segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Força da viúva de Campos influencia rumos do PSB

Com a morte de Eduardo Campos, enterrado ontem no Recife, o PSB  terá que se reinventar para fazer valer seus sonhos políticos e de poder; neste processo, as posições da viúva e ex-primeira dama de Pernambuco Renata Campos serão fundamentais na decisão para que a vice de Campos, Marina Silva, seja ungida à condição de presidenciável; em Pernambuco, ela já está colocando a candidatura do adversário Armando Monteiro Neto (PTB) sob pressão, ao assinar um documento pedindo que o petebista - que foi aliado de Campos por mais de sete anos - não utilize imagens do ex-presidenciável em sua campanha pelo governo do Estado; Renata marcou reunião com a cúpula da legenda para esta segunda-feira e puxou para si a responsabilidade pelos rumos do partido em nível nacional e estadual; surgirá daí uma nova liderança?

O término das cerimônias fúnebres em homenagem ao ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB), enterrado neste domingo (17), vítima de um acidente aéreo em Santos, litoral paulista, marca o início de uma nova etapa da campanha eleitoral. Sem a sua maior liderança, o PSB terá que reinventar para fazer valer os seus sonhos políticos e de poder. Neste processo, a viúva de Campos, a ex-primeira dama de Pernambuco Renata Campos já está tendo um destaque fundamental. Suas posições serão fundamentais na decisão para que a vice de Campos, a ex-senadora Marina Silva, seja ungida à condição de presidenciável pela Executiva da legenda, e em Pernambuco ela já está colocando a candidatura do adversário Armando Monteiro Neto (PTB) sob pressão, ao assinar um documento pedindo que o petebista que foi aliado de Campos por mais de sete anos - não utilize imagens de Campos em sua campanha pelo Governo do Estado.

O peso de Renata dentro do PSB começou a ser evidenciado poucas horas após a morte de Campos. Ainda na quarta-feira, dia do acidente que vitimou o ex-governador e outras seis pessoas, incluindo seus assessores de campanha, o irmão de Eduardo, Antônio Campos, defendeu o nome de Marina para encabeçar a chapa socialista à Presidência da República. No dia seguinte, Renata teria marcado uma reunião com a cúpula do partido para esta segunda-feira (18), em uma casa de eventos, no Recife, para discutir o legado de Campos e os rumos do partido.

Sem Campos, Renata ganha uma dimensão enorme como uma possível puxadora de votos para o PSB e apesar de não ter falado publicamente com a imprensa desde o acidente, já teria manifestado apoio para que Marina encabece a corrida eleitoral rumo ao Planalto e para que o partido assegure o cumprimento dos acordos firmados pelo marido, o que naturalmente envolve as eleições nacional – incluindo Marina como cabeça de chapa -, estaduais e proporcionais.

Diante do peso da tragédia e da comoção popular criada com a morte do ex-governador, Renata teve o seu nome alçado quase que imediatamente à uma possível condição de vice em uma chapa encabeçada por Marina. A própria Marina seria uma das defensoras desta possibilidade, bem como outros socialistas de peso e bastante ligados a Campos como o prefeito do Recife, Geraldo Julio, e Maurício Rands, um de seus coordenadores de campanha.

"Há um clamor não só em Pernambuco, mas no Brasil, para que Renata venha a integrar a chapa de Marina como vice", afirmou. "Ela (Renata Campos) tem todas as qualidades para representar o PSB nesta chapa", disse Rands. "É uma decisão que cabe à ela e o Brasil saberá a decisão que ela a venha tomar", completou. A possibilidade coloca as candidaturas pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e do mineiro Aécio Neves (PSDB) sob pressão, uma vez que a emoção criada pela tragédia provocou em todo o Brasil levando às alturas a questão da imprevisibilidade provocada com o impacto do fato sobre o eleitorado nacional.
A possibilidade, porém, é vista com ressalvas. "Renata sempre foi e será uma mulher política e participativa. Mas a prioridade nela neste momento é ser mãe dos cinco filhos que teve com Eduardo. Ela vai continuar participando da vida pública, mas tenho convicção que a prioridade dela é ser mãe. Campos levou 29 anos para se firmar como uma liderança e ninguém pode ser assim, substituindo-o de uma hora para outra", disse o governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), ao ser questionado pela reportagem do Pernambuco 247 ao final do velório de Campos, no Recife.

