segunda-feira, 22 de abril de 2013

Em 21 de abril de 1985 o maranhense José Sarney era efetivado presidente do Brasil


Brasil e desta forma garantiu o retorno do processo democrático na política brasileira

José Sarney, ao lado de parlamentares, entre eles Ulisses Guimarães 
(2º d), durante cerimônia de posse como Presidente da República

“Ninguém governa o tempo que governa. Há tempos medíocres em que se administra apenas o cotidiano. Há tempos de desordem em que se busca a ordem. Há tempos de fartura e há tempos de escassez. Poucas vezes temos que administrar e conviver com a História ao mesmo tempo. Governei quando as decisões eram escolhas de rumos e mudanças”, senador José Sarney (PMDB) relembrando o início de seu governo a frente da presidência do Brasil, mediante a morte de Tancredo Neves, na época eleito presidente de forma indireta, e a transição democrática após 21 anos de Ditadura Militar.

Vinte e oito anos atrás a democracia no Brasil era restabelecida, esta situação foi consolidada através de um dos mais ilustres maranhenses, o qual era efetivado no cargo presidente do Brasil num momento delicado de transição de um regime de exceção a que os militares haviam submetido o país desde março de 1964, para um processo de redemocratização que ainda se conduzia no país. O conciliador Tancredo Neves, eleito de forma indireta, mas com grande apelo popular, seria o protagonista das mudanças desejada pelos brasileiros desde as campanhas pelas “Diretas”, onde se lutava pelo retorno as eleições democráticas e diretas para a presidência, além da liberdade de imprensa.

Doente e adiando para depois da posse uma cirurgia no intestino, Tancredo dizia que só aceitava ser operado se o presidente Figueiredo transmitisse o poder a Sarney. Foi quando as vésperas da posse, Tancredo teve que ser internado e coube ao então vice-presidente José Sarney, a tarefa de administrar e conviver com a história:

“Na forma da Constituição Federal assumi a presidência da República, na impossibilidade de fazê-lo o Senhor Presidente Tancredo, a quem tenho absoluta certeza, dentro de
poucos dias entregarei o Governo”, discursou Sarney na posse em 15 de março de 1985, quando ainda se acreditava na recuperação de Tancredo, que seria o primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura militar.

Mas Tancredo morreu em 21 de abril, depois de 38 dias de internado e Sarney governou o Brasil por cinco anos. Na posse o ex-presidente militar João Figueiredo recusou-se a passar a faixa presidencial por acreditar que Ulysses Guimarães deveria assumir, além da insatisfação por Sarney ter deixado o PDS e fortalecer movimento de redemocratização na Aliança Democrática.

“Também posso dizer que fui um presidente que assumiu com todas as condições para não terminar o seu mandato”, declarou Sarney em um discurso publicado no livro “Vinte anos de Democracia”, de sua autoria. O maranhense ilustre explica que na época não tinha um grande partido, não havia feito a composição do Ministério e não conhecia os programas de governo. No mesmo livro admite: “Sempre dizia a Tancredo Neves que eu me preparava para ser o vice-presidente fraco de um presidente forte”.

A efetivação democracia através de José Sarney

Ao relembrar o episódio da morte de Tancredo, o peemedebista descreve: “Ás 3 h, o general Leônidas Pires me telefonou dizendo: ás 10 horas, o senhor vai assumir a presidência da República (...) e eu perguntava: o que vai acontecer? O que vamos ter? O que vai acontecer comigo?”, conta Sarney que destaca este como um momento inesquecível de sua vida e carreira política.

José Sarney que havia sido deputado federal, governador, senador e por ser liderança do PSD havia sido escolhido por Tancredo Neves para ser seu vice, relembra a pressão de Aureliano Chaves para aceitar o convite: “Não se exclua! Se você não for o vice-presidente eu não farei a Aliança Democrática.” O próprio Tancredo, segundo Sarney teria respondido sobre a possibilidade de escolher outro nome: “Mas você conhece o mapa da mina do PDS”.

A dificuldade para governar seria manter “o projeto cauteloso de transição” de Tancredo que tinha na ocasião grande cacife político por conta do apoio popular, diferente de Sarney: “Eu não. Eu chegava desamparado à presidência, numa verdadeira armadilha do destino”, escreveu o ex-presidente.

Em busca de forma uma base popular e legitimar seu governo, Sarney lançou o Programa “Tudo pelo Social” com programa de distribuição de leite para população mais humilde; vale refeição; vale-transporte; seguro-desemprego. No campo político legalizou o Partido Comunista e convocou a Constituinte unicameral: “Quem melhor compreendeu essa estratégia foi o PT, que aproveitou esses espaços para se consolidar, enquanto os partidos de talhe tradicional disputavam posições de governo em vez de apoiá-lo em um programa e pacto para a transição”, destaca Sarney.

Mas a articulação mais importante para garantir a governabilidade e legitimar-se era em relação as Forças Armadas, “a única instituição capaz de exibir uma posição de força”, frisa Sarney que garantiu isso, mantendo os militares nos quartéis, profissionalizando-os e integrando-os a vida nacional: “A abertura tem que ser feita com as Forças Armadas, e não contra as Forças Armadas”, negociou o ex-presidente colocando-se como defensor dos militares na ocasião para garantir a governabilidade e democracia política.

José Sarney governou até 15 de março de 1990, quando passou a faixa ao vitorioso na primeira eleição direta pós-ditadura no Brasil, Fernando Collor de Mello.

Sobre o episódio, o historiador Benedito Buzar destaca que dentre os numerosos adjetivos dedicados à figura humana de José Sarney nenhum se encaixa mais a ele do que o de conciliador: “Ninguém esquecerá as responsabilidades que pesaram sobre os seus ombros naquele dia em que assumiu definitivamente a Presidência da República, quando, com tirocínio e competência, soube realizar a transição política da fase ditatorial para a tão esperada democracia, sem sobressaltos e atropelos.”, comenta Buzar que ainda acrescenta: “Foram tempos difíceis e complicados, mas Sarney soube transpô-los e fazer o Brasil novamente retornar ao caminho da liberdade, do progresso e da justiça social”, assegurou.
 Fonte: O Imparcial

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