A
foto acima exibe o exato momento em que o PT do Amapá, reunido em encontro
estadual, aprovou há quatro dias a renovação da aliança
com o governador Camilo Capiberibe, do PSB do presidenciável Eduardo Campos.
Capiberibe concorre à reeleição. O petismo local indicou para a chapa a
candidata ao Senado: Dora Nascimento, atual vice-governadora. Tudo isso pode
ser anulado. Lula não gostou.
Para o Senado, Lula deseja que o
PT do Amapá apoie a recandidatura de José Sarney (PMDB), a “velha raposa” que
Eduardo Campos gostaria de “aposentar”, para evitar que continue “roubando os
sonhos” dos brasileiros. Para o governo estadual, Lula prefere que o PT
amapaense entregue o seu tempo de propaganda no rádio e na tevê a Waldez Góes
(PDT), não a Capiberibe.
Após ter sua candidatura ao
Senado referendada pelos companheiros, a petista Dora Nascimento referiu-se à
intenção de Sarney de renovar o mandato de mais de duas décadas de senador pelo
Amapá como “uma reflexão de 24 anos que precisa ser revista”. Imaginando-se uma
candidata irreversível, ela soou peremptória: “Temos uma aliança com o PSB, e
temos o mesmo objetivo, que é o de resgatar o mandato deste povo.''
O mal do PT do Amapá foi
desconsiderar um detalhe: o partido pode ter muitas cabeças, mas revela-se
desmiolado sempre que esquece que é comandado por uma cabeça só. Vítima da
mesma confusão mental, uma ala do PT do Maranhão associara-se à candidatura de
Flávio Dino (PCdoB) ao governo local. Por ordem de Lula, o PT federal empurrou
seu diretório maranhense para a canoa de Lobão Filho (PMDB), o candidato
autorizado pelo clã Sarney.
Sucede algo semelhante no Amapá.
Ali, para contentar Sarney, seu amigo de infância desde a campanha presidencial
de 2002, Lula defende o retorno ao poder de Waldez Góes, que já governou o
Estado por dois mandatos, iniciados em 2003. Lula se dispõe a emprestar o seu
prestígio a despeito da biografia tóxica do personagem.
Em 2010, de saída do cargo de
governador, Góes lançou-se ao Senado. Exibia em sua propaganda eleitoral um
vídeo com mensagem de apoio de Lula. Súbito, na reta final da campanha, a
Polícia Federal prendeu o candidato. Góes foi ao cárcere numa operação batizada
com o sugestivo nome de Mãos Limpas. Acusado de desviar verbas federais, ele
foi denunciado pelo Ministério Público.
Uma notícia divulgada
nesta terça-feira (17) no site da Procuradoria-Geral da República indica que
Góes tornou-se uma espécie de freguês de caderneta dos órgãos de controle. Ele
acaba de ser denunciado novamente pelo Ministério Público Federal, no Amapá.
Dessa vez, acusam-no de sonegar ao INSS R$ 120 mil em contribuições
previdenciárias retidas de uma firma de segurança contratada pelo Estado
durante a sua gestão.
Em caso de condenação, informa a
Procuradoria, Góes terá de ressarcir o dano, acrescido de multa. De resto, pode
ter os direitos políticos suspensos por 10 anos. Nessa ação, o ex-governador
responde por improbidade administrativa. Mas os mesmos fatos renderam-lhe uma
ação penal. Corre desde 2011. Se for condenado, Góes pode pegar até cinco anos
de cadeia.
Não é só: no último dia 2 de
junho, a Justiça do Estado do Amapá condenou o protegido de Sarney e Lula num
esquema semelhante. Nos dois últimos anos do seu mandato de governador, 2009 e
2010, Góes deixou de repassar valores retidos de servidores públicos para
cobrir empréstimos consignados.
Fonte: Josias de Souza
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