Acostumados a se esgueirar pela
noite, sempre em bandos, em busca de homossexuais e negros andando desacompanhados
(para cobrir de porradas, quem sabe matar), predadores neonazistas agora deram para
exibir sua truculência à luz do dia.
Como participantes das
manifestações que a direita paulistana vem promovendo para disseminar seus
ideais golpistas, esses órfãos de
Hitler parecem ter encontrado uma turma disposta a acolhê-los
e legitimá-los, como se fossem apenas mais alguns entre os opositores do governo
da presidente Dilma Rousseff, do PT, recém-eleita.
Seria apenas uma moçada jovem,
careca e muitas vezes musculosa exercendo o sagrado direito democrático de manifestação e
expressão.
Só que não.
Nas redes sociais, essa gente
reúne-se em comunidades com nomes carregados de simbolismos de violência
explícita, como Carecas do ABC,
CCC (uma homenagem ao velho Comando de Caça aos Comunistas,
organização paramilitar de direita que teve seu apogeu nos anos 1970), Frente Integralista Brasileira (uma
contrafação de organização nazista), Confronto 72 (anti-semita e skinhead), além do Combate RAC(Rock Contra o Comunismo) e do Front 88 (a oitava letra do alfabeto é o H; HH dá “Heil,
Hitler”, a saudação dos nazistas).
Trata-se de grupos que cultivam
o ódio como definição existencial, como se viu no ato público realizado
no sábado (15/11) pelo impeachment de Dilma.
Pois bastou a tais lobos
encontrarem a repórter-fotográfica Marlene
Bergamo, da “Folha de S.Paulo”,
que registrava a manifestação tendo ao lado Marcelo Zelic, vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais-SP, para começarem
a salivar.
Armados de socos ingleses,
muitos carecas, vestidos com camisetas ilustradas com a bandeira de São Paulo,
ou com os dizeres “Fora Dilma”,
ou “Hate” (Ódio), ou “Proud” (Orgulho), acharam-se no
direito de urrar nos ouvidos de quem desconfiavam ser “petralha”:
“Comunistaaaaa!”, “Vai pra Cubaaaaaa!”
Como hienas excitadas, e sempre
em bando, prometiam “limpar a rua desses malditos”. Logo um deles desferiu
cusparada no rosto de Zelic. Outro estapeou Marlene quando viu que ela filmava
a agressão.
Covardes.
É claro que a direita “fina”
quer parecer distante dessa turma. Não pega bem aparecer ao lado de facínoras
tatuados com o número 88,
ou exibindo a Cruz de Ferro com
a suástica, com que se
condecoravam os militares alemães, durante o Terceiro Reich.
O candidato a vice-presidente
na chapa de Aécio Neves, o senador Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP), totalmente sem eixo, perspectiva e nem
noção, achou de comparecer ao ato, mas sem subir nos carros de som.
Sua adesão, entretanto, foi
comemorada pela malta. Que o tucano, agora, não alegue desconhecimento sobre
quem seriam seus companheiros de passeata.
A última que essa gente
patrocinou, no dia 1º de novembro, acabou nas portas do Comando Militar do Sudeste, o
antigo Segundo Exército, no
bairro do Paraíso, em São Paulo, implorando pela “Intervenção Militar Já”.
Foi, aliás, nas tristes
instalações do Segundo Exército, em seu anexo mais soturno, o DOI-Codi, que o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado
em 1975, por bandidos anti-comunistas como esses que cuspiram no rosto do
ativista e bateram na fotógrafa.
E o que dizer da paralisia da
Polícia Militar diante das ameaças dos fascistas? Estaria inebriada com os
gritos de “Viva a PM!”, entoados pela turba?
Todos se lembram quando, nas
manifestações contra a Copa, a PM revistava mochilas e confiscava qualquer
apetrecho “suspeito”, levando preso o seu proprietário.
Foi assim que um frasco
contendo líquido amarronzado e cheirando chocolate, que depois a perícia provou
ser Toddynho mesmo, custou quase dois meses de prisão a um manifestante.
No ato pelo impeachment da
presidente Dilma, contudo, a polícia fez-se se de morta, enquanto rapazes com
socos ingleses, canivetes e nunchakus (arma usada por praticantes de artes
marciais) desfilavam impunemente, arrostando sua violência e arreganhando os
dentes.
Na hora em que essa gente matar
alguém, que pelo menos o senador Aloysio e o comando da PM não digam que foram
pegos de surpresa. Seu silêncio e inação são cúmplices.
Fonte: Conversa de Feira
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