Eleito no Maranhão,
ex-juiz Flávio Dino (PCdoB) compara a Operação Lava Jato à Mãos Limpas, feita
na Itália nos anos 1990; segundo ele, a solução ideal para o Brasil é a
instauração de uma constituinte exclusiva que evite o surgimento de um
aventureiro como o magnata italiano Silvio Berlusconi
Ex-juiz federal, o governador eleito do Maranhão,
Flávio Dino (PCdoB), acredita que o cenário do segundo governo Dilma será de
grande turbulência política em razão da Operação Lava Jato, que investiga
irregularidades na gestão da Petrobras. Ele lembra que as apurações já
arrolaram, em diferentes níveis de envolvimento, entre 40 e 50 parlamentares e
compara o caso com a Operação Mãos Limpas, que revelou a corrupção na política
italiana nos anos 90 e provocou uma reestruturação no sistema político daquele
país. Só espera que a conclusão aqui seja melhor do que lá, onde provocou a
ascensão do magnata Silvio Berlusconi, também envolvido em diversos escândalos.
“Ele repetiu de outro modo e escala todos os problemas do sistema anterior”,
comenta.
Para o governador eleito, as investigações e também
a decisão do STF que deve impedir a doação para campanhas políticas por pessoas
jurídicas (a votação está paralisada por um pedido de vistas do ministro Gilmar
Mendes) criam condições para uma reforma política. “A operação revela corrupção
e enriquecimento ilícito junto com o financiamento eleitoral. É o momento de
discutir com a sociedade quem paga o custo da democracia e quem deve pagar por
ele”, afirma. Dino defende o financiamento público de campanha e a realização
de uma constituinte exclusiva para tratar das reformas política e tributária,
cuja eleição de integrantes seria em 2016, junto com as disputas municipais.
Outra alternativa para impedir a berlusconização do Brasil, na opinião dele, é
a retomada do diálogo entre o PT e o PSDB, que comandam a política nacional.
Crença na punição aos corruptores
Antes de iniciar a carreira política, Dino presidiu
a Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e foi secretário-geral do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ). Ele afirma que tem certeza que a Operação Lava-Jato vai
terminar com a prisão de corruptos e corruptores. “Na época dos anões do
Orçamento (no início dos anos 1990), os senadores José Paulo Bisol e Pedro
Simon levantaram a questão da punição também aos agentes econômicos, mas não
havia um ator externo à política tão forte quanto o Judiciário é hoje”, opina.
Antigo colega do juiz Sergio Moro e de Teori Zavascki, do STF, Dino acredita na
independência de ambos para concluir as investigações.
STF independente
Para Dino, as nomeações dos presidentes Lula e
Dilma para o STF deram uma independência ao tribunal inédita na República. Para
ele, a situação só se compara a dois breves momentos: o confronto com Floriano
Peixoto e no início da ditadura militar, antes das cassações de três ministros.
Delgado será candidato, garante PSB
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice de
Marina Silva na última disputa presidencial, garantiu que o colega Julio
Delgado (MG) será o candidato do partido à Presidência da Câmara para concorrer
com Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB. O PT ainda discute o nome de seu
representante. Na semana passada, Delgado disse que ainda estava “pajeando a
boiada”. Ou seja: aguardando o desenrolar das negociações.
João Paulo tentará de novo
O PT de Recife gostaria de lançar um nome novo para
concorrer à prefeitura em 2016. Mas não tem muitas opções. O candidato deve
ser, novamente, o deputado João Paulo Lima, derrotado na disputa ao Senado pelo
ex-ministro da Integração Fernando Bezerra Coelho (PSB). Antes um campeão de
votos - foi eleito prefeito de Recife em 2000 e, por duas vezes, o deputado
mais votado de Pernambuco -, este ano João Paulo não conseguiu vencer nem na
capital.
“Antigamente o picareta achava a sombra. Agora não, quer ser
presidente da Câmara. Se o PT e a Dilma aceitarem, rompo e vou para a oposição”
Ciro Gomes, sobre a tentativa do deputado federal
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de comandar a Casa.
Fonte: Portal IG
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