O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, enviou ao STF nesta sexta-feira (7) sua manifestação
final sobre o processo do mensalão tucano de Minas Gerais. Na peça, pede aos
ministros da Suprema Corte que condenem o deputado federal Eduardo Azeredo
(PSDB-MG) a 22 anos de prisão por lavagem de dinheiro e peculato (desvio de
dinheiro público).
A encrenca do tucanato veio à luz no mesmo
inquérito policial que enroscou o PT e seus aliados, em 2005. São inúmeras as
coincidências entre os dois casos. Os mesmos personagens –Marcos Valério e seus
sócios— a mesma instituição financeira –Banco Rural— e os mesmos métodos
–empréstimos fictícios urdidos para dar aparência legal a verbas desviadas de
cofres públicos.
Conforme já noticiado aqui em outubro do ano passado, o STF deve aplicar ao
caso tucano a mesma severidade com que julgou os envolvidos no escândalo
petista. Atual relator do processo, o ministro Luis Roberto Barroso tem pressa
para submetê-lo ao plenário. Com a colaboração dos deuses dos tribunais, o PSDB
será cobrado agora, em pleno ano eleitoral, pelo crime da omissão.
Quando o escândalo veio à tona, Azeredo era
senador. Presidia o PSDB federal. Recebeu dos correligionários afagos,
solidariedade e proteção. O tucanato estava tão ocupado em livrar o país dos
mensaleiros petistas que nem teve tempo de higienizar o próprio umbigo. Os
indícios eram eloquentes. As desculpas, tão esfarrapadas quanto as do PT: foi
apenas caixa dois e Azeredo não sabia.
Parafraseando Dostoievski —se Deus não existe tudo
é permitido—, que foi parafraseado por Nelson Rodrigues —se Vinicius de Moraes
existe tudo é permitido—, pode-se dizer: se o olimpo do PSDB convive com a
suspeição por 14 anos sem tomar nenhuma providência, nem mesmo uma cara de
nojo, é porque considera tudo explicitamente permitido, inclusive a hipocrisia.
Fonte: Josias de Souza
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