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Arlindo Chinaglia |
O líder do governo na
Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirma que dos cerca de 400 deputados
filiados a partidos governistas, apenas cerca de 150 podem ser contados com
realmente fiéis ao Palácio do Planalto.
Nesse cálculo, estão
apenas os congressistas de quatro partidos que têm uma "identidade
ideológica, politica, com o governo", declarou Chinaglia em entrevista ao "Poder e Política", programa
da Folha e do UOL.
Para ele, essas legendas
são "de esquerda e centro-esquerda": PT, PSB, PDT e PC do B. A
identificação das agremiações com a administração da presidente Dilma Rousseff
se dá "do ponto de vista histórico, do ponto de vista de enfrentamento nas
lutas sociais".
Os quatro partidos apontados
por Chinaglia têm, juntos, 154 deputados. Somadas outras seis siglas que
apoiaram a eleição de Dilma em 2010 e duas que se alinharam ao governo depois,
o bloco chega a 401 cadeiras na Câmara.
A maioria vota com o
governo, mas nem sempre. Um levantamento feito pela Folha no fim de 2011,
primeiro ano do mandato de Dilma, indicou uma taxa de fidelidade de 87% na
bancada governista, inferior à alcançada por seus antecessores no cargo.
O PMDB, principal aliado
do Planalto, não é colocado no núcleo duro de apoio. O PMDB "ajuda" e
"atrapalha às vezes, como qualquer partido da base", afirma
Chinaglia.
Apesar de sua ampla
maioria formal no Congresso, o governo Dilma sempre enfrentou dificuldades para
vencer algumas disputas relevantes. Entre outras, coletou derrotas nas votações
do Código Florestal e na lei sobre os royalties do petróleo.
Mesmo quando há uma
vitória, ocorre desgaste. Foi o caso da votação em maio da medida provisória
que trazia novas regras para modernizar os portos do país.
Chinaglia enxerga dois
motivos que dificultam a articulação política do Planalto. Primeiro, o tamanho
diminuto do chamado núcleo duro de apoio (os 150 deputados fiéis). Em segundo
lugar, diz ele, a atuação de alguns ministros prejudica na hora de negociar com
congressistas sobre uma medida provisória ou projeto de lei.
"Eu tenho
experiência de líder de governo também da época do presidente Lula. Muitas
vezes eu fazia a reunião na Liderança do governo. Agora, há uma resistência.
Não quero dar nome de um ou outro ministério. Mas eu já falei para a presidenta
Dilma. Ela já deu essa ordem [para que os ministros se relacionem mais com os
congressistas]".
Um ministro que em geral
apresentava resistências a negociações mais diretas com o Congresso é o da
Fazenda, Guido Mantega. Mas Chinaglia o aponta também como exemplo, pois
estaria nos últimos dias mudando sua conduta. "Ontem [anteontem], o
ministro da Fazenda recebeu alguns líderes lá na sede do Ministério. Eu imagino
que seja consequência de uma ordem da presidente".
Apesar de ser o
representante do Palácio do Planalto no Congresso, Chinaglia revela não ter uma
rotina de reuniões regulares com Dilma Rousseff.
"Eu evito porque a
presidente da República tem tantas e tamanhas responsabilidades que eu não devo
levar as questões operacionais. Não quero incomodá-la. Não é autossuficiência,
mas acho que é um método", afirma o líder do governo.
Na entrevista à Folha e ao UOL, Chinaglia disse também que o projeto de lei recém-aprovado
pela Câmara sobre criação de novas cidades terá de ser alterado. "Eu
espero que sejam corrigidas no Senado as questões de terra pública",
afirma.
Se não atender aos
requisitos que o governo considera razoáveis, a presidente pode vetar a lei das
novas cidades? "Ah, pode. Pode e veta. Eu evito falar isso em plenário
porque, se não, fica uma ameaça".
A proposta de emenda
constitucional que institui o chamado "orçamento impositivo"
(liberação automática e compulsória de dinheiro de emendas ao orçamento feitas
por congressistas) é uma "avalanche", na avaliação de Chinaglia.
"Tem ampla maioria na Câmara para aprovar". Para o líder do governo,
"está praticamente perdida essa batalha na Câmara", mas sua esperança
e a fase seguinte de tramitação: "Pode ser que no Senado isso não
passe".
Sobre as diferenças de
atuação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual ocupante do
Planalto, Chinaglia faz a seguinte observação: "Talvez ele [Lula]
dedicasse maior tempo nesse contato com lideranças dos movimentos sociais, com
lideranças políticas. E ela [Dilma] talvez dedique menor tempo a esse tipo de
ação. É isso".
Fonte: Folha on-line
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