Roseana e Ricardo Murad, sempre alegres... Por que será? |
Numa
reportagem bombástica, a revista Carta capital, edição nº 775, de 1º de Julho
de 2013, escancara para o país mais uma denúncia que atinge o âmago do governo
Roseana e mostra as vísceras do grupo Sarney, o modus operandi da roubalheira
que sustenta a oligarquia a eterniza no poder com muito dinheiro para comprar
votos. Claro nenhuma novidade para os maranhenses, algo que já vem sendo
denunciado pela oposição na assembleia, mas que ainda não havia ultrapassado os
cancelos do Maranhão.
Enquanto
a Polícia Federal, Ministério Público e a Justiça não tomam providencias, a
saída é mesmo ir pras ruas, pelo menos protestar contra essa vergonha a que uma
família submete a tanto tempo o povo Maranhense.
A
Carta Capital não disponibiliza o texto na internet, o que fez o jornalista
Josué Moura digitar e disponibilizar no seu blog para aqueles que não têm
acesso à revista. Veja a matéria na íntegra que reproduzo abaixo:
Um
crime doentio, febril
Maranhão: A Reforma do Hospital Dr. Carlos Macieira, em São Luís,
deveria ter sido concluída em 2010. Não foi e já consumiu 108 milhões de reais
dos cofres públicos.
Há
pouco mais de 20 dias, meia dúzia de deputados estaduais de oposição foi à
Justiça Federal do Maranhão cumprir um dos mais antigos e inúteis rituais de
ação política no estado: denunciar um esquema de fraude administrativa de
desvio de dinheiro público. As operações suspeitam os oposicionistas, podem ter
sido montadas para alimentar o caixa 2 do grupo político do Senador José
Sarney, no comando do Maranhão há décadas.
Nas
páginas da denúncia apresentada pelos parlamentares descortina-se um esquema
irregular de repasses milionários a uma inexplicável, longa e cara reforma de
hospitais. Iniciadas em 2009, as obras nunca concluídas do Carlos Macieira, a
maior unidade pública do estado, custaram aos cofres maranhenses até agora,
108, 7 milhões de reais. Outro hospital público, o Aquiles Lisboa,
especializado em pacientes com hanseníase, virou um sorvedouro de dinheiro do
contribuinte graças a uma reforma que dura quatro anos ao custo de 11,4 milhões
de reais. No centro dessa fantástica contabilidade está Ricardo Murad, cunhado
de Roseana Sarney, por ela nomeado secretário estadual de Saúde em 20 de abril
de 2009.
Irmão
de Jorge Murad , marido de Roseana, Ricardo esperou oito meses para iniciar o
esquema milionário de injeção de verbas no Carlos Macieira, instituição que,
como quase tudo no Maranhão, homenageia um integrante do clã. O médico que dá
nome ao hospital é sogro de Sarney, avô da governadora. Sob alegação jamais
justificada de estado de emergência, o secretário contratou sem licitação em
dezembro de de 2009, uma empreiteira do Ceará, a Fujita Engenharia. O contrato
previa um investimento de 38,6 milhões de reais nas obras de reforma e
ampliação do Hospital.
O
prazo de execução: 180 dias. No mesmo mês o governo maranhense adiantou à
construtora cearense 2 milhões de reais. A partir dos termos do contrato,
portanto, as obras do hospital deveriam estar prontas em junho de 2010. Em
agosto daquele ano, contudo, o Diário Oficial do Estado publicou um aditivo
para reduzir o valor do contrato a 26,5 milhões de reais, de modo a garantir o
andamento da obra, apesar do atraso de dois meses.
Durante
o ano de 2010, a Fujita Engenharia recebeu , além dos 2 milhões de reais pagos
em dezembro de 2009, mais 23,6 milhões, embora a execução da obra continuasse
lenta. Em 7 de junho de 2011, um ano depois de estourado o prazo de 180 dias do
primeiro contrato firmado com a construtora, Murad decidiu abrir uma licitação
para a mesma obra no hospital. A vencedora foi a Fujita, incrivelmente chamada
a realizar o mesmo serviço, reforma e ampliação do hospital, a partir de um
novo contrato, desta vez equivalente a 39,5 milhões de reais, com prazo
estabelecido de 600 dias (um ano e oito meses) para entrega da obra. Ou seja,
além de não ter sofrido nenhuma sanção do governo maranhense por ter recebido
cerca de 26 milhões de reais para tocar uma obra emergencial que nunca saiu do
papel, a construtora acabou vitoriosa no processo licitatório aparentemente
montado para favorecê-la.
