Diante
do sucesso do leilão de blocos de petróleo e gás realizado na semana passada, o
governo anunciou nesta quinta-feira (23), no "Diário Oficial da
União", que decidiu antecipar o primeiro leilão de blocos de petróleo na
região do pré-sal da bacia de Santos, previsto inicialmente para dezembro.
Será
a primeira experiência do Brasil no modelo de partilha, que, ao contrário do
modelo de concessão, implantado desde 1999, não prevê disputa por preços, mas
pelo maior volume de petróleo que o investidor aceitar compartilhar com a
União.
No
caso da partilha, o bônus de assinatura, que no leilão da semana passada era
variável e arrecadou R$ 2,8 bilhões contra estimativa inicial de R$ 1 bilhão,
será fixo, em valor ainda não divulgado.
O
leilão será realizado no mês de outubro e colocará à venda unicamente o
gigantesco campo de Libra, em águas ultraprofundas, cujas reservas recuperáveis
superam as reservas brasileiras de petróleo. É o maior campo já descoberto no
país.
De
acordo com o diretor da consultoria Expetro, Jean-Paul Prates, o anúncio é
positivo e indica que o governo está querendo fazer um teste de venda do
pré-sal, aproveitando o aquecimento conseguido com a 11ª rodada de licitações.
"O
governo quer aproveitar o fluxo trazido pela última rodada e deve juntar com o
leilão do gás não convencional, que também será em outubro, não teria sentido
fazer dois leilões", avalia.
O
governo marcou também para 30 e 31 de outubro o primeiro leilão específico para
áreas de gás natural convencional e não convencional.
RESERVAS - Segundo Prates, como Libra já é um campo descoberto, com
reservas definidas, não será um leilão exploratório, no qual as empresas ainda
precisam descobrir se há petróleo.
Libra
foi descoberto pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) em 2010 e tem reservas
recuperáveis de até 15 bilhões de barris de petróleo, de acordo com avaliação
da certificadora Gaffney, Cline& Associates. As reservas provadas
brasileiras em 2012 eram da ordem de 14 bilhões de barris de petróleo.
Segundo
a ANP, a expectativa seria de uma recuperação média de 8 bilhões de barris de
petróleo. Libra fica perto de Franco, campo também descoberto pela ANP e que
foi trocado por ações da Petrobras em uma operação indireta durante a mega
capitalização da companhia, em 2010. Franco tem reservas recuperáveis de 4,5
bilhões de barris de petróleo.
Libra
fica 183 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e foi a segunda grande
descoberta da ANP. De acordo com especialistas, o ativo vai atrair empresas de
grande porte, que deverão se reunir em consórcios de três a quatro componentes
para fazer frente aos grandes investimentos que serão necessários.
PARCEIRO PARA PETROBRAS -
De acordo com Prates, o leilão é, na verdade, uma busca de parceiros para a
Petrobras, que foi contratada pela ANP para perfurar o campo. A Petrobras tem
compulsoriamente 30% de todos os campos do pré-sal como operadora.
Ele
prevê uma disputa forte pelo ativo, que tem perfil sob medida para empresas
chinesas, que gostam de comprar blocos nos quais a produção seja rápida e, por
este motivo, não participaram da 11ª rodada.
"Vai
haver competição, é uma compra de petróleo 'in situ', os chineses gostam
disso", prevê, listando também as grandes petroleiras, instituições de
financiamento e empresas de tecnologia de ponta.
"Vai
ser um teste também para as empresas conhecerem mais a região para futuros
leilões", prevê.
Ele
observa que é positivo o fato de o teste do leilão do pré-sal ser feito em
Libra, porque a oferta de novas áreas para exploração no pré-sal, com a
Petrobras como operadora, poderia comprometer o sucesso do leilão.
"Em
nenhum lugar do mundo o sistema de partilha funciona assim (com operadora desde
o começo). Primeiro se vende, depois a empresa vencedora se associa ao governo.
Ir para o leilão sabendo que não vai poder operar deve afastar algumas
petroleiras", explicou.
Fonte: Folha de São Paulo
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