Desempenho em matemática no Pisa subiu de 356 para 391 (2003 a 2012). Ainda
assim, país ficou em 58º lugar entre 65 países que fizeram a prova.
O Brasil foi o país com maior
avanço no desempenho de alunos de 15 anos em matemática entre 2003 e 2012,
segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na
sigla em inglês) divulgados nesta terça-feira (3) (veja o ranking). Essa avaliação é aplicada a cada três anos com
estudantes de 15 anos – perto de concluírem o ciclo básico de ensino – para
analisar até que ponto os alunos aprenderam conceitos e habilidades
consideradas "essenciais para a completa participação em sociedades
modernas", segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE).
O ministro Aloizo Mercadante
afirmou em entrevista coletiva nesta manhã que os números representam uma
'grande vitória' para a educação no Brasil.
Ao todo, a comparação entre
2003 e 2012 inclui 60 países que participaram da prova nos dois anos. Nesse
período, a média de desempenho dos estudantes brasileiros saltou de 356 para
391, um aumento de 35 pontos. No ranking de matemática, porém, o país ocupa a
58ª posição entre os 65 países participantes da última edição, duas posições a
menos que em 2009, e mais de 100 pontos abaixo da média dos países da OCDE,
que foi de 494 pontos.
Em matemática, o Brasil ficou
atrás de países latino-americanos como Chile, México, Uruguai e Costa Rica e à
frente de Argentina, Colômbia e Peru. Os outros países piores que o Brasil são
Tunísia, Jordânia, Qatar e Indonésia.
"Nossa fotografia não é
boa, mas o nosso filme é muito bom. (...) Não temos que acomodar, temos que ser
rigorosos, tomando medidas cada vez mais rigorosas para avançarmos. (...)
Partimos de patamar baixo, apesar de sermos o país que mais evoluiu, temos que
ser rigorosos, se não nós não estaríamos tomando mais medidas para tentar
melhorar o ensino médio, que é o maior desafio do ensino", disse
Mercadante.
Os melhores desempenhos do
Pisa em matemática foram da China (Xangai), Cingapura, Hong Kong, Taiwan,
Coreia do Sul, Macau e Japão. A China (Xangai) também teve os melhores índices
em leitura e ciências.
As provas do Pisa duram até
duas horas e as questões podem ser de múltipla escolha ou dissertativas. Em
alguns países, incluindo o Brasil, uma amostra dos estudantes também fez provas
em computadores. O exame foi aplicado a uma amostra de alunos matriculados na
rede pública ou privada de ensino a partir do 7° ano do ensino fundamental.
Além de responderem às questões, os jovens preencheram um questionário com
detalhes sobre sua vida na escola, em família e suas experiências de
aprendizagem.
Em 2012, o Pisa foi aplicado
a 510 mil alunos em 60 países que, segundo a OCDE, representam estatisticamente
cerca de 28 milhões de estudantes de 15 anos. No Brasil, 19.877 alunos de 837
escolas completaram o exame, segundo o estudo.
As questões avaliam três
áreas do conhecimento: matemática, leitura e ciências. Este ano, o foco da
avaliação foi matemática. A média aritmética de desempenho nessas três áreas em
2012 foi de 402, um ponto acima da média alcançada em 2009.
Veja abaixo o
desempenho do Brasil nas últimas cinco edições do programa internacional:
A EVOLUÇÃO DO BRASIL NO PISA (pontuação e posição no ranking mundial)
| |||||
---|---|---|---|---|---|
Brasil
|
Pisa 2000
|
Pisa 2003
|
Pisa 2006
|
Pisa 2009
|
Pisa 2012
|
Matemática
|
334
|
356
|
370
|
386 (57ª)
|
391 (58ª)
|
Leitura
|
396
|
403
|
393
|
412 (53ª)
|
410 (55ª)
|
Ciências
|
375
|
390
|
390
|
405 (53ª)
|
405 (59ª)
|
Média geral
|
368
|
383
|
384
|
401
|
402
|
Fonte: OCDE e Inep/MEC
(veja o ranking completo) |
No relatório elaborado
especificamente com os resultados brasileiros, a OCDE destacou a evolução do
país em matemática entre 2003 e 2012, em leitura entre 2000 e 2012 e em
ciências entre 2006 e 2012.
"Levando em conta que
nós somos um dos países que mais avançou em matemática e o país que mais
avançou na média, é uma grande vitória. (...) E acho que avançou pelo esforço
do estado brasileiro, pela dedicação dos professores, que condições adversas
ensinando nossos estudantes, e pelo próprio empenho dos estudantes",
afirmou o ministro, em entrevista coletiva.
MATEMÁTICA - Apesar da melhoria acelerada no desempenho dos
estudantes brasileiros em matemática nesse período, 67,1% dos alunos do país
ainda estão abaixo da linha básica de proficiência, segundo o Pisa 2012. Isso
quer dizer que dois terços dos alunos são capazes apenas de extrair informações
relevantes de uma única fonte e usar algoritmos, fórmulas, procedimentos e
convenções básicas para resolver problemas envolvendo números inteiros.
A OCDE aponta que essa
porcentagem está acima da média dos países-membros da entidade, mas que caiu em
relação ao patamar de dez anos atrás, quando 75,2% dos alunos brasileiros
estavam nessa situação. Ainda de acordo com a avaliação, os alunos do país têm
mais dificuldades em lidar com conteúdos ligados à álgebra e ao estudo de
funções matemáticas.
LEITURA E
CIÊNCIAS - A cada edição do Pisa, uma
das três áreas do conhecimento recebe enfoque especial, mas as outras duas
também são incluídas entre as questões aplicadas. Tanto em leitura como em
ciências, o Brasil está abaixo da média da OCDE. Em leitura, o crescimento dos
estudantes do país foi de 396 em 2000 e de 410 pontos em 2010 – a média da OCDE
é 496. Segundo os dados, porém, nas últimas cinco edições do Pisa o Brasil tem
tido altos e baixos em leitura: em 2009, o desempenho foi de 412 pontos, mas
recuou para 410 três anos depois.
Pelos dados do último Pisa,
49,2% dos estudantes brasileiros sabem apenas o básico em leitura, como
reconhecer o tema principal ou o objetivo do autor de textos sobre temas
familiares a ele, e fazer uma conexão simples entre as informações em um texto
e o conhecimento do cotidiano. Esse é o nível 2 de conhecimento no espectro da
avaliação, considerado "abaixo da linha de base da proficiência".
Apenas um em cada 200 alunos alcançou proficiência de nível 5 e consegue, por
exemplo, compreender textos com formato e conteúdo que eles não conhecem, ou
analisar textos em detalhes.
Já em ciências, o desempenho
do país em 2012 foi o mesmo de 2009: 405 pontos, quase 100 pontos abaixo da
média dos países da OCDE, que é de 501. Entre 2003 e 2006, o Brasil havia
estagnado em 390 pontos. Na última edição, 61% dos estudantes estavam no
patamar considerado de "baixo desempenho", demonstrando capacidade de
apresentar apenas explicações científicas óbvias e seguir somente evidências
explícitas. Só 0,3% dos alunos conseguiram demonstrar alto desempenho na área,
incluindo habilidades como "identificar, explicar e aplicar conhecimento
científico em uma variedade de situações complexas de vida".
Fonte: G1
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