Aproximadamente
10 mil servidores foram exonerados nas últimas semanas no Distrito Federal,
Tocantins, Maranhão e Roraima; meta é Lei de Responsabilidade Fiscal
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No Maranhão, houve 187 exonerações nas últimas duas
semanas somente na Casa Civil
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Aproximadamente 10 mil servidores comissionados
foram demitidos nas últimas semanas, nos Estados em que os governadores não
foram reeleitos ou não tiveram seus aliados escolhidos como seus sucessores na
eleição deste ano. A faxina ocorre em Estados como Distrito Federal, Tocantins,
Maranhão, Espírito Santo e Roraima.
Os governadores alegam que não se trata de
demissões políticas, mas de um processo de reestruturação econômica. As equipes
de transição, do outro lado, afirmam que as demissões têm o objetivo de adequar
os Estados à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e reduzir os déficits fiscais
de cada gestão neste final de mandato e, assim, livrar os gestores de eventuais
punições ou investigações por atos de improbidade administrativa. Assim, os
estados seriam entregues, ainda que superficialmente, “no azul” para os
sucessores.
Essas
medidas, conforme as equipes de transição, também têm objetivo político. Elas
argumentam que, ao efetuar cortes drásticos na reta final de gestão, os atuais
gestores não dariam aos sucessores o “bônus político” do corte de gastos ou de
reformas administrativas nos Estados. Em alguns casos, como no Maranhão, as
equipes de transição acusam governos de demitirem funcionários fantasmas de
forma antecipada, para que eles não sejam descobertos durante a próxima gestão.
A
situação é mais intensa no Tocantins, onde o governador Sandoval Cardoso (PSD),
que não se reelegeu, demitiu 6.550 servidores de uma vez só, aproximadamente
12% do funcionalismo público tocantinense. Foram extintas Funções de Confiança
(FCA), Função de Confiança de Segurança Pública (FCSP), Função de Confiança do
Magistério (FCM), Função de Confiança de Diretor Técnico de Hospital, entre
outras. As exonerações, publicadas no Diário Oficial do Estado de quarta-feira
última, passaram a valer a partir da sexta-feira, 31 de outubro.
A
equipe de transição do governador eleito Marcelo Miranda (PMDB) tem manifestado
preocupação com as contas públicas tocantinenses. A Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) do Estado apontava que, em 2013, Tocantins teve um déficit
orçamentário de 3,7% do PIB estadual, algo na casa dos R$ 550 milhões. A
preocupação da equipe de transição é que, em 2014, o governo ainda mantenha um
desempenho deficitário semelhante e as demissões seriam uma forma de mascarar esse
déficit.
No
Distrito Federal, as exonerações atingiram 2 mil servidores. Foram afetadas
áreas como a Secretaria de Governo, Educação, Saúde, Desenvolvimento Social,
Segurança Pública, Polícias Civil e Militar. As exonerações em massa começaram
a partir do dia 7 de outubro, dois dias depois do atual governador Agnelo
Queiroz (PT) ser eliminado da disputa eleitoral deste ano. Depois de ter ficado
fora do segundo turno das eleições, Queiroz já extinguiu seis secretarias de
governo.
Oficialmente,
as demissões no governo do Distrito Federal (GDF) têm o objetivo de gerar
superávit para a próxima gestão. O governador eleito Rodrigo Rollemberg (PSB)
tem classificado como “preocupante” a situação financeira do GDF. Para o
socialista, a gestão Agnelo deixará uma dívida de aproximadamente R$ 2 bilhões.
O petista nega e fala que, com as demissões, entregará o Estado com suas contas
no azul.
MARANHÃO - No
Maranhão, onde a governadora do Estado Roseana Sarney (PMDB) teve seu aliado
político Edison Lobão Filho (PMDB) derrotado pelo ex-presidente da Empresa
Brasileira de Turismo (Embratur), Flávio Dino, houve 187 exonerações nas
últimas duas semanas somente na Casa Civil. Entre as pessoas que foram
demitidas, estavam um DJ que mora em Vitória (Espírito Santo); a cunhada de
Ricardo Murad, secretário de Saúde do Maranhão, que mora no Rio de Janeiro,
entre outros.
A
situação chamou a atenção da comissão de transição do governo do Estado,
encabeçada pelo líder da oposição, Marcelo Tavares (PSB). “Nós já sabíamos que
havia alguns ‘penduricalhos’ no governo, mas a quantidade surpreendeu”, disse
Rodrigo Lago, futuro secretário de Transparência e Controle da administração
Flávio Dino.
Em
Roraima, cerca de 1,2 mil servidores da Assembleia Legislativa foram exonerados
no dia 8 de outubro, três dias após as eleições. O caso chamou a atenção do
Ministério Público Eleitoral (MPE) que suspeita de casos de abuso de poder
político de deputados estaduais. O MPE suspeita que alguns servidores foram
contratados para trabalhar apenas nas campanhas mas sendo pagos com dinheiro
público e, com o término das eleições, eles foram demitidos dos cargos de
comissão.
OUTRO LADO - Todos
os governos estaduais citados alegaram que as demissões não têm caráter
político e negam que os funcionários demitidos fossem apadrinhados. No geral,
os governadores afirmam que os cortes, nesta fase de transição de mandato, têm
a função de reestruturar a máquina pública para os governadores que assumirão
os Estados.
Em
nota oficial, o governo do Estado do Tocantins informou que “as exonerações têm
por objetivo permitir que todos os secretários e presidentes de autarquias
possam definir o número suficiente de servidores comissionados que deverão
exercer suas funções neste término de governo, de modo a impedir prejuízos e a
solução de continuidade dos serviços públicos”.
No
GDF, os cortes também são justificados pela tentativa de se fazer um “grande
superávit primário”, nas palavras do governador Agnelo Queiroz durante coletiva
realizada na última sexta-feira. O GDF negou que o governador tenha inchado a
máquina pública nos últimos anos e alegou que essa reestruturação no
funcionalismo tem a intenção de facilitar o processo de transição com o próximo
governo. O GDF também negou que existam entre os comissionados apadrinhados políticos
do governador.
No
caso do Maranhão, o governo também negou irregularidades. Em nota, a Casa Civil
disse que “a exoneração de servidores em cargos comissionados está de acordo
com as medidas previstas para serem executadas pelo governo até o final do
ano”. No entanto, o governo do Estado não respondeu a questionamentos sobre a
acusação de que haveria funcionários fantasmas, nem se os exonerados eram
apadrinhados da governadora.
Já a
direção da Assembleia Legislativa de Roraima não foi encontrada para comentar o
assunto.
Fonte:
Portal IG
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