Depois de 51
anos de embargo comercial e relações cortadas, presidentes dos Estados Unidos e
de Cuba se encontram e apertam as mãos pela primeira vez; simbolismo do gesto,
durante as cerimônias fúnebres de Nelson Mandela, significa a compreensão entre
contrários; lutador e pacificador, líder sul-africano foi grande admirador da
revolução cubana sem nutrir ódio pelos americanos; novo momento na relação
entre os dois países pode ter sido iniciado no cumprimento entre Barack Obama e
Raúl Castro
Após
mais de meio século de relações cortadas e embargo comercial, iniciado em 1962,
o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cumprimentou nesta terça-feira o
presidente de Cuba, Raúl Castro, durante cerimônia em homenagem ao pacificador
Nelson Mandela, no estádio Soccer City, em Johanesburgo, África do Sul.
Desde
então, os dois chefes de Estado só tinham se encontrado na Assembleia-Geral da
ONU, onde não têm o hábito de se cumprimentar. O simbolismo do gesto,
presenciado pela presidente Dilma Rousseff, significa a compreensão entre
contrários. O lutador e líder sul-africano foi grande admirador da revolução
cubana, sem nutrir ódio pelos norte-americanos.
O
novo momento na relação entre os dois países pode ter sido iniciado no
cumprimento entre Barack Obama e Raúl Castro e sob a bênção de Nelson Mandela.
Hoje, Obama, primeiro presidente negro dos EUA, foi ovacionado pelos
sul-africanos ao se levantar para discursar, assim como Raúl Castro, cujo
irmão, Fidel, foi grande amigo de Mandela.
No
início dos anos 1970, Cuba, sob o comando de Fidel Castro, enviou soldados e
tanques para apoiar o exército de Angola na luta contra rebeldes. A revolução
angolana venceu e, da prisão, Mandela escreveu carta registrando que, a partir
daquele momento, a luta na África do Sul havia obtido as condições para ser
vitoriosa.
Leia
abaixo reportagem da Reuters:
Obama e Raúl Castro trocam
aperto de mãos no funeral de Mandela
Por Stella Mapenzauswa e David Dolan
JOHANESBURGO,
10 Dez (Reuters) - Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba,
Raúl Castro, trocaram um aperto de mãos nesta terça-feira durante a cerimônia
póstuma em homenagem ao líder sul-africano Nelson Mandela, deixando de lado por
alguns instantes um conflito que dura mais de meio século.
Seguindo
o legado de conciliação deixado por Mandela, Raúl sorriu ao receber o
cumprimento de Obama a caminho do palanque, onde o presidente norte-americano
fez um inflamado discurso homenageando o primeiro presidente negro da África do
Sul, que morreu na quinta-feira, aos 95 anos.
Dançando
e cantando, dezenas de milhares de pessoas suportaram uma chuva torrencial de
várias horas no estádio Soccer City, em Johanesburgo, enquanto cerca de 90
dignitários mundiais lotavam o palanque.
A
multidão vibrou quando Obama assumiu seu assento, num forte contraste com a
vaia destinada ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, um líder marcado por
escândalos, cuja fraqueza ficou ainda mais visível nesta semana de comparações
com Mandela.
O
polêmico líder do vizinho Zimbábue, Robert Mugabe, também foi muito aplaudido.
A
presidente Dilma Rousseff, um dos seis chefes de Estado escolhidos para
discursar na cerimônia, disse que a luta de Mandela pela liberdade e justiça
transcendeu as fronteiras da África do Sul e inspirou a luta no Brasil e na
América do Sul.
Em
sua fala, Obama recriminou líderes que se apressaram em demonstrar
solidariedade com a luta de Mandela contra a opressão e a injustiça, ao mesmo
tempo em que não permitiam liberdades nos seus próprios países.
"Há
muitos de nós que abraçamos alegremente o legado de reconciliação racial
deixado por Madiba (nome de Mandela por seu clã), mas resistem apaixonadamente
até mesmo a reformas modestas que desafiassem a pobreza crônica e a crescente
desigualdade", afirmou.
"Há
muitos líderes mundiais que declaram solidariedade à luta de Madiba pela
liberdade, mas não toleram a dissidência da seu próprio povo", acrescentou
Obama, que, assim como Mandela, também é o primeiro negro a governar seu país.
As
relações entre Cuba e os Estados Unidos estão congeladas desde logo depois da
Revolução de 1959, liderada por Fidel Castro, irmão de Raúl. Há mais de meio
século Washington mantém um bloqueio econômico ao regime comunista de Havana.
Fonte: Brasil 247
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