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Ex-governador José Reinaldo Tavares |
É
impressionante ver o PT do Maranhão tão dócil e obediente. Parece que quem está
ocupando a presidência do país é o grupo Sarney e não o PT. Aqui no Maranhão a
legenda é muito diferente daquela influente e poderosa que se vê em todo o
país.
O presidente
do PT no estado, em entrevista à imprensa, disse que quer renovar o partido,
que está ficando para trás e sem apresentar nenhuma proposta. Quer discutir
internamente uma agenda para o Maranhão certamente por achar que Roseana não
tem nenhuma, ou que, se tiver alguma, ela não serve. E nisso está coberto de
razão. Mas acaba por capitular no final e diz que a única coisa decidida sem
consultar outros próceres é que vai continuar como partido auxiliar do PMDB. Ou
seja, não fica à vontade de dizer que vai continuar servindo aos Sarney, mesmo
com toda a mágoa acumulada.
Mas que
fique alerta o presidente do PT, pois o que está sendo preparado na cozinha do
palácio é muito mais do que uma trapaça com o partido. É sua exclusão total do
poder no estado.
Não basta a
humilhação pública que impõem ao vice-governador impedindo-o de assumir o
governo na desincompatibilização legal de Roseana Sarney para se candidatar ao
Senado. Terrível é ele se submeter à vontade da oligarquia e deixar de ser
governador do estado, honroso para qualquer político. Certamente não terá outra
oportunidade.
Roseana
também não queria que eu assumisse o governo em 2002, num caso muito semelhante
a esse. Ela preferia muitos outros, não eu. Todos sabem disso, era público. Eu
não me importei, assumi e terminei como governador eleito. Foram quase cinco
anos à frente do governo do Maranhão.
Pois bem,
voltando à cozinha do palácio, está decidido no seio do Clã que Luís Fernando,
o candidato declarado de Jorge e Roseana Murad ao governo em 2014, vai se
filiar ao PT. E aí?
Ora, se o
candidato é do PT (Lula e Dilma ficarão satisfeitos) o vice será indicado pelo
PMDB! Tudo em casa, jogada bem feita, certamente da cabeça do Sarney. E os
militantes, fundadores e os verdadeiros petistas, como ficarão? Chupando o
dedo?
Não poderão
reclamar, pois se aceitarem a filiação, Luís Fernando passa a ser do PT.
Reclamar para o bispo?
Está tudo
dominado...
Roseana
Sarney, como não trabalha, tem o seu tempo todo dedicado à manutenção
do poder e a sua campanha ao senado, além daquela do seu candidato ao governo,
Luís Fernando. O “governo itinerante” foi montado apenas para isso. Vai começar
pelas cidades de até 15 mil eleitores, que são cidades pequenas de péssimo IDH,
que não oferecem perspectivas de emprego e ascensão social aos seus habitantes.
É onde se concentra a pobreza absoluta, a educação sem qualidade, sem água e
saneamento nas casas, onde predominam as dificuldades. Nas campanhas, ela se
lembra desses eleitores e acredita que um pouco de asfalto e alguns serviços
como carteira de identidade, de trabalho, etc, fazem toda a diferença.
Como sabe
que essas pessoas dependem muito do chefe político ou do prefeito, mesmo nas
menores coisas, como um transporte para ajudar a levar o que plantou para o mercado,
para trazer um doente para um hospital em São Luís ou Teresina, para adquirir
um remédio, para pagar a conta de luz, enfim, quase tudo e às vezes basta um
convênio com o prefeito para ter acesso aos votos do lugar.
Esses
municípios somados representam 1.159.428 votos em um total de votantes no
estado de 4.558.855 eleitores. Ou seja, cerca de 25,4 por cento dos votos,
portanto muito importante em uma eleição, principalmente se você tiver o apoio
dos prefeitos, já que a pobreza não permite um julgamento crítico das causas de
sua própria pobreza e o voto livre que permitirá a mudança.
Portanto, a
manutenção da pobreza nesses locais não preocupa os governos da oligarquia.
Sim, porque uma melhor oferta de educação e diminuição da pobreza pode lhes
tirar definitivamente esses votos, como nas grandes cidades. Com efeito,
durante o governo nada é feito. Tudo é deixado para a hora do voto.
Há como
quebrar isso? É plenamente possível, desde que se elabore um bom plano de
governo que possa ser discutido e entendido por essas comunidades, com muito
poder de comunicação e exemplos de projetos bem sucedidos em situações
parecidas. Ademais, há que se aproximar dos prefeitos e lideranças e mostrar
que eles não estão ameaçados, já que no fundo são também vítimas da mesma
crueldade que põe para baixo toda a comunidade. Por fim, identificar lideranças
menores que não aceitam esse estado de coisas e empoderá-las.
Um segundo
grupo que, daqui para frente, terá maior atenção do governo é o grupo formado
de municípios de 15 mil a 40 mil eleitores. Eles somados tem 1.507.592
eleitores, ou seja, 33,1 por cento dos eleitores. Os motivos são parecidos, com
nuances distintas, mas a realidade é parecida, pois os moradores não têm
condições plenas do exercício da cidadania. Vemos aí que os municípios mais
pobres e necessitados do estado têm a maioria do eleitorado, ou seja, 58,5 por
cento do total dos eleitores. Quase 60 por cento. Esses são os municípios onde
a oligarquia tem o seu principal reduto eleitoral. Não é sem propósito que são
os mais pobres.
Amigos, uma
confidência: Roseana Sarney será candidata ao senado de qualquer maneira. Além
dos interesses da família, econômicos e outros, se ela não for, o grupo Sarney
estará passando o controle político que desfruta no estado para a família
Lobão, pois o ministro ainda terá mais quatro anos de mandato como senador e
automaticamente assumirá a liderança do grupo político construído pelo senador
Sarney. E trará rapidamente o ostracismo político para a família. E isso nem
pensar. É questão de honra.
Isso ajuda a
explicar muita coisa dentro do grupo e do governo e ajuda a entender, um pouco,
o motivo de tanta agressividade contra o ministro Edison Lobão.
Fonte:
Blog do José Reinaldo Tavares
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