terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Exclusivo: Vale desiste de megaprojeto em Sergipe

Picuinha política causada pelo prefeito Ezequiel Leite, de Capela, cidade que possui 80% da carnalita (minério usado para produção do potássio) que a Vale deseja explorar, faz empresa desistir do programa, que investiria até R$ 4 bilhões em Sergipe; aliado do senador Eduardo Amorim (PSC), que disputará o governo do Estado, contra o governador Jackson Barreto (PMDB), Ezequiel Leite levou debate técnico para o campo político-eleitoral, o que afastou a Vale; empresa só instala seus negócios em cidades onde a população aceita pacificamente sua entrada; o governador convocou reunião de emergência para as 16h desta terça-feira com o empresariado local para buscar soluções para reverter decisão
E o pior aconteceu. A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, desistiu do Projeto Carnalita, iniciativa para exploração da carnalita, para produção de potássio, que investiria até R$ 4 bilhões em Sergipe. A informação foi repassada, com exclusividade, ao Sergipe 247. O projeto, de alcance nacional, reduziria, drasticamente, a dependência do Brasil do mercado de importação de fertilizantes. Mas, infelizmente, o provincianismo das disputas políticas locais provocou a desistência da empresa. A não-autorização, por parte do prefeito de Capela, Ezequiel Leite, para uso do subsolo da sua cidade, onde estão 80% das reservas do minério, levaram ao cancelamento do programa.
A diretoria da Vale se reuniu nesta segunda-feira (27) e resolveu não dar prosseguimento ao projeto, uma vez que é regra da empresa não entrar em conflito com a população onde a instalação de seus negócios será feita. Para a mineradora não interessa uma relação com um prefeito, como Ezequiel Leite, que desconsiderou todos os ganhos econômicos e sociais que a exploração da carnalita geraria para sua cidade, em nome de uma antipatia política ao atual governador Jackson Barreto (PMDB), que é adversário do seu líder e mentor político, o senador Eduardo Amorim (PSC), que disputará o governo neste ano. 
O governador Jackson Barreto, ao tomar conhecimento da posição da Vale, convocou uma reunião emergencial na tarde desta terça-feira (28) com lideranças do setor empresarial estadual para tentar encontrar caminhos para reverter a situação. Mas ele sabe que será difícil. A Vale reunirá seus acionistas em fevereiro para discutir os projetos que receberão prioridade da empresa neste ano. O Projeto Carnalita estava na pauta do encontro, mas os problemas gerados pela posição intransigente do prefeito de Capela devem retirá-lo do horizonte próximo de investimentos da empresa.
A alegação de Ezequiel Leite para não autorizar o uso do solo de Capela está no fato da fábrica de processamento do minério não ser construída na cidade - e sim no município vizinho, Japaratuba, que detém 20% das reservas da carnalita. A definição do local se deu por razões técnicas, como a própria empresa já informou em seus estudos. No entanto, o prefeito de Capela insiste na tese da pressão política, ao afirmar que a escolha por Japaratuba foi ação do governador Jackson Barreto para beneficiar seu aliado, o prefeito Hélio Sobral, de Japaratuba. No entanto, a escolha do local é anterior ao mandato de Sobral e se deu quando a cidade era gerida, inclusive, por uma aliada de Ezequiel, a esposa do deputado federal André Moura (PSC), Lara Moura. 
Outra alegação do prefeito de Capela é de que a cidade não receberia os impostos devidos pela exploração do minério, mas esta tese já foi desconstruída. A cidade ficaria com 100% dos royalties pagos por toda a carnalita retirada do seu subsolo e 73% do ISS (Imposto Sobre Serviço). Além disso, a geração de empregos, aos milhares, beneficiaria, diretamente, os jovens do município, fora a possibilidade de instalação de um campus da Universidade Federal de Sergipe na região e a dinamização do comércio local. 
Mesmo diante de todos esses argumentos e acuado pela falta de uma justificativa verdadeira, o prefeito de Capela prefere fazer uso dos meios de comunicação para divulgar uma nota em que tenta explicar sua posição por meio da mesma questão que o apequena: a disputa política. Enquanto isso, políticos a ele ligados permanecem no silêncio quase absoluto. O deputado federal André Moura, presidente do PSC, partido ao qual Ezequiel Leite é ligado, chegou a pedir bom-senso para os envolvidos na discussão. 
Mas o senador Eduardo Amorim, aquele que quer ser governador do Estado, pouco tratou do assunto. Em uma nota fria enviada ao Jornal da Cidade no último final de semana disse que a justiça deve ser feita em termos da definição dos repasses dos impostos tanto para Capela quanto para Japaratuba. Mas logo partiu para o ataque com viés eleitoreiro, acusando o governo do Estado de ser incapaz de solucionar o impasse sobre a instalação da fábrica de fertilizantes.
Aliado em âmbito nacional ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Eduardo Amorim, ao não colaborar para a liberação do solo de Capela para exploração da carnalita, desconsidera todo o esforço da própria presidente para fazer com que a Vale desse prioridade ao projeto. Preocupado com a próxima disputa eleitoral, na qual está lançando todas as suas fichas, o senador poderá impedir o Estado de receber um investimento nunca visto anteriormente. O prefeito de Capela também agindo dessa forma condena a cidade que administra a continuar sendo o "bolsão de pobreza" que ele tanto tem citado em suas justificativas nada convincentes.
Fonte: Brasil 247


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