O ex-deputado
Joaquim Haickel, hoje secretário de Esporte e Lazer do Estado, publicou artigo
esclarecedor nas páginas do jornal O Estado do Maranhão. Nas linhas
muito bem escritas – como sempre, ele revela o que já é de conhecimento de
todos, a decadência do grupo Sarney. O poeta, contista, cronista, advogado,
cinéfilo e, nas horas vagas, jogador de basquete, escreveu um longo texto
mostrando às claras, sem esconder o jogo, uma série de erros que vem ocorrendo
no grupo.
Entre as falhas – na
verdade são apenas os primeiros sinais da derrocada iminente da oligarquia –
Joaquim destaca a falta de unidade entre os seus membros.
“Nunca antes na história desse
grupo político, o futuro dependeu de tantos eventos intrincados, complicados e
delicados”, alerta Haickel no artigo.
O
ex-parlamentar fala ainda de desgaste, conjuntura política e faz ainda uma
crítica direta à governadora Roseana Sarney e ao secretário de infraestrutura
Luis Fernando Silva, potencial nome da família Sarney para disputar o governo
do estado em 2014.
“(…) ninguém fala sobre esses assuntos. Não se
conversa, não se discute, não se pensa… Na hora H muitas coisas saem erradas
por falta dessa prática que há muito não se cultiva nesse grupo. Existe gente
com grande poder de decisão em nosso grupo que não sabe como funciona as
intrincadas engrenagens desse sistema”, alfineta Joaquim, mostrando
sua insatisfação com o governo.
Confira,
abaixo, a íntegra do artigo e tire as conclusões.
Pra não dizer que não falei dos espinhos
Por Joaquim Haickel
Já que ninguém quer se reunir para conversar
sobre o que pode, e o que de uma forma ou de outra vai acontecer nos próximos
meses na política maranhense, só resta a mim que sou como diz minha querida mãe
Teté, “impertinente”, tentar suscitar aqui mais uma vez essa conversa, assim,
um tanto que na marra, como já o fiz antes e em pouco eco resultou.
Nunca antes na história desse grupo político, o
futuro dependeu de tantos eventos intrincados, complicados e delicados. É bem
verdade que uma grande quantidade de sorte, aliada a um imenso volume de poder,
exercido por quadros competentes e motivados, fazia com que as situações
difíceis fossem facilmente solucionadas ou pelo menos atenuadas.
Agora as coisas parecem estar um pouco
diferente, e não era pra menos. O tempo passa, as estruturas se desgastam, o
elã enfraquece, laços se afrouxam, pessoas naturalmente se distanciam… É assim
na vida, de um modo geral, nas famílias, nos casamentos, porque seria diferente
na política?
Pois bem, no que diz respeito à próxima eleição
para governador, tudo leva a crer que o candidato do grupo Sarney seja mesmo o
secretário de infraestrutura Luis Fernando Silva.
Estabelecido isso, resta saber se a governadora
Roseana completará a chapa majoritária sendo candidata ao Senado. Tendo uma
eleição garantida seria tolice não concorrer.
Em seu lugar deveria assumir o vice, mas tudo
indica que ele deverá ser nomeado para o Tribunal de Contas do Estado em vaga
que se abrirá no final desse ano.
O cargo de governador, interinamente, por 30
dias, passará então às mãos do presidente da Assembleia Legislativa. Nesse
prazo o primeiro vice-presidente da ALM, tendo assumido a presidência, convoca
eleição indireta para escolha daquele que for governar o nosso Estado até 31 de
dezembro de 2014.
Lógico seria o ocupante interino do governo, o
presidente da ALM, deputado Arnaldo Melo, ser eleito governador substituto.
Essa é uma coisa que ainda pode acontecer, porém
o que deve ser observado é que o que está em jogo aqui é muito mais que nove
meses de mandato de governador. O que está em jogo é a continuidade da
hegemonia política desse imenso grupo, que de tão grande e diverso, muitas
vezes parece ser vários e não um.
Esse gigantismo causa distorções curiosas, como,
por exemplo, o fato de algumas diferenças internas serem bem maiores que as
eventuais discordâncias com outros grupos políticos.
Mas voltemos ao que mais interessa!
Será que alguém pode fazer mais pela eleição de
Luis Fernando que o próprio Luis Fernando? A resposta é fácil! Não. É lógico
que não. Logo quem deve ser eleito para completar o mandato de governador
quando da renúncia de Roseana é o próprio candidato, no caso, Luis Fernando.
Agora vem um pequeno problema para o qual pouca
gente está atentando. Acontece que se isso ocorrer dentro dos prazos normais,
Arnaldo Melo será extremamente prejudicado, pois será atingido pela lei
eleitoral no que diz respeito ao prazo vedado de desincompatibilização para
concorrer a cargo eletivo.
Quem estiver no exercício de Governo do Estado
de 12 de abril de 2014 em diante, só poderá concorrer no pleito daquele ano aos
cargos de governador ou de presidente da Republica.
Para alguns pode parecer uma situação insolúvel,
mas há uma forma simples de resolver esse imbróglio. Basta que tudo isso, todos
os atos citados acima, da renúncia da governadora, passando pela eleição do
governador interino até a posse do governador substituto, aconteça antes de 12
de abril de 2014.
Visto assim parece estar tudo certo. Como diria
Garrincha, só precisamos “combinar com os russos”.
Há, no entanto, um problema ainda maior e mais
grave. O PT!!! A aliança do PMDB com o PT é primordial para nossa vitória
eleitoral.
O PT fará eleições internas no final de 2013. Os
vencedores dessa eleição decidem com quem o partido marchará em 2014.
Se o vice-governador Washington Oliveira aceitar
o cargo no TCE, a derrota do grupo do qual faz parte será quase certa. Consequência
direta disso é a dissolução de nossa aliança.
Há quem pense que sendo governador, substituindo
Roseana, Washington se fortaleceria, venceria as eleições internas do PT e no
caso de fazer uma boa administração, com apoio do governo federal, acabaria
trazendo Lula e Dilma para o palanque de Luis Fernando. Seeráááá???!!!
No frigir dos ovos uma coisa deixa gente como eu
extremamente incomodada. É que ninguém fala sobre esses assuntos. Não se
conversa, não se discute, não se pensa… Na hora H muitas coisas saem erradas
por falta dessa prática que há muito não se cultiva nesse grupo.
Existe gente com grande poder de decisão em
nosso grupo que não sabe como funciona as intrincadas engrenagens desse
sistema.
Que mal há em conversar, trocar ideias, discutir
pontos de vista, se abrir para outros pensamentos, ouvir outras opiniões,
arejar os cérebros…
Falar de flores é fácil. Quero é ver o bom para
falar de espinhos. Ter coragem para pegá-los nas mãos mesmo correndo o risco de
se ferir, ou melhor, mesmo sabendo que vai se ferir. Mas que seja! Para alguma
coisa deve valer ser assim.
Como disse Vandré: “Quem sabe faz a hora, não
espera acontecer”.
PS: Lembrando que existem
algumas coisas que não se deve e outras que não se pode dizer em um artigo de
jornal.
Fonte: Blog do John Cutrim
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