O pedido do PSDB apresentado na quinta-feira
para que seja realizada uma auditoria na votação de 2.º turno da eleição
presidencial não encontrou eco no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Quatro dos
sete ministros da corte já dizem nos bastidores, em observações recheadas de
críticas ao partido de Aécio Neves, que a tendência é de que o pedido seja
rejeitado já na sessão da próxima terça-feira.
“Não há nada que comprometa” a lisura do
processo eleitoral, avaliou na sexta-feira o corregedor-geral da Justiça
Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha.
Na ação levada à Justiça Eleitoral, o PSDB cobra
a abertura de um processo para verificar os sistemas de votação e de totalização
dos votos, com a criação de uma comissão de especialistas indicados pelos
partidos políticos para analisar os dados solicitados ao TSE.
Parte dos documentos solicitados pelo PSDB, como
os boletins de urna, é de acesso público na internet. Outros podem ser
requisitados pelos partidos, com base nas resoluções da corte.
Se o partido quiser avançar no tema e realizar
uma auditoria, deverá fazer isso com seus próprios recursos com base nos dados
entregues pelo tribunal, apontam os ministros.
A avaliação inicial na corte é de indignação com o pedido do PSDB, cujo candidato, Aécio Neves, foi derrotado por uma diferença de 3,4 milhões de votos pela presidente Dilma Rousseff em votação no domingo passado.
A avaliação inicial na corte é de indignação com o pedido do PSDB, cujo candidato, Aécio Neves, foi derrotado por uma diferença de 3,4 milhões de votos pela presidente Dilma Rousseff em votação no domingo passado.
Noronha chegou a classificar como “prejudicial”
à democracia o pedido. Outros ministros usam a expressão “desserviço” e
“antidemocrático” para se referir ao pedido, mas destacam que o plenário vai
discutir o tema inclusive para “esclarecer” o processo eleitoral à sociedade.
Pela leitura da peça elaborada pelo PSDB e
notícias divulgadas, ministros avaliam que não há “nenhum fato concreto” que
motive uma autoria. O PSDB aponta, por exemplo, que denúncias se multiplicaram
na internet após o encerramento do processo de votação, inclusive com
elaboração de uma petição online pedindo a conferência do resultado. Mas os
ministros consideram que postagens esparsas nas redes sociais não são
suficientes para colocar em xeque o sistema eleitoral.
A decisão da Justiça Eleitoral de só divulgar o
resultado parcial da apuração quando a votação já estava praticamente definida
também é levantada pelos tucanos. Os dados só foram divulgados às 20 horas,
pois a Justiça esperou o encerramento da votação no Acre, que está três horas
atrás do horário de Brasília em razão do fuso horário em vigor.
O TSE destaca ainda que os partidos políticos,
inclusive o PSDB, participam das cerimônias de verificação do software das
urnas eletrônicas e tiveram as equipes jurídicas participando de todo o
processo eleitoral.
Torquato Jardim, ex-ministro do TSE, analisou a
peça do PSDB. A avaliação do advogado especialista em direito eleitoral é de
que ela “não aponta qualquer fato objetivo”. “Não há prova ou fato objetivo que
coloque o sistema em dúvida”, disse.
Já o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal
Federal e ex-ministro do TSE, defende o afastamento das dúvidas “para que
continuemos admirando o sucesso das urnas”.
Fonte: Estadão
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