No Brasil, ao mesmo tempo em que o número de evangélicos
aumentou 61,45% em 10 anos, a comunidade católica sofreu uma queda de 1,3% no
índice de fieis no mesmo período
A poucos dias da chegada do papa Francisco ao Brasil, dom
Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), disse que o crescimento de
evangélicos no Brasil e no mundo impulsionou um "despertar" da Igreja
Católica, que, na opinião dele, estava "acomodada".
"Talvez nós tenhamos nos acomodado e pode ser que o crescimento do
movimento neopentecostal tenha nos feito acordar, nos despertar para a nossa
verdadeira missão", disse ele, que ressaltou, no entanto, o aumento da
qualidade dos católicos. "Os praticantes são muito mais coerentes com suas
práticas e praticam sua fé de modo mais convencido. Isso é muito
positivo."
No Brasil, ao mesmo tempo em que o número de evangélicos aumentou 61,45%
em 10 anos, a comunidade católica sofreu uma queda de 1,3% no índice de fieis
no mesmo período. É o que aponta o último Censo Demográfico do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2000, cerca de 26,2 milhões se
disseram evangélicos. Em 2010, eles passaram a ser 42,3 milhões. Ainda assim o
país ainda segue com maioria católica. O número de católicos foi de 123,3
milhões em 2010, cerca de 64,6% da população. No levantamento feito em 2000,
eles eram 124,9 milhões, ou 73,6% dos brasileiros.
Ainda assim Damasceno diz que a eleição do papa Francisco trouxe uma
esperança para a comunidade brasileira e mundial. "Gerou muita esperança
na Igreja Católica, uma expectativa muito positiva. Mas é muito difícil
quantificar essa mudança no aumento do número de fiéis. O que a gente percebe
ouvindo e vendo é que há uma expectativa positiva, alegre e esperançosa para o
seu pontificado", complementou o presidente da CNBB, que ressalta o
acolhido do pontífice, principalmente pela capacidade de atração que o argentino
naturalmente tem.
"E isso tem sido comprovado com o aumento de romeiros e visitantes
em Roma. O número de peregrinos está aumentando cada vez mais, sobretudo nas
audiências públicas de quarta-feira e no Angelus, no domingo. Estão falando em
cerca de 200 mil pessoas por semana". Esse poder de atração é justificado
por Damasceno, principalmente por causa de sua simplicidade e a sua
informalidade que o aproximam do povo.
Mas o arcebispo brasileiro relaciona a eleição do papa Francisco à
reaproximação da Igreja Católica ao sua missão. "A igreja existe para
evangelizar. O que significa que a igreja deve cuidar daqueles que a
frequentam, que participam da vida das nossas comunidades, mas que também
precisa sair ao encontro dos que estão distantes." Ele, no entanto, afirma
que a mudança da postura da comunidade católica nada tem a ver com o
crescimento da Igreja Evangélica.
"Não é uma resposta aos evangélicos. Fazemos isso por questão de
missão, de objetivo, de finalidade. Muitas vezes nós nos acomodamos e
precisamos sair desse comodismo. Isso está muito claro na visão do papa
Francisco", completou dom Damasceno, que garantiu que a Igreja Católica
não pretende discriminar ninguém, apesar de não concordar com certos
comportamentos da atualidade, tais como o casamento gay, a eutanásia e o
divórcio.
A igreja, como ele apontou, não discrimina pessoas, "mas não pode
concordar com certas posições que se opõe ao seu ensinamento ético".
"Não podemos equiparar um casamento com duas pessoas do mesmo sexo com
outro entre um homem e uma mulher. Não é mesma coisa. Com todo respeito aos que
optam por esse caminho. A igreja também não pode aprovar a eutanásia, porque a
vida é um dom de Deus. A igreja não pode aprovar o divorcio e não pode dizer
que o divorcio é um caminho normal, embora respeite quem fez essa opção",
exemplifica.
Mesmo assim quase metade dos casais homossexuais
brasileiros (47,4%) se autodeclaram católicos, segundo
dados do Censo Demográfico 2010 divulgados pelo IBGE.
Obs: Fotos e gráficos acrescentados pelo moderador deste blog.
Fonte: Uol
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