As peças foram produzidas pela agência Phocus, uma
das quatro empresas que atendem a conta do governo maranhense. Ela recebeu R$
10,1 milhões da Secretaria de Comunicação Social em 2013, segundo o Portal da
Transparência estadual.
Em meio a uma das piores crises de segurança do
país, o Maranhão lançou na primeira semana de janeiro uma campanha publicitária
nacional para atrair investimentos para o Estado e exaltar obras da gestão
Roseana Sarney (PMDB). Em
comerciais de um minuto, o governo diz que "grandes transformações
constroem um novo Maranhão" e que o Estado é motivo de
"orgulho". As peças estão sendo exibidas nos canais por assinatura
GNT, GloboNews e Sportv. Os anúncios destacam investimentos de R$ 3,8 bilhões
em infraestrutura para atrair indústrias ao Estado, além de obras nas áreas de
educação e de saúde.
A
estreia da campanha coincidiu com o período dos ataques a ônibus e delegacias
na região metropolitana de São Luís que resultaram na morte de uma menina de 6
anos no último dia 6. A ordem para os atentados, segundo o governo, partiu do
Complexo Penitenciário de Pedrinhas, onde 63 presos foram mortos desde 2013,
muitos deles decapitados, conforme revelou a
Folha.
Quando
falou sobre o assunto, no dia 9, Roseana disse que a violência havia aumentado
porque o Maranhão estaria mais rico. "É um Estado que está se
desenvolvendo, que está crescendo. E um dos problemas que está piorando a
segurança do nosso Estado é que nosso Estado está mais rico, mais populoso
também", afirmou a governadora na ocasião, no último dia 9, em sua primeira
entrevista sobre a onda crimes. Apesar da declaração, o Estado tem um dos
piores índices sociais do país.
'ESTRANHEZA
CONTRA O MARANHÃO' - O secretário de Comunicação Social do
Maranhão, Sérgio Macedo, disse que a campanha estava sendo planejada desde
outubro, antes da crise do sistema prisional, segundo ele.
A
própria Roseana, no entanto, já declarou que os problemas em Pedrinhas se
acirraram a partir de setembro –a Força Nacional de Segurança Pública chegou ao
Estado no mês seguinte. "Até setembro, Pedrinhas tinha 39 mortes. Em 2012,
tinha quatro mortes. Então, até setembro, 39 estava dentro do limite que se
esperava", disse a peemedebista, afirmando que as mortes no local
aumentaram no segundo semestre.
Macedo
afirmou ainda que o Estado está tentando "vender sua estrutura" para
atrair negócios. "Todo Estado faz isso, mas quando o Maranhão faz causa
essa estranheza toda. Vocês têm que se libertar dessa visão de que o Maranhão
nasceu para ser pobre", criticou. No segundo semestre de 2013, o governo
Roseana adotou o slogan "Você tem muitos motivos para se orgulhar do novo
Maranhão". Neste ano, ela tentará eleger como sucessor o secretário de
Infraestrutura, Luis Fernando Silva (PMDB), e pode ser candidata ao Senado.
O
titular da Comunicação afirmou que os comerciais atualmente no ar tiveram um
custo de produção estimado em R$ 300 mil, que não inclui a compra do espaço nos
três canais fechados. Esses valores, segundo o governo, serão apurados após o
término da veiculação, no final do mês. Uma segunda fase da campanha, com a
veiculação de novas inserções publicitárias, está em estudo.
As peças foram
produzidas pela agência Phocus, uma das quatro empresas que atendem a conta do
governo maranhense. Ela recebeu R$ 10,1 milhões da Secretaria de Comunicação
Social em 2013, segundo o Portal da Transparência estadual.
Em
dezembro passado, as quatro agências –Phocus, Canal Comunicação, VCR e AB
Propaganda e Marketing– venceram concorrência de R$ 32 milhões para continuar
atendendo a gestão Roseana. A lei orçamentária do Maranhão prevê R$ 42,5
milhões para divulgação das ações governamentais em 2014. O secretário, no
entanto, disse que a verba programada para publicidade institucional neste ano
é de R$ 22,5 milhões.
Fonte: Folha de S. Paulo
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