Presidente do Supremo,
Joaquim Barbosa encaminhou a ordem de prisão para a Polícia Federal; deputado
petista deverá se entregar nas próximas horas
ESPERA – O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado pelo STF no processo do mensalão, monta acampamento no estacionamento da Corte |
Depois de trinta dias
de espera, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa,
assinou nesta terça-feira a ordem de prisão contra o deputado
federal João Paulo Cunha (PT-SP). A defesa do petista afirmou que ele
deverá se entregar nas próximas horas à Polícia Federal em Brasília. Na
sequência, deverá ser levado para o Complexo Penitenciário da Papuda, no
Distrito Federal, onde dividirá cela com outros mensaleiros que já começaram
a cumprir pena, como os colegas de partido José Dirceu e Delúbio Soares.
Condenado no julgamento do mensalão a nove anos e
quatro meses de detenção, o parlamentar começará a cumprir,
inicialmente, seis anos e quatro meses de pena em regime
semiaberto porque ainda recorre da condenação pelo crime de lavagem de
dinheiro. Como está reticente em renunciar ao mandato, João Paulo
poderá repetir o impasse de Natan Donadon (RO) no Legislativo brasileiro– o
país agora passaria a ter dois deputados atrás das grades.
A decisão para a prisão do deputado havia sido
tomada por Barbosa no dia 2 de janeiro, mas só foi divulgada quatro dias
depois. Porém, Barbosa saiu em férias sem concluir a documentação
necessária para a prisão. Na sequência, os dois ministros que assumiram
interinamente o comando do STF, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, não
quiseram despachar o mandado de prisão.
Na véspera de ser preso, João Paulo promoveu um ato político:
almoçou com petistas e filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) em
um acampamento em frente ao Supremo, braço sindical do PT. O
petista afirmou que pretende apresentar pedido de revisão criminal,
além de recorrer a organismos internacionais contra sua condenação. Na
noite desta terça-feira, ele havia programado mais um
ato: distribuiria uma revista atacando o julgamento da Corte.
Paralelamente, o vice-presidente da Câmara dos
Deputados, André Vargas (PT-PR), número dois na hierarquia da Casa, provocou
Barbosa nesta segunda, durante a abertura do ano legislativo. Sentado ao lado
do presidente da Corte, o petista repetiu duas vezes no plenário o gesto dos mensaleiros José
Dirceu e José Genoino quando se entregaram à polícia – braço erguido, com punho
cerrado. Vargas também foi flagrado sugerindo em mensagem pelo celular que um
colega acertasse uma cotovelada em Barbosa.
João Paulo é o 21º condenado que começou a cumprir pena pelo
julgamento do mensalão – o ex-dirigente do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato teve a prisão decretada, mas está foragido.
CONDENAÇÃO – Presidente da Câmara na época do escândalo do
mensalão, João Paulo foi condenado pelos crimes de lavagem de dinheiro,
peculato e corrupção passiva. Conforme denúncia do Ministério Público, entre
outras irregularidades, ele recebeu 50.000 reais do publicitário Marcos
Valério para favorecer a agência de publicidade SMP&B em um contrato com a
Câmara. Para a acusação, o dinheiro era propina, o que o deputado nega.
Inicialmente, ele afirmou que o PT enviou recursos para que fosse paga uma
fatura de TV a cabo. Em seguida, mudou a versão e disse que o dinheiro era para
realizar pesquisas pré-eleitorais na região de Osasco (SP), sua base eleitoral.
Fonte: Veja
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