terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Prefeito cassado paga conta de votação extra


A AGU já ajuizou 23 processos contra chefes do executivo municipal que perderam o cargo por causa de crimes eleitorais. Eles devem bancar o novo pleito, mas a cobrança não é fácil.
Um ano depois de firmar um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impor aos prefeitos cassados por crimes eleitorais os custos da nova eleição, a Advocacia-Geral da União luta na Justiça para reaver R$ 1,027 milhão devidos pelos prefeitos cassados e enquadrados na norma. Até o momento, menos de 10% desse total foram pagos. “Muitos devedores não pagam enquanto não forem à Justiça. Essa é uma matéria nova para as procuradorias. As primeiras ações foram ajuizadas de julho do ano passado para cá”, informa o diretor de Patrimônio e Probidade da AGU, Renato Dantas.

Segundo a Lei Eleitoral, são convocadas eleições suplementares sempre que o candidato que foi eleito com mais de 50% dos votos válidos tiver seu registro de candidatura indeferido ou seu mandato cassado por crime eleitoral, como abuso de poder político ou econômico e compra de votos. No total, 17 eleições suplementares em municípios já foram agendadas pelo TSE para ocorrer até abril deste ano.

Segundo Dantas, existem dois cenários básicos em relação ao pagamento das dívidas. Alguns ex-prefeitos cassados por improbidade administrativa podem fazer o pagamento mediante acordo direto com as procuradorias da AGU espalhadas pelo país. “Nesses casos, a dívida pode ser parcelada sem nenhum problema. Quem paga à vista pode negociar também um desconto”, explicou.
Desde janeiro de 2012, quando a AGU e o TSE se uniram na tentativa de penalizar financeiramente os prefeitos cassados, foram ajuizadas 23 ações de ressarcimento, das quais três resultaram em acordo judicial com os prefeitos processados pela AGU.
Em outros dois casos, os acordos foram celebrados antes mesmo da abertura de processo. Condenado à perda de mandato em 2009 por causa de gastos ilícitos durante a campanha, o prefeito cassado de Bom Jesus do Amparo (MG), Wanderlei dos Santos Ribeiro (DEM) optou por procurar a AGU antes que o órgão o acionasse juridicamente sob acusação de abuso de poder econômico. O mesmo aconteceu com Anderson José de Souza e Nelson Azevedo dos Santos, respectivamente prefeito e vice-prefeito cassados no município de Rio Preto da Eva (AM). Eles foram condenados em 2007 por abuso de poder econômico nas eleições de 2004. Ao todo, os acordos representam o retorno de R$ 251.789,18 aos cofres da Justiça, que estão sendo pagos parceladamente pelos prefeitos cassados.
A outra possibilidade de ressarcimento é por meio do Poder Judiciário. “Nos casos em que eles se negam a pagar, fazemos a cobrança judicial. O problema é que a AGU fica à mercê do que o Judiciário entender”, diz o diretor do órgão. Dos 20 processos de cobrança contra prefeitos que correm na Justiça, quatro estão no Ceará. O restante se divide entre Minas Gerais, Goiás, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. 

Para se ter uma ideia dos montantes envolvidos no processo eleitoral, as eleições de 2012 custaram R$ 395 milhões aos cofres públicos, segundo informações do TSE. Assim, cada voto dos mais de 138,5 milhões de eleitores aptos que participaram do pleito do ano passado custou R$ 2,81. Com base nessas cifras, uma eleição para prefeito em uma cidade com 50 mil habitantes, por exemplo, representa um custo de R$ 140,5 mil ao contribuinte. 

Dantas explicou que a eficácia da medida depende da atuação da AGU. “É um crédito devido à União. A eficácia está ligada diretamente à nossa maneira de agir, aumentando as formas de se cobrar”. Ele informou que, até agora, cinco ex-prefeitos procuraram a AGU espontaneamente para regularizar a situação. “Acho um número bom se avaliarmos que foram ajuizadas 23 ações de ressarcimento”, comemora.


Fonte: O Imparcial

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