Após cortejo que durou mais de
duas horas pelo Centro Histórico de Recife, o corpo de Eduardo Campos foi
enterrado sob aplausos pouco depois das 18h30min do domingo (17) no cemitério
de Santo Amaro. Os restos mortais do presidenciável, morto em acidente aéreo,
foram colocados no jazigo da família, mesmo local onde foi enterrado o avô
Miguel Arraes.
A cerimônia foi acompanhada por
milhares de pessoas, que chegaram a se aglomerar em cima de árvores, sobre
túmulos e alamedas para assistir ao enterro. A estimativa é de que pelo menos
160 mil pessoas participaram das despedidas ao político.
Ao chegar no local, o caixão
foi recebido por fogos de artifício, palmas e gritos. Antes do enterro, foram
entoadas as palavras: "Eduardo guerreiro do povo brasileiro". A
cerimônia ainda foi antecedida por toque de clarinete e seguida por estouros de
foguetes que duraram mais de 10 minutos e iluminaram o céu de Recife.
Próximos à cova, estavam apenas
familiares e amigos. Houve chuva de flores. O último adeus ao pai, irmão,
filho, tio, neto, sobrinho foi observado atentamente pela multidão, que gritava
pedindo justiça e que as causas do acidente sejam esclarecidas. A esposa,
Renata Campos, quatro dos cinco filhos do casal, a mãe, Ana Arraes — que
estiveram ao lado do caixão desde a madrugada quando foi trazido de São Paulo —
e o irmão, Antônio Campos, estavam entre os mais emocionados.
O clima eleitoral também esteve
presente aos atos. A presidente Dilma Rousseff foi vaiada em frente ao palácio,
mas logo palmas abafaram os críticos. No cemitério, houve gritos de "Fora
Dilma, agora é Marina". Sob aplausos e 20 minutos de fogos de artifício,
Campos foi enterrado.
Camisetas com a frase "Não
vamos desistir do Brasil", frase dita pelo então presidenciável na véspera
da morte, em uma entrevista ao Jornal Nacional, foi estampada em camisetas
distribuídas ao público. Os familiares também vestiam a camiseta com os
dizeres, que serão o slogan de campanha do PSB.
Inicialmente, a expectativa era
que a cerimônia ocorresse às 17h. Porém, apenas às 16h45min o caixão deixou o
Palácio do Campo das Princesas — onde foi realizado o velório — em um caminhão
do Corpo de Bombeiros e seguiu em cortejo de dois quilômetros até o cemitério.
Coroas de flores e cartazes com
fotos de Campos e os dizeres "grande como o Brasil, forte como
Pernambuco" foram espalhados pelo cemitério.
Filhos de Campos usaram chapéus
de palha, em uma referência à política do bisavô Miguel Arraes, em programa que
empregava canasvieiros no período da entressafra na construção de pequenas
obras públicas.
O enterro ocorreu mais de 100
horas depois do acidente que tirou a vida de Campos. Desde então, o cemitério
passou por reparos para abrigar o ex-governador. Caravanas saíram do interior
de Recife para acompanhar a cerimônia.
— Viemos prestar nossa
solidariedade e agradecer tudo de bom que ele fez pela gente — disse Mikaela
Kalina, 26 anos, que saiu da cidade de Ribeirão, a aproximadamente 100
quilômetro do Recife. Com ela, mais 300 pessoas foram à cidade na caravana de
oito ônibus.
O auxiliar de serviços gerais
José Fernando de Souza, que há mais de 40 anos trabalha no cemitério, disse que
nunca tinha presenciado movimentação tão intensa em um sepultamento.
Com o sepultamento, o PSB busca
unidade em torno do nome de Marina Silva para prosseguir na disputa à
Presidência da República.
Fonte: zh.clicrbs
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