"Mas o PSB vai sim discutir a vice de marina e que deverá ser alguém do próprio PSB", disse Lyra. Entre os nomes mais cotados para ocupar a vaga estão do deputado federal Beto Albuquerque (RS) e da ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina.
Uma outra possibilidade está no fato da vice ser assumida pelo ex-ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, atualmente candidato ao Senado por Pernambuco. Neste caso, Renata iria para o lugar de Fernando, possibilitando a manutenção do legado político do socialista no Congresso Nacional. O presidente do PSB, Roberto Amaral, já havia declarado que "ela poderá ser o que quiser", mas o partido só anunciará qualquer decisão na quarta-feira.

Paralelamente as discussões nacionais, Renata também está colocando a sua força nas eleições estaduais, ainda mais após as especulações de que a candidatura de Paulo Câmara poderia ser substituída em função do baixo desempenho nas pesquisas eleitorais, que o colocam com 13% das intenções de voto, contra 47% do rival Armando Monteiro Neto.

CÂMARA – que, assim como o prefeito Geraldo Julio teria sido escolhido por Campos em função do seu perfil técnico sem nunca ter disputado uma eleição anterior - precisava da presença do seu padrinho político ao seu lado para alavancar a sua postulação e tornar-se mais conhecido do eleitor pernambucano. Nas últimas cinco semanas antes da sua morte, Campos aproveitou qualquer passagem sua pelo Nordeste de maneira a colar a sua figura com a do afilhado político.

Já a campanha de Armando, apesar das críticas abertas ao ex-governador, o apresentava como um ex-aliado de Campos capaz de "fazer Pernambuco avançar ainda mais", até por conta da aliança com o PT da presidente Dilma Rousseff em nível estadual.
Agora, com uma situação totalmente nova e de resultados imprevisíveis, os partidos já estão tentando se adequar e a marcar posições. Nesta direção, Renata Campos volta a ter um papel fundamental também no pleito estadual.

De acordo com o deputado federal Raul Henry (PMDB), vice na chapa de Paulo Câmara (PSB) ao Governo de Pernambuco, a morte de Campos resulta em um completo redesenho da estratégia de campanha, seja para o PSB ou para o rival PTB. "Já existia um pedido formal do próprio Eduardo para que sua imagem não fosse usada pela campanha de Armando Monteiro (PTB). E enquanto eu estava em São Paulo, tratando da liberação dos corpos de Campos e seus assessores, ela assinou um pedido formal para as imagens dele não fossem usadas pela coligação adversária. O Conjunto da oposição em Pernambuco não representa campos em nada, aliás, o criticava abertamente. Não vamos permitir "fraudar" as eleições de Pernambuco", afirmou Henry. O PTB foi procurado sem sucesso pela reportagem do Pernambuco 247 para comentar o assunto.

A situação dá mostras do grau de emotividade que deverá marcar o tom da campanha eleitoral não apenas do PSB, mas também dos demais partidos. PT, PSDB, PTB já haviam dito que iriam homenagear Campos, assim como o PSB, em seus programas eleitorais de rádio e televisão que serão levados ao ar a partir de amanhã (19). Se as homenagens irão além disso, chegando ao embate eleitoral, ainda não se sabe.
Pelo sim, pelo não, a reunião do PSB no Recife, marcada pela viúva para esta segunda-feira, será o ponto nevrálgico que definirá os rumos do PSB. O passo seguinte, será a reunião da Executiva Nacional em Brasília, nesta quarta-feira. Em ambas, a palavra de Renata Campos terá um peso impensável até poucos dias atrás.

Fonte: Brasil 247 Pernambuco



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