Cunha explicou que a legenda
tem responsabilidade com o país e que a população não entenderia uma saída do
PMDB neste momento
O presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), disse hoje que o PMDB só manterá a aliança com o PT até o
final do governo para cumprir o compromisso firmado nas urnas e manter a
governabilidade do país. Segundo ele, não é “improvável” que a legenda saia a
qualquer tempo do governo, mas esta não seria a postura “ideal”.
“É uma forma de dizer para a
sociedade que estamos lá para dar governabilidade porque assumimos este
compromisso mas estamos doidos para cair fora”, afirmou. Durante um balanço
sobre o primeiro semestre a frente da Câmara dos Deputados, Cunha explicou que
a legenda tem responsabilidade com o país e que a população não entenderia uma
saída do PMDB neste momento, mas acrescentou: “Se tem um partido que não quero
fazer aliança hoje é o PT”.
O presidente da Câmara afirmou
que o PMDB nunca fez parte do governo e o fato de ocupar o comando de alguns
ministérios “não significa nada”. Segundo ele, as pastas interessam apenas aos
ministros mas não contempla ou inclui as posições do partido na tomada de
decisões.
“O PMDB não está no governo.
Estão os ministros, mas se pegar a estrutura abaixo é toda do PT. O PMDB não
manda nos ministérios. A gente fica com o ônus e não com o bônus. A aliança não
teve apoio de 40% do partido. E esses mesmos 40% continuam contrários ao
governo. O PMDB só serviu para votar e nunca para preparar uma elaboração
política,” avaliou.
Ontem, Cunha, vice-presidente
da República Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
confirmaram que a legenda terá candidatura própria nas eleições de 2018. Cunha
disse que não há candidaturas acertadas e descartou inclusive especulações
sobre o seu nome. “Não sou candidato a nada. Se o povo deixar eu voltar como
deputado já vou ficar feliz”, garantiu. Para ele, as declarações de Temer e
Renan mostraram que os peemedebistas agora estão falando “a mesma língua”.
“Quando eu falava era rebeldia. O PMDB tomou um posicionamento político. Todos
que têm influência e liderança no PMDB pensam iguais. Não aguentamos mais
aliança com o PT,” afirmou.
ARTICULAÇÃO
POLÍTICA - Eduardo Cunha voltou a defender a saída de Michel Temer
da articulação política do governo assim que as medidas do ajuste fiscal forem
concluídas. “Ele assumiu a articulação num momento da mais grave crise de
governabilidade. Se não tivesse assumido, as medidas de ajuste não teriam
passado, mas na minha opinião não deveria continuar,” disse.
Para o peemedebista, a atual
crise política aliada à crise econômica em que vive o país tendem a agravar a
capacidade do governo Dilma Rousseff. Cunha voltou a defender o parlamentarismo
como solução para o país e afirmou que se este fosse o regime atua, o Brasil
não estaria vivendo esta crise institucional e política. Segundo ele, o tema
será discutido assim que os parlamentares voltarem do recesso que começa a
partir da próxima semana e a ideia é estudar alternativas que possam valer a
partir de 2019.
Cunha ainda avaliou que a
pressão ao governo deve aumentar após o recesso parlamentar. “O aprofundamento
do desemprego vai gerar muita pressão em cima dos deputados que estarão em suas
bases no período do recesso. Eles tendem a voltar muito mais duros,” apostou.
Apesar das críticas, o presidente
da Câmara garantiu que deseja os melhores votos para Dilma. “A instabilidade
política e a ingovernabilidade não são boas para ninguém. Sou brasileiro, tenho
filhos. E ela sempre me tratou com maior deferência. Não tenho o que reclamar
dela. Mas não quer dizer que não posso criticar o governo. Como quero o melhor
a crítica talvez possa ajudar”, concluiu.
Eduardo Cunha ainda explicou
que está analisando o posicionamento de consultores da Câmara e de juristas que
não atuam no Congresso sobre o pedido de impeachment apresentado pelo Movimento
Brasil Livre. O peemedebista não opinou nesta etapa e disse que só vai se
manifestar quando tiver estudado todos os pareceres que, segundo ele, deve
ocorrer nos próximos 30 dias.
(Agência Câmara)
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