociou o fim de
uma rebelião em um presídio do Rio de Janeiro.
Denúncia foi feita há
1 ano
O inquérito para investigar a associação do pastor Marcos Pereira com tráfico foi instaurado há um ano, depois que, em fevereiro de 2012, o líder do AfroReggae José Junior prestou depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) sobre supostas ameaças que o religioso teria feito ao grupo.
Segundo José Júnior, o pastor
teria também participado da onda de ataques cometidas por traficantes no Rio de
Janeiro, entre 2006 e 2010. Na ocasião, em nota, o religioso disse que
"durante muitos anos atraímos o olhar desconfiado de muitas pessoas, o que
me colocou sob investigação e monitoramento intenso e permanente dos órgãos
policiais, sem que nenhuma, repito, nenhuma ligação minha ou da igreja que
presido tenha sido identificada. Trabalhar com criminosos visando a sua
recuperação é diferente de se envolver com criminosos, e esta fronteira eu
nunca ultrapassei".
A partir dessa investigação policial
apareceram as informações sobre estupros. Segundo o delegado Márcio Mendonça,
"as pessoas tinham medo de denunciar" porque começaram a ser
ameaçadas. Segundo os relatos ouvidos pela polícia, o medo das vítimas devia-se
ao fato do pastor abrigar criminosos e guardar armas na igreja.
Segundo o delegado, o pastor
Marcos Pereira estuprava as vítimas também dentro da igreja, muitas vezes em
seu gabinete. "Na igreja, tem pessoas que prestam serviço para ele e que
não recebem nada. Elas servem o café, ajudam na limpeza, fazem o almoço. Ele se
aproveitava e abusava das pessoas naquele local mesmo.", disse Márcio
Mendonça, citando ainda que o religioso praticou "atos agressivos" e
que fazia orgias com homens e mulheres no apartamento em Copacabana.
Homicídio
Segundo a polícia, uma jovem assassinada em 2008 queria denunciar o pastor depois de ter sido vitima de abuso. Três pessoas foram presas suspeitas do crime, entre elas, o sobrinho do religioso.
Há também uma investigação que
aponta que, além do homicídio desta jovem, que já era maior de idade, há outros
homicídios. "São pessoas que teriam descoberto as orgias e aí foram
assassinadas", afirmou o delegado.
Fonte: G1
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