O senador José Sarney
teria confidenciado a interlocutores no Amapá que estava desistindo da disputa
ao Senado em função da insistência do deputado Davi Alcolumbre em também
disputar a vaga, e ainda pelo fracionamento do grupo político que,
historicamente, tem lhe garantido a reeleição.
Segundo fonte muito próxima ao senador, Sarney
teria partido de Macapá, na quinta-feira, 19, extremamente aborrecido com a
fragmentação de seu grupo político no Estado.
Além da relutância do antigo aliado Davi Alcolumbre
em manter a sua candidatura ao Senado, que lhe tira votos na base eleitoral,
Sarney estava descontente com o fracionamento do grupo político que lhe tem
dado sustentação política no Estado, conhecido como "harmonia entre os
poderes", ou simplesmente "grupo da harmonia", composto por
políticos, empresários e outras autoridades, que foram apeados do poder nas
eleições de 2010, com a eleição ao governo do socialista Camilo Capiberibe
(PSB/AP), e que, até pouco tempo, eram comandados pelo ex-governador Waldez
Góes, que foi preso – juntamente com as outras autoridades – pela Polícia
Federal na operação "Mãos Limpas".
Outro motivo do agastamento de Sarney é a
radicalização do PT local em relação à sua presença política no Estado. Mesmo
com interferência da direção nacional, que tem simpatia pelo senador, os
petistas amapaenses não abrem mão de seguir com o PSB nestas eleições. A
vice-governadora Dora Nascimento (PT/AP), que é pré-candidata ao Senado, diz
com todas as letras e para quem quiser ouvir que com Sarney não tem acordo.
Mas a gota d'água para a desistência do velho
oligarca teria sido o conhecimento antecipado dos resultados da pesquisa de
intenção de votos realizada pelo Ibope no Amapá. A pesquisa foi anunciada pelos
seus próprios aliados da mídia amapaense, inclusive noticiaram a data do
fechamento de seu campo, mas depois, estranhamente, informaram através de uma nota
lacônica que a tal pesquisa teria sido cancelada. Reza a lenda que Sarney teria
mexido os pauzinhos para que a pesquisa não fosse divulgada.
Isso porque, nela, Sarney teria visto tudo o que
não esperava ver. O seu crescimento nas intenções de voto para o Senado teria
empacado em torno dos 23 pontos percentuais, enquanto as dos seus adversários
teriam avançado. Inclusive, a própria avaliação positiva do governador do
Estado, Camilo Capiberibe, um desafeto político histórico, teria crescido
significativamente. O senador octogenário teria vislumbrado, neste cenário, uma
ameaça de morte ao seu projeto de reeleição e teria resolvido jogar a toalha.
Um fato parece confirmar essa
versão. Na edição deste domingo, 22, do jornal A Gazeta, um periódico ligado umbilicalmente
ao senador, na coluna Gazetilha, o político maranhense, em tom de despedida, afirma
que "qualquer que seja a sua
decisão sobre concorrer ou não ao cargo de senador, continuará ajudando o
estado a se desenvolver". O curioso é que as notas que falam
do político maranhense têm o sugestivo titulo de "A hora de Sarney",
como que a indicar uma "passagem" para outra esfera política.
Sem dúvida, sem
poder contar com as máquinas do Estado e do município, que estão nas mãos de
seus adversários políticos, com o grupo esfacelado e ainda ter que se defender
do fogo amigo, a campanha de Sarney à reeleição seria um empreitada
extremamente difícil de alcançar êxito. Para quem já foi presidente da
República seria um triste e inglório fim. Melhor tirar o time de campo e ficar,
de agora em diante, na plateia. Doí menos...
Fonte: mzportal
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