Dados regionais fazem parte do Índice Nacional de Acesso à Justiça
(Inaj). Indicador foi criado pelo Ministério da Justiça em parceria com
instituições.
A população do Maranhão tem o
pior acesso à Justiça no país e a do Distrito Federal (DF), o melhor, apontou o
Índice Nacional de Acesso à Justiça (Inaj), disponível no portal do Atlas do
Acesso à Justiça, lançado nesta segunda-feira (16).
O estudo foi elaborado pelo Ministério da Justiça em
parceria com universidades, instituições públicas e entidades. Um banco de
dados administrado pelo Executivo federal consolida em uma mesma ferramenta informações
como número de profissionais e de unidades da Justiça – entre as quais
Defensoria Pública, Ministério Público, Procons e instâncias do Judiciário –
para quantificar o grau de dificuldade que a população enfrenta ao tentar usar
serviços públicos judiciais.
O portal do Atlas do Acesso à
Justiça também traz informações sobre os serviços extrajudiciais, como
cartórios, delegacias e Procons, e utiliza dados sobre o total da população e o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada localidade.
Na versão que considera
equipamentos judiciais e extrajudiciais, o Maranhão tem o pior índice entre as
27 unidades da federação. O estado da Região Nordeste somou apenas 0,06. Na
sequência, aparece o Pará, com 0,07, e Amazonas, com 0,08.
O melhor índice de acesso à
Justiça está no Distrito Federal, com 0,41. A capital federal é seguida nas
primeiras posições do ranking por Rio de Janeiro (0,31) e São Paulo (0,25). Na
média nacional, o Brasil registra índice de 0,16 – 12 unidades da federação têm
indicadores superiores à média nacional.
O governo afirma que o
indicador é uma "proposta inicial" que ainda será melhorada com a
ajuda da "comunidade científica" e dos órgãos do Sistema de Justiça.
A partir do ano que vem, serão realizados debates para melhoria das fórmulas
que compõem os indicadores.
DESIGUALDADE - Segundo o secretário de Reforma do Judiciário,
Flávio Caetano, responsável por apresentar o portal em evento na tarde desta
segunda-feira no Ministério da Justiça, o governo federal tem o papel de ajudar
no acesso aos serviços de Justiça.
O secretário avaliou que os
dados do indicador mostram que há desigualdade em relação ao atendimento no
Norte e Nordeste em comparação com o Sudeste e Centro-Oeste.
"Ainda temos muita
dificuldade de que direitos sejam garantidos pela Justiça. O sistema está
congestionado, com mais de 90 milhões de processos. E, por incrível que pareça,
ainda falta acesso à Justiça porque não temos uma rede nacional de atendimento
ao nosso país", disse Flávio Caetano.
O secretário disse que, a
partir de 2014, será ampliada a base de informações de locais de atendimento e
passará a apresentar também as faculdades de direito.
Ao final do evento, o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, destacou que o portal ajuda a
consolidar os direitos previstos na Constituição.
"Efetivamente, nós temos
um instrumental que permitirá a juizes, membros do Ministério Público e
operadores do direito, participar mais ativamente dessa construção. É nossa
missão fazer com que a Constituição de 1988, o estado de direito, saia do mundo
das normas e entre no mundo dos fatos", afirmou Cardozo.
CRITÉRIOS - Segundo o coordenador-geral de Modernização da
Administração da Justiça do ministério, Washington Leonardo Guanaes Bonini, não
há uma escala para o indicador (de 0 a 1, por exemplo). Todas as informações
que compõem o índice são consideradas e aplicadas em fórmulas, que geram um
número para cada unidade da federação.
Com isso, segundo Bononi, é
possível verificar quem está melhor e quem está pior e obter uma média
nacional. Mas não se sabe qual seria o nível ideal para cada unidade da
federação ou para todo o país.
A expectativa, segundo
Bonini, é que haja um parâmetro para as próximas edições do indicador. O modelo
final do Inaj será discutido a partir do ano que vem. O índice deverá ser
divulgado anualmente.
"Temos dados sobre
operadores do direito e unidades de atendimento. Mas isso não diz tudo.
Queremos analisar o serviços e as formas de prestação do serviço. Se há ou não
atendimento telefônico, por exemplo", explicou o coordenador.
Conforme Bonini, o Distrito
Federal, unidade da federação com melhor desempenho, traz uma
"distorção" ao índice porque concentra os órgãos de poder da Justiça.
"É natural que haja mais equipamentos, mais advogados", citou.
'MAPA DA
JUSTIÇA' - Além dos dados sobre
acesso aos serviços judiciais, o atlas divulgado nesta segunda pelo governo
federal traz ainda o "Mapa da Justiça". A ferramenta virtual indica
quais serviços na área da Justiça estão à disposição em todas as regiões do
Brasil e mostra também endereços, telefone e sites para auxiliar os cidadãos.
O portal mostra, por exemplo,
o número de magistrados, defensores públicos, promotores, procuradores e
advogados do país. A ferramenta revela ainda o número regionalizado desses
profissionais a cada 100 mil habitantes, assim como a estrutura desses órgãos
em todas as unidades da federação.
Outro serviço disponibilizado
pelo Atlas é a seção "ABC dos seus Direitos", que explica como
funciona a Justiça, apresenta os direitos dos cidadãos – considerando todas as
leis e códigos – e traz um glossário de termos jurídicos.
O portal Atlas do Acesso à
Justiça foi produzido pelo Ministério da Justiça em parceria, entre outros, com
a Universidade de Brasília (UnB), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB). De acordo com o governo federal, "trata-se do maior banco de dados
sobre a Justiça do Brasil".
Conforme o governo, o
material mostra que não somente os tribunais, mas também outros equipamentos,
como cartórios e delegacias, são essenciais para a melhoria do serviço prestado
ao cidadão.
"A justiça se realiza
não apenas nos tribunais, mas com o apoio de inúmeras instituições essenciais à
Justiça – Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia – e
iniciativas extrajudiciais, como núcleos de Justiça Comunitária, delegacias de
polícia, Procons, cartórios, entre outros", destacaram os organizadores do
Atlas na justificativa do projeto.
Fonte: G1
ÍNDICE DE ACESSO À JUSTIÇA *
| |
---|---|
Distrito Federal
|
0,41
|
Rio de Janeiro
|
0,31
|
São Paulo
|
0,25
|
Rio Grande do Sul
|
0,24
|
Santa Catarina
|
0,20
|
Mato Grosso do Sul
|
0,19
|
Paraná
|
0,19
|
Minas Gerais
|
0,19
|
Tocantins
|
0,18
|
Goiás
|
0,17
|
Mato Grosso
|
0,17
|
Espírito Santo
|
0,17
|
Acre
|
0,15
|
Amapá
|
0,15
|
Rondônia
|
0,13
|
Paraíba
|
0,12
|
Roraima
|
0,12
|
Rio Grande do Norte
|
0,12
|
Piauí
|
0,11
|
Sergipe
|
0,11
|
Pernambuco
|
0,10
|
Bahia
|
0,09
|
Alagoas
|
0,09
|
Ceará
|
0,09
|
Amazonas
|
0,08
|
Pará
|
0,07
|
Maranhão
|
0,06
|
Brasil (média de todas as unidades da federação)
|
0,16
|
(*) Ranking elaborado considerando-se equipamentos judiciais e extrajudiciais
| |
Fonte: Ministério da Justiça
|
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