Com a morte de Eduardo Campos,
enterrado ontem no Recife, o PSB terá
que se reinventar para fazer valer seus sonhos políticos e de poder; neste
processo, as posições da viúva e ex-primeira dama de Pernambuco Renata Campos
serão fundamentais na decisão para que a vice de Campos, Marina Silva, seja
ungida à condição de presidenciável; em Pernambuco, ela já está colocando a
candidatura do adversário Armando Monteiro Neto (PTB) sob pressão, ao assinar
um documento pedindo que o petebista - que foi aliado de Campos por mais de
sete anos - não utilize imagens do ex-presidenciável em sua campanha pelo
governo do Estado; Renata marcou reunião com a cúpula da legenda para esta
segunda-feira e puxou para si a responsabilidade pelos rumos do partido em
nível nacional e estadual; surgirá daí uma nova liderança?
O término das cerimônias
fúnebres em homenagem ao ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB),
enterrado neste domingo (17), vítima de um acidente aéreo em Santos, litoral
paulista, marca o início de uma nova etapa da campanha eleitoral. Sem a sua
maior liderança, o PSB terá que reinventar para fazer valer os seus sonhos
políticos e de poder. Neste processo, a viúva de Campos, a ex-primeira dama de
Pernambuco Renata Campos já está tendo um destaque fundamental. Suas posições
serão fundamentais na decisão para que a vice de Campos, a ex-senadora Marina Silva,
seja ungida à condição de presidenciável pela Executiva da legenda, e em
Pernambuco ela já está colocando a candidatura do adversário Armando Monteiro
Neto (PTB) sob pressão, ao assinar um documento pedindo que o petebista que foi
aliado de Campos por mais de sete anos - não utilize imagens de Campos em sua campanha
pelo Governo do Estado.
O peso de Renata dentro do PSB
começou a ser evidenciado poucas horas após a morte de Campos. Ainda na
quarta-feira, dia do acidente que vitimou o ex-governador e outras seis
pessoas, incluindo seus assessores de campanha, o irmão de Eduardo, Antônio
Campos, defendeu o nome de Marina para encabeçar a chapa socialista à
Presidência da República. No dia seguinte, Renata teria marcado uma reunião com
a cúpula do partido para esta segunda-feira (18), em uma casa de eventos, no
Recife, para discutir o legado de Campos e os rumos do partido.
Sem Campos, Renata ganha uma
dimensão enorme como uma possível puxadora de votos para o PSB e apesar de não
ter falado publicamente com a imprensa desde o acidente, já teria manifestado
apoio para que Marina encabece a corrida eleitoral rumo ao Planalto e para que
o partido assegure o cumprimento dos acordos firmados pelo marido, o que
naturalmente envolve as eleições nacional – incluindo Marina como cabeça de
chapa -, estaduais e proporcionais.
Diante do peso da tragédia e da
comoção popular criada com a morte do ex-governador, Renata teve o seu nome
alçado quase que imediatamente à uma possível condição de vice em uma chapa
encabeçada por Marina. A própria Marina seria uma das defensoras desta possibilidade,
bem como outros socialistas de peso e bastante ligados a Campos como o prefeito
do Recife, Geraldo Julio, e Maurício Rands, um de seus coordenadores de
campanha.
"Há um clamor não só em
Pernambuco, mas no Brasil, para que Renata venha a integrar a chapa de Marina
como vice", afirmou. "Ela (Renata Campos) tem todas as qualidades
para representar o PSB nesta chapa", disse Rands. "É uma decisão que
cabe à ela e o Brasil saberá a decisão que ela a venha tomar", completou.
A possibilidade coloca as candidaturas pela reeleição da presidente Dilma
Rousseff (PT) e do mineiro Aécio Neves (PSDB) sob pressão, uma vez que a emoção
criada pela tragédia provocou em todo o Brasil levando às alturas a questão da
imprevisibilidade provocada com o impacto do fato sobre o eleitorado nacional.
