Presidente do STF rechaça o
tratamento VIP que as Organizações Globo lhe destina desde o dia 2 de agosto de
2012; entre o início do julgamento da AP 470 até os choques atuais com
jornalistas de O Globo e da revista Época, Joaquim Barbosa brilhou em todas as
mídias chefiadas por João Roberto Marinho; ganhou prêmio de personalidade do
ano; agora, movimento de independência dele vem na forma de representação
criminal por racismo e dura carta pública; Barbosa provou que submissão não faz
parte do seu repertório; será que só a Globo não sabia?
O
ministro Joaquim Barbosa acaba de romper um casamento tácito entre as
Organizações Globo e ele próprio. Uma soma involuntária de interesses que
cresceu com o tempo, mais precisamente desde o dia 2 de agosto de 2012. Ali, no
primeiro dia do julgamento da AP 470, quando Barbosa era o relator do processo,
ficou claro que dois destinos se encontravam. Nos termos da acusação
apresentada pelo relator, a Globo encontrou todos os elementos para novelizar
seu vasto noticiário impresso e eletrônico a respeito do chamado mensalão e,
claro, criar seu herói: o próprio Barbosa.
Textos feitos por dois jornalistas da casa global, no
entanto, fizeram Barbosa perder sua paciência – que nunca foi grande. O que não
se podia prever, especialmente pelos primeiros tempos de doce lua-de-mel, era
que a fúria de Barbosa contra o que pode ter considerado ser uma tentativa de
submissão seria tão forte.
Em relação ao jornalista Ricardo Noblat, de O Globo, não
parece estar, de maneira nenhuma, para brincadeiras. Com todo o peso correspondente
a um presidente do Supremo, ele entrou com representação criminal contra o
profissional por racismo. As penas são pesadas. Ele pode se contentar com um
simples retratação para o artigo , no qual se sentiu atingido, mas, por
enquanto, não dá mostras de que pretende deixar barato, como se diz.
Sobre Diego Escosteguy, diretor da revista Época em
Brasília, Barbosa lançou uma carta de protesto que mal abriu espaço para o
posterior pedido de desculpas feito pelo jornalista. Não satisfeito em apontar
erros e corrigir informações, o ministro questionou a ética da publicação.
Com os dois movimentos, o presidente do STF deixou para trás
um passado que incluiu o prêmio de Personalidade do Ano de 2012, cujo troféu
lhe foi entregue pelo próprio João Roberto Marinho. Além de lembranças sociais,
Barbosa sempre foi brindado com o tratamento de herói na cobertura novelizada
que a Globo fez do chamado processo do mensalão do PT. Em troca, as
Organizações poderiam esperar que ele se submetesse, calado, a um ou outro momento
mais baixo da convivência entre seus veículos e o personagem. Mas submissão não
faz parte do reportório do ex-herói.
Fonte: Brasil 247
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