![]() |
O pastor Marcos nega as acusações |
Pelo menos outras 20
mulheres podem ter sido vítimas de estupros cometidos pelo pastor Marcos
Pereira da Silva, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Marcos foi preso
preventivamente na terça-feira à noite, inicialmente investigado por seis
estupros. Mas, de acordo com o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de
Combate às Drogas (Dcod), nos 30 depoimentos colhidos durante um ano de
investigações dos crimes supostamente cometidos pelo pastor, são citados ainda
os nomes dessas 20 mulheres que também teriam sofrido abusos. O delegado já
encaminhou para a Justiça cinco dos seis inquéritos que apuram os crimes, dos quais
dois já resultaram em processos com mandados de prisão preventiva contra
Marcos. O pastor foi encaminhado para um presídio no Complexo de Bangu.
— Ele se aproveitava de pessoas pobres que achavam
estar precisando de acompanhamento espiritual. Ele fazia com que elas
acreditassem que estavam possuídas e que só tendo relações sexuais com uma
pessoa ‘santa’ ficariam curadas. Uma das vítimas foi abusada dos 14 aos 22
anos. A maioria dos fatos acontecia dentro de uma igreja em São João de Meriti
— disse o delegado.
Segundo Mendonça, Marcos ainda é investigado por
associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e homicídio. Um apartamento no
nome da igreja, avaliado em R$ 8 milhões na Avenida Atlântica, em Copacabana,
na Zona Sul do Rio, também teria sido usado para realização de orgias
comandadas por Marcos Pereira. A maior parte das vítimas dos encontros seria
fiéis da igreja, chamadas até o local para a realização de cultos, em que
Marcos Pereira, com ações violentas, obrigava as mulheres a fazerem sexo com ele
e com outros homens da igreja. Também haveria sexo de mulheres com mulheres e
homens com homens.
— Temos a informação de que aconteciam orgias com o
pastor praticando sexo com pessoas do mesmo sexo, assim como mulheres com
mulheres. Menores também seriam vítimas — afirmou.
Na manhã desta quarta-feira, o pastor foi
transferido da Dcod, no bairro do Andaraí, na Zona Norte do Rio, às 8h40m. O
pastor seguiria para o Instituto Médio-Legal (IML), onde faria exame de corpo
de delito, e, de lá, deveria seguir para a penitenciária Bangu 2, no Complexo
de Gericinó. Na saída da Dcod, o pastor recebeu mensagens de um grupo de fiéis
que passaram a noite fazendo uma vigília em frente à delegacia. “Pastor,
estamos do seu lado”, disse uma fiel. O pastor não quis comentar a prisão.
Ele foi preso com dois mandados de prisão
preventiva na Rodovia Presidente Dutra, em São João de Meriti, Baixada
Fluminense. Agentes do Dcod realizaram a prisão quando o pastor estava em seu
carro, um Passat branco, indo para o seu apartamento, na Avenida Atlântica, em
Copacabana. A investigação da participação de Marcos em envolvimento com
tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro foi baseada
em denúncias do coordenador do Afroreggae, José Júnior. Os mandados foram decretados
pelos juízes Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e
Ana Helena Mota Lima, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca, na última
quinta-feira.
Das seis vítimas, três teriam sido atacadas quando
eram menores de idade. Os crimes foram denunciados na Delegacia Especializada
de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti. Em um dos seis casos de
estupro, a vítima seria a sua própria ex-mulher, Ana Madureira da Silva, que
também revelou ter sofrido abuso sexual. Os dois ficaram casados até 1998.
Um dos homicídios pelo qual o pastor está sendo
acusado seria de uma jovem que descobriu as orgias e teria tentado fazer
denúncias. De acordo com o delegado da da Dcod, um sobrinho de Marcos Pereira
também está envolvido no assassinato.
SEGUIDO POR FIÉIS
Na sede da delegacia, o pastor Marcos Pereira não
quis falar com a imprensa. Porém, atendendo ao seu chamado, cerca de 30 dos
seus seguidores foram até o local, além de seis advogados. Entre os fiéis,
estava o ex-cantor de pagode Waguinho, que é missionário da Assembleia de Deus
dos Últimos Dias há nove anos. Ao sair da delegacia, Waguinho — que disputou a
prefeitura de Nova Iguaçu, nas eleições do ano passado — fez críticas à ação da
polícia e às denúncias de José Júnior.
— Ficamos surpresos com a forma em que foi feita a
prisão contra uma pessoa que comparece toda vez que é convocada para explicar
essas acusações. Foi uma ação, em via pública. São acusações antigas que não há
provas. Porém, todos nós aqui sabemos que existe uma guerra pública que foi declarada
há cerca de dois anos, pelo José Júnior. O Afroreggae faz as suas ações e gasta
milhões. O pastor Marcos Pereira faz o seu trabalho com o amor, sem receber
nenhum dinheiro por isso. Quero ver o José Júnior explicar isso — disse
Waguinho, defendendo Marcos Pereira. — Todos que convivem com o pastor sabem
que ele é uma pessoa que só faz o bem. O trabalho dele já tirou oito mil
pessoas das drogas. Na história, várias pessoas que fizeram o bem já sofreram
esse tipo de injustiça. Quem é do bem conhece quem é do bem.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário