Publicação
na página oficial do partido da presidente no Facebook que chama governador de
Pernambuco de 'tolo' e 'playboy' recebe dura resposta dos antigos aliados, para
quem os petistas agem na internet como uma 'seita fundamentalista'
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Dilma e Campos em solenidade do PAC, em 2012 |
Texto
publicado na terça-feira na página oficial do PT no Facebook no qual o governador
de Pernambuco, Eduardo Campos, é chamado de "tolo" por
não apoiar a reeleição de Dilma Rousseff causou uma forte reação do PSB ontem e
inaugurou a guerra virtual da corrida presidencial deste ano. Até o PSDB do
senador Aécio Neves, outro pré-candidato ao Palácio do Planalto, entrou na
discussão.
Líder do PSB na Câmara, o deputado Beto
Albuquerque (RS) afirmou em nota oficial que o PT, ao fazer os ataques ao
antigo aliado, age como uma "seita fundamentalista" - a nota foi
compartilhada na página oficial de Campos no Facebook. "Enquanto os cães
ladram, a nossa caravana passa. Foram ataques covardes, mas eu sou duro na
queda", afirmou o governador pernambucano em entrevista ontem.
Os tucanos pegaram
carona, dizendo que Campos, ao romper com Dilma, enfrenta a "face covarde
do ativismo petista".
ESTRATÉGIA
- O
ataque virtual a Campos faz parte da estratégia que a cúpula petista pretende
adotar na campanha: concentrar o debate público com Aécio a fim de polarizar
com o PSDB e criticar Campos nas redes sociais. A premissa é a seguinte: o
provável candidato tucano é mais fácil de ser batido num eventual 2.º turno,
portanto é com ele que Dilma tem de discutir publicamente; ao mesmo tempo, o
provável candidato do PSB, mais forte na avaliação do PT, precisa ser alvo de
críticas duras, mesmo que virtuais.
Responsável
por gerenciar as redes sociais do PT, o vice-presidente do partido, Alberto
Cantalice, aprovou, segundo colegas de legenda, o texto com ataques a Campos
antes de sua divulgação no Facebook. Cantalice admite que o artigo contra o
governador é "fruto da
insatisfação" com as críticas feitas
pelo governador de Pernambuco ao governo Dilma, mas diz não ter aprovado
previamente o material.
A ordem entre os
auxiliares diretos de Dilma, a partir da estratégia já definida, é não esticar
a polêmica pública e manter a política de boa vizinhança com Campos, de quem os
petistas esperam receber apoio em caso de um 2.º turno com Aécio.
'TEMPESTADE'
- Em
conversas reservadas, petistas cotados para integrar a coordenação da campanha
de Dilma à reeleição dizem que Campos está fazendo uma "tempestade em copo
d'água" com o texto divulgado na terça para tentar polarizar com o PT.
"Não temos de criar crise onde não tem", afirmou o deputado José
Guimarães (CE), líder do PT na Câmara.
Oficialmente, os
petistas dizem que o texto que chama Campos de "tolo", "playboy
mimado" e político "sem projeto" foi escrito pela equipe do
Facebook e "não representa a posição oficial do partido". "O
problema é a forma do texto que não é do PT nem foi assinado pelo PT. Mas acho
que não se deve dar o valor que está se dando", afirmou o secretário
nacional de Organização petista, Florisvaldo Souza.
Dilma orientou ministros
do PT a não entrarem nessa discussão, que, no diagnóstico do Planalto, só
interessa ao próprio governador. Antes de Campos entregar os dois ministérios
que o PSB controlava no governo Dilma (Portos e Integração Nacional), o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou convencê-lo a não lançar
candidatura agora e esperar a eleição de 2018, quando poderia ter o apoio
petista.
"Não faria isso
(divulgar o texto com ataques a Campos). Temos de ter uma posição respeitosa
com aliados e ex-aliados", avaliou o deputado Vicente Paulo da Silva (SP),
que assumirá a liderança do PT na Câmara em fevereiro. "Só acho que Campos
não teve paciência e pode estar cometendo um grave erro. Ele poderia, sim, ser
o nosso candidato em 2018."
"Eu fui o antídoto
contra esse vírus", contou o líder do PSB na Câmara. "Disse ao
governador que não se pode confiar no PT." Na nota divulgada ontem no site
do PSB, Albuquerque afirmou que a parcela hoje dominante no PT
"transformou-se numa seita fundamentalista que ataca qualquer um (...) que
discorde (...) da atual condução política e econômica do País e das velhas práticas
políticas que se assistem em Brasília". Para ele, fica evidente o
"desespero da direção do PT" diante da candidatura do PSB.
Fonte: Estadão
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