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Deputado, secretário de saúde Ricardo Murad (PMDB) |
Um
ano depois, em 6 de julho de 2012, a Fujita seria contemplada com uma
prorrogação do prazo de 120 dias, além de um adicional de 6 milhões de reais a
título de aditivo contratual. Assim, o valor total do contrato subiu a 45,6
milhões de reais. Tanta generosidade passou a causar desconfiança entre a
oposição e os poucos blogs de jornalismo que conseguem furar o controle da
mídia no estado, quase toda nas mãos dos Sarneys e aliados, sem falar na forte
influência do clã sobre o judiciário, a polícia e o Ministério Público locais.
Antes da realização de uma auditoria nas obras, capaz de verificar como foi
aplicado a dinheirama repassada à Fujita Engenharia , um misterioso
incêndio 45 dias depois do aditivo repassado à empreiteira transformou em
cinzas provas da reforma que nunca existiu. Dali a dois meses, em outubro de
2012, Murad decidiu rescindir o contrato com a empreiteira. para a Fujita
nenhum problema: a construtora já havia recebido todos os pagamentos.
A
partir de então, iniciou-se um processo licitatório que beneficiaria outra
empresa do Ceará, a Star Construções, com o novo contrato de reforma e
ampliação do Carlos Macieira. Coincidentemente, a Star funciona no mesmo
endereço da Fujita em Fortaleza. e não por acaso: os donos de ambas as empresas
são os irmãos Carlos Roberto e Lisandro Fujita. Em 9 de janeiro passado, a Star
Construções foi contratada a partir de um pregão presencial aberto pela
Secretaria de Saúde. Para essa nova fase da interminável reforma do hospital, o
governo maranhense destinou mais de 35, 5 milhões de reais. Ao mesmo tempo,
Murad abriu uma nova licitação para construção de hospitais de cem leitos em
quatro municípios maranhenses: Imperatriz, Caxias, Pinheiro e Santa Inês. Ganha
um prato de arroz de cuxá quem advinhar o vencedor da concorrência. A Star
levou e vai tocar os projetos avaliados em 41,8 milhões de reais.
Em Outro Hospital, o Aquiles
Lisboa , a ONG de um aliado dos Sarneys recebe 5 milhões de reais.
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Processo
semelhante ocorreu no Hospital Aquiles Lisboa, também de São Luís. Em 3
de novembro de 2009, a Secretaria de saúde fechou sem licitação contrato de 5,1
milhões de reais com a Cruz Vermelha Brasileira para a prestação de serviços
médicos no hospital. Em 9 de abril de 2010, outro contrato no valor de 803,7
mil reais para o mesmo hospital, desta feita para serviços de reforma, foi
acertado com a empreiteira Coteb. Não parou por ai. Em 2011, após o encerramento
do contrato com a Cruz vermelha, Murad firmou um termo de parceria com Associação Tocantina para o
desenvolvimento da Saúde - Bem Viver no valor de 5,1 milhões de
reais, com pagamentos mensais de 429 mil reais. O responsável pela Bem Viver é
o deputado estadual Antonio Pereira (DEM), um dos principais operadores da família Sarney na Assembleia
Legislativa do Maranhão. Em 10 de maio de 2012, a parceria da Associação
de Pereira com o governo estadual foi corrigida para 5,5 milhões de reais para
o mesmo serviço no hospital Aquiles Lisboa.
Apesar
de tanto dinheiro disponível, o lugar está quase em ruínas e funciona apenas em
uma das casas do complexo. Homens, mulheres e crianças dividem o mesmo espaço e
ha um único banheiro para todos, inclusive para os visitantes. Ainda assim, o
gasto mensal de manutenção do hospital é de 500 mil reais. Embora o Mal de Hansen, conhecido popularmente como Lepra, seja uma enfermidade dos
tempos bíblicos, o Maranhão é o quarto estado brasileiro com maior índice de
incidência da doença no país. Perde apenas para Mato Grosso, Tocantins e
Rondônia. Em 2012, dos 29 mil casos de hanseníase detectados no Brasil, 3.302
ocorreram no Maranhão, 305 deles em menores de 15 anos de idade.
"Tudo
isso é mais um escândalo", afirma, resignado, o deputado estadual Marcelo
Tavares, do PSB, um dos autores das denúncias. Segundo ele, graças ao prestígio
de Sarney no governo federal, a governadora Roseana conseguiu 1 bilhão de reais
do BNDES, de um total de 3,8 bilhões a serem emprestados no médio prazo, com a
justificativa de reformar hospitais no estado. Procurado por Carta Capital,
Murad preferiu não prestar informações sobre as obras.
Fonte: Blog do Jorge Vieira
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