Em celebração aos dez anos do programa implantado durante seu governo, ex-presidente rebate dezenas de críticas da imprensa e de políticos já feitas contra a iniciativa; "Eu não sei por que tanto incômodo pelo pobre receber 70, 100 reais", disse; ironizou ao dizer que sabe que "é difícil ver o pobre evoluindo"; antecessor de Dilma Rousseff afirmou que o Bolsa Família "está mudando o curso do País"; e garantiu: "Se hoje eu começasse meu governo de novo, começaria outra vez pelo Bolsa Família. Nenhum outro programa, dentre muitos outros que criamos, teve tanto impacto na construção de uma nova mentalidade no Brasil"
Em
cerimônia que celebra os dez anos do programa Bolsa Família, implantado pelo
ex-presidente Lula, o petista comemorou a data respondendo a dezenas de
críticas feitas pela imprensa e por políticos. "Eu queria ter convidado
alguns jornalistas e políticos para vir assistir à apresentação da [ministra]
Tereza Campello. Quem sabe um dia fosse necessário uma sessão extraordinária na
Câmara para que a ministra pudesse fazer uma apresentação para os deputados e
senadores", começou Lula, em referência aos números apresentados pela
titular da pasta de Desenvolvimento Social e Combate à Fome sobre o impacto do
programa.
Lula
citou, em seu discurso, diversas manchetes da imprensa já feitas contra o
programa: "No dia 21/06/2006, foi escrito num jornal que o Bolsa Família
forma mendigos. Isso veio de uma adversária nossa. Outro companheiro nosso
dizia assim que era uma tragédia social. Outro que era fácil de entrar, mas
difícil de sair. Outros diziam que era bolsa ilusão, bolsa eletrodoméstico, uma
grande enganação...", enumerou. "Eu não sei por que tanto incômodo
pelo pobre receber 70 reais, 100 reais. Eu não sei o que incomoda tanto",
criticou.
O
antecessor da presidente Dilma Rousseff afirmou que, se tivesse que recomeçar
seu governo hoje, o faria novamente por meio desse programa. "Se hoje eu
começasse meu governo de novo, começaria outra vez pelo Bolsa Família. Nenhum
outro programa, dentre muitos que criamos, teve tanto impacto na construção de
uma nova mentalidade no Brasil". Emocionado, disse ainda que "não
existem números que representam" ou "indicador estatístico para
traduzir a palavra dignidade".
Na
avaliação de Lula, "era de se esperar que um programa dessa dimensão
causasse dúvidas e questionamentos". Mas a resposta para essas questões,
disse ele, "é simples", pois "as pessoas se incomodam quando os
pobres ganham algo além de feijão". Ele também foi irônico ao dizer que
hoje "o pobre está evoluindo" e, por isso, o patrão se encontra com
sua empregada no aeroporto, a empregada usa o mesmo perfume da patroa e o
jardineiro anda com o carro do mesmo modelo que o chefe. "Eu sei que é
difícil", disse Lula, arrancando risadas.
De
acordo com ele, essas críticas são de quem quer "tentar responsabilizar o
pobre pelas razões para a existência do nosso abismo social". Felizmente,
disse Lula, "não é o que todos pensam. Há quem pense que este é o maior
programa de transferência de renda do mundo, como a ONU. E se não fosse assim,
não receberíamos o prêmio que recebemos hoje". O Bolsa Família recebeu, durante
o evento, o reconhecimento da ISSA, Associação Internacional de Seguridade
Social.
Lula
parabenizou a presidente Dilma Rousseff por sua gestão até o momento.
"Dilma, você não tem dimensão do que já fez em três anos. Continue assim.
Quem vai te agradecer são os pobres, porque os outros te esquecerão com muita
facilidade", afirmou.
A
presidente Dilma fez uma crítica indireta, em seu discurso, à reivindicação do
PSDB, que afirma que o DNA do Bolsa Família é tucano. "Ao contrário do que
ocorria durante muitos anos nesse país, a transferência direta de renda por
meio de um cartão magnético pessoal e intransferível serviu para romper com a
longa tradição de programas assistencialistas, de baixa efetividade, e que
tinham vigência próximo das eleições", disse. O ex-presidente tucano
Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula, afirma que o embrião da
iniciativa começou em sua gestão.
Ela
afirmou que o programa "vai existir enquanto houver uma só família pobre
no país". Como Lula, Dilma rebateu críticas de que o programa seja
"caridade" do governo. "O Bolsa Família não é caridade, e sim
uma tecnologia social de distribuição de renda e combate à desigualdade. Renda
é poder de compra, de quem ganha o Bolsa Família que tem autonomia para decidir
o que compra. (...). À medida que o Bolsa Família transfere renda dessa forma,
gera liberdade de escolha, de cidadania e de consideração da pessoa que recebe
como cidadã brasileira", destacou.
A
solenidade realizada para celebrar a década do programa contou com a presença da
maioria dos ministros do governo, governadores, prefeitos e secretários. A
cerimônia aconteceu no Museu da República, em Brasília.
RESULTADOS - Mais cedo, pelo
Twitter, a presidente Dilma destacou os números e a importância do programa
Bolsa Família, com a retirada de 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza,
o atendimento a 50 milhões de beneficiários e o retorno do dinheiro investido
no programa para o Produto Interno Bruto (PIB).
"Hoje
é um grande dia: comemoramos os dez anos do maior programa de inclusão social
do mundo. (...) Nunca tanta gente saiu da miséria tão rápido:
#BolsaFamilia10anos retirou 36 milhões da extrema pobreza, sendo 22 milhões
desde 2011. (...) Nunca as pessoas mais pobres foram diretamente beneficiadas:
são 50 milhões de beneficiários em 13,8 milhões de famílias", escreveu a
presidente.
Segundo
Dilma, "nunca tanta gente teve tantas oportunidades para seguir subindo na
vida". A presidente lembrou a oferta de 800 mil vagas de capacitação pelo
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) Brasil Sem
Miséria. E os jovens beneficiários têm desempenho escolar acima da média
nacional, além de menor abandono dos estudos.
"Nunca
o país teve governos tão comprometidos com o fim da desigualdade. (...) Nunca
tantas crianças puderam mostrar seu valor: os filhos dos beneficiários do
#BolsaFamilia10anos têm taxa de aprovação igual e de abandono da escola menor
que a media dos demais alunos do país", explicou Dilma em sua conta no
microblog.
Fonte: Brasil247
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