A possibilidade, porém, é vista
com ressalvas. "Renata sempre foi e será uma mulher política e
participativa. Mas a prioridade nela neste momento é ser mãe dos cinco filhos
que teve com Eduardo. Ela vai continuar participando da vida pública, mas tenho
convicção que a prioridade dela é ser mãe. Campos levou 29 anos para se firmar
como uma liderança e ninguém pode ser assim, substituindo-o de uma hora para
outra", disse o governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), ao ser
questionado pela reportagem do Pernambuco 247 ao final do velório de Campos, no
Recife.
"Mas o PSB vai sim
discutir a vice de marina e que deverá ser alguém do próprio PSB", disse
Lyra. Entre os nomes mais cotados para ocupar a vaga estão do deputado federal
Beto Albuquerque (RS) e da ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina.
Uma outra possibilidade está no
fato da vice ser assumida pelo ex-ministro da Integração, Fernando Bezerra
Coelho, atualmente candidato ao Senado por Pernambuco. Neste caso, Renata iria
para o lugar de Fernando, possibilitando a manutenção do legado político do
socialista no Congresso Nacional. O presidente do PSB, Roberto Amaral, já havia
declarado que "ela poderá ser o que quiser", mas o partido só
anunciará qualquer decisão na quarta-feira.
Paralelamente as discussões
nacionais, Renata também está colocando a sua força nas eleições estaduais,
ainda mais após as especulações de que a candidatura de Paulo Câmara poderia
ser substituída em função do baixo desempenho nas pesquisas eleitorais, que o
colocam com 13% das intenções de voto, contra 47% do rival Armando Monteiro
Neto.
CÂMARA – que,
assim como o prefeito Geraldo Julio teria sido escolhido por Campos em função
do seu perfil técnico sem nunca ter disputado uma eleição anterior - precisava
da presença do seu padrinho político ao seu lado para alavancar a sua
postulação e tornar-se mais conhecido do eleitor pernambucano. Nas últimas
cinco semanas antes da sua morte, Campos aproveitou qualquer passagem sua pelo
Nordeste de maneira a colar a sua figura com a do afilhado político.
Já a campanha de Armando,
apesar das críticas abertas ao ex-governador, o apresentava como um ex-aliado
de Campos capaz de "fazer Pernambuco avançar ainda mais", até por
conta da aliança com o PT da presidente Dilma Rousseff em nível estadual.
Agora, com uma situação
totalmente nova e de resultados imprevisíveis, os partidos já estão tentando se
adequar e a marcar posições. Nesta direção, Renata Campos volta a ter um papel
fundamental também no pleito estadual.
De acordo com o deputado
federal Raul Henry (PMDB), vice na chapa de Paulo Câmara (PSB) ao Governo de
Pernambuco, a morte de Campos resulta em um completo redesenho da estratégia de
campanha, seja para o PSB ou para o rival PTB. "Já existia um pedido
formal do próprio Eduardo para que sua imagem não fosse usada pela campanha de
Armando Monteiro (PTB). E enquanto eu estava em São Paulo, tratando da
liberação dos corpos de Campos e seus assessores, ela assinou um pedido formal
para as imagens dele não fossem usadas pela coligação adversária. O Conjunto da
oposição em Pernambuco não representa campos em nada, aliás, o criticava
abertamente. Não vamos permitir "fraudar" as eleições de
Pernambuco", afirmou Henry. O PTB foi procurado sem sucesso pela reportagem
do Pernambuco 247 para comentar o assunto.
A situação dá mostras do grau
de emotividade que deverá marcar o tom da campanha eleitoral não apenas do PSB,
mas também dos demais partidos. PT, PSDB, PTB já haviam dito que iriam
homenagear Campos, assim como o PSB, em seus programas eleitorais de rádio e
televisão que serão levados ao ar a partir de amanhã (19). Se as homenagens
irão além disso, chegando ao embate eleitoral, ainda não se sabe.
Pelo sim, pelo não, a reunião
do PSB no Recife, marcada pela viúva para esta segunda-feira, será o ponto
nevrálgico que definirá os rumos do PSB. O passo seguinte, será a reunião da
Executiva Nacional em Brasília, nesta quarta-feira. Em ambas, a palavra de
Renata Campos terá um peso impensável até poucos dias atrás.
Fonte: Brasil 247 Pernambuco
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