Texto que estabelece novo marco regulatório
para setor segue para sanção. Oposição tentou postergar votação com
requerimentos e discursos.
A quatro horas e meia de perder a validade, a
medida provisória conhecida como MP dos Portos foi aprovada ontem (16) pelo
Senado por 53 votos a favor, sete contra e cinco abstenções. Pela manhã, o
texto tinha sido aprovado pela
Câmara.
O plenário derrubou todas as nove
propostas de alteração da matéria apresentadas pela oposição, e o texto agora
segue para sanção presidencial.
A presidente Dilma Rousseff terá
15 dias úteis para sancionar ou vetar parcial ou integramente o projeto. O
prazo passará a ser contado a partir do dia que o texto for protocolado na Casa
Civil.
O governo corria contra o tempo
para aprovar a medida, porque o texto perderia a validade após a meia-noite
desta quinta (16). A MP estabelece um novo marco regulatório para o sistema
portuário brasileiro, com o objetivo de modernizar os portos e atrair
investimentos.
Enquanto senadores governistas
defendiam a proposta e tentavam aprová-la a tempo, a oposição usava
instrumentos previstos no regimento para obstruir a votação.
Apreensiva, a ministra
responsável pela articulação política, Ideli
Salvatti, acompanhava a votação do Planalto, pela TV Senado, e fazia
telefonemas aos técnicos para saber detalhes. O ministro da Secretaria de
Portos, Leônidas Cristino, também acompanhou parte da sessão do Senado.
O G1 presenciou uma funcionária do
Senado atendendo a uma ligação da ministra de Relações Institucionais. A
servidora deu detalhes do andamento da votação e explicou, no telefonema, que a
oposição tentava obstruir com inscrição para discursos e apresentação de
requerimentos.
As negociações para aprovar a MP
no Congresso se arrastaram desde a semana passada. Depois de mais de 41 horas
de debates no plenário, somando dez sessões realizadas nas últimas terça e
quarta, a Câmara concluiu a votação da medida e enviou o
texto, com 50 páginas, ao Senado, que tinha pouco mais de 12 horas para debater
e votar. Os senadores votaram o texto em oito horas.
As duas primeiras horas de sessão
no Senado foram de discursos com protestos de parlamentares da oposição e até
da base aliada contra a votação “em cima da hora” da medida provisória. Os
senadores alegaram que não tiveram tempo de ler a proposta aprovada com
modificações pela Câmara às 9h43 desta quinta (16).
A estratégia de DEM, PSOL e PSDB para postergar a sessão consistiu em apresentar destaques (propostas de alteração do texto), inscrever o maior número de senadores da oposição para debater a proposta, e apresentar questões de ordem em meio às discussões.
A estratégia de DEM, PSOL e PSDB para postergar a sessão consistiu em apresentar destaques (propostas de alteração do texto), inscrever o maior número de senadores da oposição para debater a proposta, e apresentar questões de ordem em meio às discussões.
As questões de ordem são
questionamentos dos procedimentos de votação que devem ser decididos pelo
presidente do Senado. Mais cedo, a oposição protocolou mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal,
pedindo para que a corte suspenda a votação. A corte não chegou a decidir sobre
o pedido dos parlamentares.
Da tribuna do Senado, o líder do
DEM, José
Agripino Maia (RN),
argumentou que a votação “de última hora” da medida provisória compromete o
papel constitucional da Casa legislativa de “revisar” propostas aprovadas pela
Câmara.
“Estamos sendo obrigados a rasgar
aquilo que somos obrigados a fazer, que é revisar as mudanças feitas na Câmara.
Qualquer mudança que fizermos vai fazer com que a proposta volte à Câmara. Os
governistas não vão aceitar fazer isso e vamos rasgar o nosso papel de Casa
revisora”, disse José Agripino.
O líder do PSOL, Randolfe
Rodrigues (AP), afirmou que seria melhor “extinguir” o Senado, já que seu papel
constitucional não foi observado. “Depois de hoje é melhor extinguir o Senado e
estabelecer o unicameralismo”, afirmou, em protesto pela análise de última hora
da MP dos Portos.
Já senadores do PMDB e do PT
defenderam a MP dos portos, alegando que ela é necessária para o
desenvolvimento do país. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) negou que o Senado esteja
apenas “carimbando” a proposta aprovada pela Câmara.
“Estamos cumprindo a discussão e
agora queremos entrar no mérito. O projeto do senador Eduardo Braga foi
aprovado por unanimidade na comissão especial. Houve minúsculas modificações na
Câmara e que não mexeram em nada na estrutura. Por isso, voto consciente no
projeto porque é o melhor para o Brasil e um dever do Senado votar essa matéria
hoje”, disse.
NA CÂMARA - A Câmara
dos Deputados concluiu na manhã desta quinta-feira, após mais de 41 horas em dois dias de longas
sessões, a votação da MP dos Portos.
A sessão para votação da MP dos
Portos foi iniciada por volta das 11h de terça-feira (14). O texto base foi
aprovado por volta das 20h35, mas os destaques não foram apreciados nas quase
18 horas de trabalhos - a sessão foi interrompida às 4h55.
Cerca de cinco horas depois, às 11h30, a sessão foi
reaberta. No esforço para acelerar a votação, o governo cedeu e fechou acordo
com o PMDB para incluir uma emenda que derrubava outras emendas e destaques com
conteúdo semelhante.
Todos os destaques foram votadas
até 1h40. Na sequência, muitos deputados foram embora acreditando que a votação
havia acabado, mas faltava a apreciação da redação final do texto. A sessão
aberta às 2h19 arrastou-se até as 7h19 sem atingir quórum suficiente - 257
deputados. Por volta das 8h, a sessão atingiu o quórum e com 353 deputados, a
MP dos Portos foi aprovada às 9h43. O relatório final tem 50 páginas.
Depois de decretar o encerramento
da sessão que se estendeu por quase 23 horas, o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves, se emocionou no plenário. Sentado na poltrona da Presidência,
ele ficou com os olhos marejados e a voz embargada no momento em que agradeceu
o empenho dos parlamentares na votação da MP.
Em entrevista coletiva logo após
o fim da votação, o peemedebista fez questão de ressaltar a “valentia” dos
partidos oposicionistas, que conseguiram arrastar por quase 40 horas a
apreciação do projeto do Executivo nos últimos dois dias.
“Quero reconhecer a valentia, o
aspecto lutador, da oposição, que nos deu muito trabalho. De maneira correta,
ética, fez o seu papel. E quero reconhecer aqui a base do governo, que de
maneira muito lúcida e competente também fez a sua parte. Acho que hoje não há
vencedores nem vencidos”, destacou.
Fonte: G1
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