Coligações dos 3 principais
candidatos não se reproduzem regionalmente. Infográfico mostra fragmentação de
siglas que compõem alianças nacionais.
Os partidos da base de apoio de
cada um dos candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano (veja quem apoia quem) vão se confrontar nas votações estaduais. Um levantamento
feito pelo G1 nos 26 estados e no Distrito Federal mostra que a maioria das
alianças regionais não reproduz a coligação nacional. Pelo contrário: em todas
as unidades da federação, há disputas entre partidos que apoiam o mesmo candidato
ao Palácio do Planalto (veja no infográfico todas as alianças feitas nos
estados).
A presidente Dilma Rousseff,
por exemplo, não tem todos os seus partidos de apoio unidos em nenhum estado do
país. Aécio Neves só consegue reunir
todas as siglas de sua base em uma mesma coligação em Minas Gerais. Em São
Paulo, o PTB deixou a chapa de última hora, mas não deve migrar para nenhum dos
opositores.
No Maranhão, o candidato Flávio
Dino, do PCdoB, um dos mais fiéis partidos da base de Dilma Rousseff, tem em sua
coligação o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos. Na prática, isso
significa que Dino poderá receber no palanque os três presidenciáveis mais bem
posicionados nas pesquisas.
O PSD, de Gilberto Kassab, que
participa da chapa de Dilma, só está presente em quatro coligações estaduais
com o PT. Com o PSDB, rival dos petistas, o partido forma 13 alianças.
O PSB, que decidiu lançar
candidato próprio à Presidência neste ano, é outro exemplo de como nos estados
a situação é diferente. A sigla está junto com o PT em quatro estados e com o
PSDB, em 11.
FIM
DA VERTICALIZAÇÃO - A mistura nas coligações decorre, entre
outros fatores, do fato de a legislação eleitoral não obrigar os partidos a
seguir as mesmas alianças celebradas no plano presidencial – a chamada
verticalização, que deixou de valer no pleito de 2010. Desde então, o cenário
nos estados tem contrastado cada vez mais com o da votação nacional.
Para se ter uma ideia, em 2010,
PMDB e PT estavam juntos em 13 coligações regionais. Esse número agora caiu
para nove. Principal partido da base aliada do governo, o PMDB estará junto do
PSDB no Acre, na Bahia, no Ceará, no Espírito Santo, em Pernambuco, no Piauí,
no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Norte e em Roraima.
Para a cientista política
Silvana Krause, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esse
fenômeno não é novo. "O sistema eleitoral brasileiro cria uma situação que
faz com que haja subsistemas estaduais. Apesar de uma estrutura organizativa
nacional, os partidos têm uma realidade estadual muito distinta. As dinâmicas
partidárias são muito regionalizadas", explica. Para ela, o comportamento
dos partidos indica uma necessidade de acomodar forças para "ampliar o
mercado eleitoral".
"Há uma legislação que
deixa os partidos bastante livres para tomar decisões. Para as executivas
nacionais, também não é interessante impor uma lógica nos estados, a não ser em
situações muito constrangedoras", diz Silvana Krause, uma das
organizadoras do livro "Coligações partidárias na nova democracia
brasileira – Perfis e tendências".
O cientista político Yan
Carreirão, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), diz que um dos
problemas do país é a "fragmentação" do sistema partidário. "O
fato de, no Brasil, a legislação favorecer as siglas pequenas, que conseguem o
mínimo de representação, com recursos de poder como tempo de TV e fundo
partidário, faz com que elas sejam cobiçadas no momento das eleições."
Segundo Carreirão, no entanto,
os acordos também revelam que os partidos "cada vez menos se diferenciam
ideologicamente". "Entre os relevantes, a distância diminuiu. Mesmo
entre PT e PSDB, ela já foi maior. Então fica difícil para os eleitores
diferenciarem os partidos e as coligações. O eleitor tem uma tarefa bastante
complicada na hora do voto", destaca.
Sobre a divisão da base de
apoio dos candidatos, o cientista político afirma que é muito difícil evitar
que isso aconteça. "Claro que o ideal para um candidato a presidente é ter
em cada estado um palanque composto por todos os partidos da coligação
nacional. Mas hoje, devido ao grau de fragmentação e às diferenças estaduais
dos partidos, isso é algo inviável."
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário