Obra está parada em Luís Correia; PI é único estado litorâneo sem terminal. Em 2008, foram gastos R$ 10 milhões só para recuperar estrutura do cais
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Maresia já provocou a
oxidação das estruturas de ferro utilizadas nas obras do porto
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O Piauí é o único estado
litorâneo brasileiro sem porto. O projeto de construção do primeiro terminal
marítimo começou nos anos 1960, e as obras foram iniciadas em 1976. Mas, após
37 anos, o Porto de Luís Correia é apenas um cais abandonado, de estrutura
deteriorada, onde repousam materiais e maquinários enferrujados. Em meio a
longas paralisações, falha no edital, rescisões contratuais, falta de estudos
de impacto ambiental, além de indícios de superfaturamento e pagamentos
indevidos, a iniciativa já custou mais de R$ 390 milhões aos cofres públicos.
A
realidade do único porto do Piauí – que ainda não existe – é justamente o
cenário que a MP dos Portos quer extinguir. O plano é estabelecer novos
critérios para a exploração e arrendamento para a iniciativa privada de
terminais de movimentação de carga em portos públicos, a fim de baixar os
custos de logística e melhorar as condições de competitividade da economia
brasileira.
O
texto foi aprovado após 50 horas de discussão, com parlamentares varando a
madrugada em uma das votações mais desgastantes que o governo enfrentou no
Congresso. Dilma tem até 5 de junho para sancionar ou vetar parcial ou
integralmente a proposta para retomada dos investimentos nos portos.
As
obras do Porto de Luís Correia estão paradas pela segunda vez. Ao longo de 37
anos, os trabalhos ficaram interrompidos por 24 anos – de 1986 a 2008 e de 2011
até agora. Segundo o governo do Piauí, o porto está na lista de 14 portos
marítimos com recursos garantidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC 2). Já a Secretaria de Portos, da Presidência da República, afirma que o
projeto "está em vias de aprovação no PAC". A obra continua sem prazo
para conclusão.
INVESTIGAÇÃO
DA PF - Com os trabalhos paralisados desde 2011, a obra
foi alvo de inquérito na Polícia Federal, a pedido do Ministério Público
Federal, para apurar indícios de irregularidades – entre eles, superfaturamento
na obra, pagamentos indevidos, falha no edital e falta de estudos de impacto
ambiental.
Imagens
feitas no local em março de 2013 mostram estruturas enferrujadas e outros
materiais sendo destruídos pela ação do tempo.
No dia 10 de
maio deste ano, o MPF ajuizou ação de improbidade administrativa contra
ex-secretários de estado, servidores e representantes do consórcio Staff
visando o ressarcimento de cerca de R$ 12 milhões aos cofres da União em razão
dos prejuízos causados ao patrimônio público por irregularidades praticadas nas
duas etapas da construção do porto.
O relatório não faz conclusões enfáticas sobre a
ocorrência de fraudes e ilegalidades nos procedimentos licitatórios, apenas
recomenda que a Secretaria de Portos aprofunde as investigações", diz Heitor Gil, responsável pelo consórcio Staff.
A ação foi
proposta pelos procuradores da República Kelston Lages e Alexandre Assunção e
tem como base relatórios de auditoria produzidos pela da Secretaria de Controle
Interno da Presidência da República (Ciset) e laudos de engenharia e contábil
elaborados pela Polícia Federal.
"O
relatório não faz conclusões enfáticas sobre a ocorrência de fraudes e
ilegalidades nos procedimentos licitatórios, apenas recomenda que a Secretaria
de Portos aprofunde as investigações, já que, segundo a Controladoria, haveria
indícios de desvio de conduta", disse o diretor da Staff, Heitor Gil.
IRREGULARIDADES - A Ciset apontou falhas no orçamento e indícios de sobrepreço;
ausência de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental do empreendimento;
contratação de etapa da obra sem funcionalidade imediata; divergências entre o
plano de trabalho e o contrato de execução das obras e ausência de aprovação de
projetos, editais, contratos e aditivos; falhas na elaboração do projeto
básico; participação do autor do projeto na execução da obra; ausência de
manifestação jurídica quanto às minutas de editais e contratos.
A Polícia
Federal constatou a ausência de licença ambiental pelo órgão competente;
deficiência no projeto básico; restrição ao caráter competitivo dos editais;
superfaturamentos; transferência indevida de R$ 3 milhões da conta específica
do convênio para a conta única do Estado; serviços pagos e não executados e
imprestabilidade dos serviços executados.
Constam dos
laudos da PF as informações de que "o concreto executado compromete não
apenas a durabilidade da obra, como também a sua solidez, por não atender ao
fim a que se presta". O valor medido e pago, segundo a polícia, está
95,34% superior ao valor dos serviços executados para preços referenciais.
Em
outubro do ano passado, o governo estadual anunciou a licitação para a terceira
etapa da obra, com mais R$ 150 milhões investidos para colocar em operação um
Terminal de Granéis Líquidos e Sólidos. Os recursos do PAC 2 para obras de dragagem,
aprofundamento e adequação da navegabilidade nos canais de acesso foram
garantidos pelo governo federal, segundo o governo do Piauí. As demais etapas
para a conclusão do Porto de Luís Correia são a construção do molhe (R$ 247
milhões) e dragagem (R$ 51 milhões).
Segundo
a Secretaria de Portos, da Presidência da República, no entanto, o projeto
"está em vias de aprovação no PAC". O órgão disse que obras dessa
natureza levam de dois a três anos para serem construídas, dependendo do
montante de recursos disponibilizados.
Fonte: G1 (Matéria editada)
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