Ela encarou bateria de exames e teve de engordar 22
kg para fazer doação. Jovem conta que a esposa do pai sempre foi dedicada: 'Ela
é a minha mãe'.
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Martha e Manoel Neto |
A goiana Martha Karina Ferreira Arraes Oliveira, 38 anos, é o
do tipo de mãe que não mede esforços para garantir o bem-estar dos filhos.
Mesmo que ele não seja biológico, e sim do coração, como é o caso do enteado
Manoel José de Oliveira Neto, 25 anos, para quem ela deu uma prova de amor
irrefutável. Arriscando a própria saúde, a madrasta enfrentou uma bateria de
exames, teve de engordar 22 kg e, então, doou o rim que salvou a vida do jovem.
Sobre o ato de coragem, ela se diz esperançosa: “Tomara que meu exemplo
incentive outras mães”.
Manoel Neto diz que Martha sempre teve um papel maior do que o de madrasta em sua vida. Desde os 5 anos, quando ela se casou com seu pai, acolheu ele e o irmão, órfãos de mãe, como filhos.
Para Neto, a madrasta sempre foi um exemplo de dedicação. "Ela pegou a gente para criar muito nova. Parou a vida dela para cuidar de mim e do meu irmão", afirma. Por isso, a atitude de Martha quando ele descobriu que sofria insuficiência renal crônica não foi nenhuma surpresa. "Ela é minha mãe", diz confiante.
Mesmo tendo gerado um filho, hoje com 18 anos, a "mãedrasta" conta que não faz distinção entre eles: "Sempre tratei os três igual”.
Manoel Neto diz que Martha sempre teve um papel maior do que o de madrasta em sua vida. Desde os 5 anos, quando ela se casou com seu pai, acolheu ele e o irmão, órfãos de mãe, como filhos.
Para Neto, a madrasta sempre foi um exemplo de dedicação. "Ela pegou a gente para criar muito nova. Parou a vida dela para cuidar de mim e do meu irmão", afirma. Por isso, a atitude de Martha quando ele descobriu que sofria insuficiência renal crônica não foi nenhuma surpresa. "Ela é minha mãe", diz confiante.
Mesmo tendo gerado um filho, hoje com 18 anos, a "mãedrasta" conta que não faz distinção entre eles: "Sempre tratei os três igual”.
Se o jovem já tinha uma boa relação com a madrasta,
após o transplante, eles se aproximaram ainda mais. Ele, inclusive, decidiu
deixar o curso de jornalismo de lado e estudar administração, assim como
Martha. Apesar de ter entrado um semestre depois dela, os dois assistem às
aulas juntos.
Na casa da família Oliveira há duas
formaturas à vista, a de Martha, no próximo semestre, e a de Neto, no meio do
ano que vem. Mas a comemoração mais próxima, e bastante especial para a
família, é a do do Dia das Mães, no domingo (12).
DIAGNÓSTICO
Neto recebeu o diagnóstico de insuficiência renal
crônica em agosto de 2008. A notícia abalou toda a família, pois a mãe
biológica do garoto morreu em consequência do mesmo problema.
O diagnóstico saiu após muitas informações desencontradas. Na crise mais aguda de Neto, um médico chegou a dizer para o pai dele, Marcelo Anderson de Oliveira, que o filho estava de ressaca.
"Foi um dia muito traumático. Meu marido ficou muito bravo quando os
médicos do pronto-socorro falaram que ele estava de ressaca, porque ele não
bebe", descreve Martha.
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Martha e Neto sempre tiveram carinho de mãe e filho |
Segundo Neto, foi o próprio pai quem desconfiou do
problema. "Como a minha mãe biológica faleceu do mesmo problema, meu pai
reconheceu os sintomas e insistiu com o médico nefrologista para que fizesse os
exames", lembra o jovem.
No mesmo dia, saiu o resultado e
Neto precisou ser internado em uma UTI. "O nefrologista disse que se eu
voltasse para casa, ia entrar em coma uréico. Uma pessoa normal apresenta 50ml
de ureia por litro de sangue. O meu estava acima de 300", relata.
A preocupação de Martha nesse dia
ficou gravada na memória de Neto. "Eu lembro que estava lá passando mal e,
assim que saiu o resultado, ela chegou chorando e perguntou: 'Meu filho, o que
aconteceu?'", relata o jovem.
Martha explica a reação: "Os médicos falaram que o rim dele praticamente
havia secado e não tinha solução para o problema".
PRIVAÇÕES
A partir daí, o rapaz iniciou uma rotina de privações. Três vezes por semana,
ele passava quatro horas e meia na hemodiálise, procedimento que consiste em
remover as substâncias tóxicas do sangue como se fosse um rim artificial.
Produtor de um programa de
televisão, o jovem cursava a faculdade de jornalismo na época e, por causa da
hemodiálise, interrompeu os estudos. "Não tinha como trabalhar direito e
eu também não podia viajar", conta.
Durante quatro meses, Neto
enfrentou 49 sessões de hemodiálise. Nesse período, Martha parou de trabalhar
para de dedicar integralmente ao tratamento do filho.
A mãe sofria ao ver o sofrimento
do filho: "Eu não aceitava aquela situação. Passei a pesquisar na internet
e buscar uma solução para aquilo. Ele era muito novo, eu não conseguia
aceitar".
Ela tentou, logo de início, ser
doadora de um rim para enteado. Era a única da família a ter compatibilidade
sanguínea, por ser do tipo "O", considerado o doador universal. Os
dois, no entanto, tinham apenas 17% de compatibilidade de tecidos. "Os
médicos falavam que era muito arriscado, tanto para mim quanto para ele",
lembra.
Em uma das sessões de hemodiálise veio a esperança
que Martha tanto buscava. Um médico que a viu chorando e se interessou pela
história de Neto relatou casos de transplantes de sucesso, mesmo com baixa
compatibilidade de tecidos. Era o que ela precisava ouvir para se tornar a
doadora do órgão que o filho precisava.
"Eu pedi a ele que se
tornasse do médico da nossa família e me passasse os pedidos de exame",
conta Martha. Para doar o rim ao enteado, precisava engordar 22 kg, e ela não
hesitou e, em pouco tempo, ganhou o peso necessário.
CIRURGIA
Com tudo preparado, a data da cirurgia foi marcada para o dia 9 de dezembro de
2008. Neto conta que, ao se internar para a operação, ficou na enfermaria, sem
acompanhantes. "Bateu um desespero, uma vontade de ir embora. Eu queria
fugir dalí", lembra. Mas ao ligar para a família, acabou ficando mais
tranquilo.
Questionada se sentiu medo, Martha responde com firmeza: "Não tive esse
tipo de pensamento".
Para a felicidade da família, a
cirurgia correu bem. "O médico diz que quando ligou o primeiro músculo, o
rim dele começou a bater, parecia até um coração", lembra Martha. Ao
acordar, após a retirada do próprio rim, a primeira coisa que ela fez foi
perguntar pelo filho. Ela mal podia andar, mas foi até o quarto onde ele estava
visitá-lo.
Hoje, quatro anos após o transplante, o jovem e a segunda mãe levam uma vida
praticamente normal."Eu apenas comecei a ter uma alergias. Também não
posso pegar peso. No mais, como e bebo o que quero", garante Martha.
Neto conta que sua rotina segue
tranquila: "Apenas tomo os remédios diariamente". A mãe, no entanto,
ressalta que ele não pode ingerir bebida alcoólica nem comer carne crua.
"Duas coisas que ele não gosta. Acho que não fez diferença", ameniza.
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Neto com o pai Marcelo Anderson e a madrasta Martha |
Fonte: G1
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