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Dilma pacifica o PMDB e promete apoio no Maranhão e Alagoas |
Após quase dez dias de
pesada troca de acusações entre dirigentes do PT e do PMDB, a presidente Dilma
Rousseff conseguiu nesta segunda-feira vencer sua primeira batalha para baixar
o nível da crise política com o principal partido aliado do governo. Após se
reunir com os três principais caciques do PMDB no Senado — o presidente Renan
Calheiros (AL) e os líderes do partido, Eunício Oliveira (CE), e do governo,
Eduardo Braga (AM) — Dilma assegurou, ao menos por ora, que a crise centrada na
Câmara, e ainda não debelada, não contamine a relação com a bancada
peemedebista no Senado. O clima melhorou nesta segunda-feira após a presidente
sinalizar apoio a palanques estaduais do PMDB. No fim do dia, o vice-presidente
Michel Temer garantiu que a aliança nacional está “garantidíssima”.
Como a bancada
peemedebista na Câmara anunciou que não indicará nomes para a reforma
ministerial, a presidente sugeriu aos senadores que deixaria com eles a tarefa
de indicar os sucessores dos dois ministérios da cota dos deputados
(Agricultura e Turismo), o que elevaria para quatro o número de ministérios da
bancada do Senado. Mas as negociações de fato prosperarem quando a presidente
prometeu o apoio do PT ao PMDB nos estados de Goiás, Maranhão, Rondônia,
Paraíba e Tocantins. No caso de Alagoas, havia o compromisso de o PT apoiar
Renan, e não seu filho, mas agora a promessa é de apoio a quem o PMDB indicar.
Embora tenham pouca
densidade eleitoral, esses estados são base de alguns dos principais senadores
do partido, como Renan, o ex-presidente José Sarney (MA), o presidente nacional
da legenda Valdir Raupp (RO) e o senador Vital do Rêgo (PB), indicado pelo
partido para ocupar um ministério. Ficou marcada para quinta-feira uma reunião
dos presidentes do PMDB, Valdir Raupp, e do PT, Rui Falcão, com o ministro da
Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o vice Michel Temer para tentar avançar nas
negociações das chapas regionais.
— A conversa foi só
sobre palanques regionais, que é o que está mais incomodando. Vamos ampliar
para 11 ou 12 estados as alianças com o PT. Além disso, vamos tratar mais à
frente dos procedimentos (sobre a presença de Dilma, por exemplo) onde não for
possível a aliança e existam duas candidaturas, como no Rio, no Ceará e em
outros estados — contou Raupp.
Após conversarem com
Dilma, senadores peemedebistas seguiram para a casa de Eunício Oliveira no Lago
Sul, onde, por quase cinco horas, analisaram a relação com o governo.
Concluíram que não vale a pena neste momento “comprar” integralmente a briga
travada pelo líder na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que teria exacerbado o nível
do debate em função da crise entre PT e PMDB no Rio. Raupp acredita que a
situação na Câmara deve melhorar nos próximos dias.
— Está caminhando para
diminuir a tensão. Não tem tentativa de isolar, o líder é líder. Dentro da bancada,
sim (mantém o prestígio) — afirmou Raupp.
A negociação de
ministérios é mais delicada. Os senadores sabem que a aceitação de pastas que
hoje cabem aos deputados do partido jogaria a crise contra o governo para
dentro da legenda. Não por acaso, os primeiros a se opor à proposta são Raupp e
Temer — o vice sempre esteve ao lado dos deputados e conseguiu integrar a chapa
presidencial em 2010 justamente quando conseguiu costurar a união das duas
bancadas. O tema de reforma, portanto, só deve ser retomado após o avanço nas
negociações regionais, com prazo de ser concluída no fim do mês.
Enquanto os senadores se
reuniam em Brasília, Temer embarcou com Henrique Alves para a abertura da feira
agropecuária Expodireto, em Não-Me-Toque (RS). Lá, o vice afirmou que a aliança
do partido com o PT não está ameaçada e classificou os diálogos com o governo
como “muito positivos”.
— Nós estamos
conversando muito bem, muito adequadamente. Embora se diga que há embaraços
para a manutenção da aliança governamental que elegeu a presidente Dilma, eu
devo dizer, com toda a tranquilidade, que as conversas que eu tive ontem à
noite, no passado e hoje pela manhã revelam a solidez de nossa aliança. Está
garantidíssima, não tenha dúvida — afirmou Temer.
Apesar de publicamente o
discurso dos senadores ser positivo, nos bastidores há quem ainda tenha dúvidas
sobre a solução do impasse.
— A reunião hoje no
Planalto foi foi horrível, mas ninguém pode falar nada! Dilma deu ordem
expressa para ninguém falar. A ordem é fazer o racha: para o PMDB do Senado
tudo, e para o PMDB da Câmara nada — disse um interlocutor palaciano.
Embora vá participar da
posse da presidente do Chile, Michelle Bachelet, hoje, em Santiago, Dilma terá
tempo para tratar das alianças antes da reunião entre as cúpulas dos dois
partidos. A presidente antecipou para hoje à noite o seu retorno do Chile. Na
quarta-feira, ela teria um encontro com Bachelet e participaria de seminário da
Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Celac). O encontro com
Bachelet foi antecipado para esta terça-feira, a participação no seminário foi
cancelada, e Dilma retorna à noite para Brasília.
Fonte: O Globo
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