Por obstrução de aliados, votação da minirreforma eleitoral foi adiada. Na
semana passada, PT garantiu que não iria obstruir votação da proposta.
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Os líderes do PT, José Guimarães, e do PMDB, Eduardo Cunha, discutem no plenário |
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo
Cunha (RJ), acusou nesta terça-feira (15) o PT de descumprir acordo feito na
semana passada para a votação da minirreforma eleitoral e disse que o partido,
maior aliado do governo, passará a obstruir todas as votações da Casa.
A segunda tentativa do PMDB de votar o
projeto que altera regras eleitorais falhou na tarde desta terça devido à
iniciativa de partidos governistas, com o apoio do PT, de apresentar reiterados
requerimentos pedindo o adiamento da sessão.
A votação teve que ser interrompida
antes da discussão da matéria porque uma sessão do Congresso Nacional para
análise de vetos presidenciais estava marcada para às 19h.
Na semana passada, em reunião com a
presidente Dilma Rousseff, o PT e PMDB entraram em acordo para votar, sem
obstrução, a medida provisória que criou o programa Mais Médicos e depois a
minirreforma eleitoral. O PMDB havia ameaçado impedir a votação da MP se o PT
continuasse a tentar adiar a análise do projeto sobre regras eleitorais.
Após intervenção de Dilma, os dois partidos se comprometeram a não usar regras regimentais para impedir as votações. A MP do programa Mais Médicos foi aprovada na Câmara na última quarta (9). Já a minirreforma eleitoral estava prevista para ser votada nesta terça. No entanto, PSOL, PDT, PSB e PT defenderam mais tempo para analisar o relatório do projeto feito por Eduardo Cunha.
Após intervenção de Dilma, os dois partidos se comprometeram a não usar regras regimentais para impedir as votações. A MP do programa Mais Médicos foi aprovada na Câmara na última quarta (9). Já a minirreforma eleitoral estava prevista para ser votada nesta terça. No entanto, PSOL, PDT, PSB e PT defenderam mais tempo para analisar o relatório do projeto feito por Eduardo Cunha.
O PSB apresentou requerimento pedindo o
adiamento da discussão por duas sessões e recebeu o apoio do PT. O requerimento
foi rejeitado, mas evitou mesmo assim a votação do texto já que a sessão teve
que ser cancelada para que o plenário do Congresso se reunisse.
Irritado, Eduardo Cunha disse que o PT
não honra acordos e exigiu que a proposta seja votada nesta quarta (16).
"O PMDB só continuará votando as matérias nessa Casa quando essa matéria
for votada. Se for contra, rejeitem. Se o PT continuar a obstruí-la, o PMDB se
sentirá no direito de obstruir as demais matérias. A obstrução será extensiva
às matérias em comissões. Se o PT não quer cumprir trato feito na frente da
Presidência da República, assuma!", disse Cunha.
O líder do PT, José Guimarães (CE),
pediu a palavra para rebater as acusações do peemedebista. Ele argumentou que o
partido não está obstruindo porque não foi o autor dos requerimentos de
retirada de pauta, "apenas" votou a favor do adiamento. O partido é
contrário ao teor do projeto. "Não me venha cobrar acordo de coisa que eu
não fiz. Eu disse que não tinha pelo PT acordo de mérito. Tanto é que está no
'sim' [orientado votação pelo adiamento da sessão]. Nós votamos pelo 'sim' e
perdemos. Não estamos obstruindo a sessão", disse.
Ao deixar o plenário, Eduardo Cunha
afirmou que o PT faz "molecagem" ao defender o adiamento da votação.
"Isso é molecagem! O que estou discutindo é uma questão de princípios. O
PMDB cumpre acordos, eu sou um homem que cumpre acordo. O PT não está cumprindo
o acordo", disse.
MINIRREFORMA - Entre as propostas previstas no projeto da minirreforma eleitoral estão
artigos que tratam sobre os casos em que um candidato está filiado a dois
partidos simultaneamente. Atualmente, a legislação prevê que quem troca de
partido deve comunicar à antiga legenda e à Justiça Eleitoral sobre o
cancelamento da filiação.
Nas ocasiões em que o candidato não
fazia a comunicação imediatamente, a lei dizia que ficava configurada a “dupla
filiação”. Como punição, a Justiça Eleitoral acaba considerando nulas as duas
filiações, o que impede o político de se eleger. O projeto de lei, porém,
determina que o juiz eleitoral apenas cancele a filiação mais antiga,
permanecendo a mais recente.
Outra mudança proposta pela
minirreforma é considerar crime a contratação direta e indireta de pessoas com
o objetivo específico de divulgar mensagens ou comentários na internet para
ofender a honra ou denegrir a imagem de um adversário político, partido ou
coligação. O projeto prevê pena de detenção de dois a quatro anos para os
autores da difamação, mais o pagamento de multa entre R$ 15 mil e R$ 50 mil.
Além disso, as modificações eleitorais
determinam que a eventual substituição de um candidato só poderá se dar se
ocorrer com pelo menos 20 dias de antecedência da eleição, à exceção dos casos
de morte. Hoje, as siglas são autorizadas a substituir a qualquer momento um
candidato considerado inelegível, que renunciou ou teve seu registro indeferido
ou cancelado.
Muitas vezes, políticos que eram, por
exemplo, barrados pela Lei da Ficha Limpa se mantinham na disputa eleitoral até
a véspera do pleito para evitar a retirada de seu nome e de sua foto da urna eletrônica.
Posteriormente, os votos atribuídos a ele eram encaminhados para seu substituto
na eleição.
Por outro lado, a proposta de
dispensa os candidatos de apresentarem recibos nos casos de cessão de bens
móveis que não ultrapassem R$ 4 mil. O texto também libera os políticos de
prestarem contas de doações em dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês
financeiros que tenham como objetivo bancar despesas decorrentes do uso comum
de sedes e de materiais de propaganda eleitoral. Na avaliação da assessoria
legislativa da bancada do PSOL, a medida irá fragilizar a fiscalização e a
prestação de contas eleitorais.
Outro artigo polêmico é o que
classifica como “propaganda antecipada” a utilização de redes de radiodifusão
pelos chefes dos Três Poderes para divulgar atos que simbolizem propaganda
política ou ataques a partidos políticos. A falta de clareza em trechos
inseridos no artigo 37 da Lei das Eleições pode permitir o uso político da nova
regra.
Fonte: G1
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