domingo, 9 de fevereiro de 2014

Parte do PMDB da Câmara quer maior afastamento do governo

Deputados insatisfeitos com espaço na Esplanada ameaçam em votações. Bancada abriu mão de indicar novos ministros da Agricultura e Turismo.
O líder do PMDB, Eduardo Cunha, e o presidente da Câmara, Henrique Alves, em discussão sobre o Marco Civil da Internet, novembro de 2013
Após decidir não indicar os novos nomes para chefiar os ministérios da Agricultura e do Turismo, a bancada do PMDB na Câmara discute internamente a possibilidade de se afastar ainda mais do governo. Deputados reclamam da falta de espaço dada aos peemedebistas no governo federal e parte deles planeja discutir uma pauta própria no Congresso.
No último dia 5, a desistência em ocupar os ministérios saiu depois de o partido receber sinalização do Palácio do Planalto de que não seria agraciado no comando de mais uma pasta. A bancada também ficou incomodada com a recusa da presidente em indicar o senador Vital do Rêgo (PB) para o Ministério da Integração Nacional.

Com 75 deputados, a bancada do PMDB é a segunda maior da Câmara – atrás apenas da bancada do PT, com 88 parlamentares. Na próxima terça-feira (11), o grupo realiza novo encontro para avaliar o impacto político da decisão da última semana e discutir a pauta que o partido quer colocar no Congresso.
"Ou o governo muda de postura ou o partido não tem que estar dentro do governo. A minha proposta é devolver todos os cargos que o PMDB ocupa hoje, não só os de ministro. Sou a favor de uma postura independente nas votações no Congresso", disse o deputado Osmar Terra (RS), integrante da corrente do PMDB que faz mais oposição ao governo.
Ao anunciar a não indicação dos novos ministros, o líder do partido, deputado Eduardo Cunha (RJ), declarou na última quarta-feira que o apoio ao governo permaneceria, mas reconheceu o desejo contrário de ala mais radical no partido.
"Nossa posição nesse momento é estarmos apoiando o governo sem cargos [...]. Uma minoria que foi vencida queria uma decisão mais radical. Nós vamos continuar debatendo", declarou.

Para um dos vice-líderes do PMDB na Câmara, Danilo Forte (PE), a reunião de terça-feira servirá para o partido afirmar o interesse em pautas que contrariam o governo, principalmente, pelo impacto nos cofres públicos. 
"Tem a questão da lei da emancipação municipal [que permite a criação de municípios], que foi vetada e precisaremos analisar o veto em breve. E a proposta do piso salarial para os agentes de saúde", disse Forte.
Para Osmar Terra, a reunião de bancada poderá definir afastamento ainda maior em relação ao governo. "A decisão de quarta-feira foi um grito de alerta. O PMDB está dizendo que está insatisfeito com essa aliança. Se precisar avançar, vamos avançar na entrega de todos os cargos", declarou.

O deputado Darcísio Perondi (RS), também integrante da corrente de maior oposição ao governo, disse não acreditar na possibilidade do fim da aliança entre PT e PMDB, apesar das divergências nos estados para o lançamento de candidaturas próprias nas eleições deste ano. O parlamentar, no entanto, afirma que pode haver um "endurecimento" das reações do PMDB ao governo.
"Ruptura não vai acontecer, mas digo que pode haver endurecimento. Acho que o PMDB não sai do governo, mas existe uma crise que precisa ser gerenciada [...]. Se não houver avanços, a inconformidade da bancada vai crescer, o que compromete as alianças", declarou Perondi. Para o parlamentar, além de cargos no governo, o PMDB quer o reconhecimento de propostas defendidas pela sigla.
“Parece que as propostas do PMDB para o governo não são aceitas, e a bancada está assustada, sentida e com medo de ficar reduzida depois das eleições”, declarou.

Fonte: G1


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