O cálculo político é simples: o
senador mineiro, que tenta de todas as formas alimentar a instabilidade
política no País, não pretende esperar por 2018; Aécio sabe que, daqui a quatro
anos, outros nomes dentro do próprio PSDB, como os governadores Geraldo Alckmin
e Marconi Perillo, assim como o senador José Serra, terão mais força para
postular uma candidatura presidencial; nesse cenário, Aécio teria que retornar
a Minas, onde recomeçaria do zero e enfrentaria o governador Fernando Pimentel
que ainda tem quatro anos para desmontar seu 'choque de gestão'; resumindo, o
que hoje move o carbonário da política brasileira é, sobretudo, seu interesse
pessoal.
Desde
que perdeu as eleições para a presidente Dilma Rousseff, em outubro do ano
passado, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já tentou de tudo.
Primeiro,
por meio do braço direito Carlos Sampaio (PSDB-SP), sugeriu erro na contagem
dos votos e pediu auditoria nas urnas eletrônicas. Depois, tentou evitar a
diplomação da presidente reeleita. Além disso, questionou a prestação de contas
da campanha presidencial do PT, que foi aprovada pelo Tribunal Superior
Eleitoral.
A mais recente manobra de Aécio
é o pedido para que o Supremo Tribunal Federal abra uma investigação contra a
presidente Dilma – pedido este que deve ser arquivado pelo ministro Teori
Zavascki, como já ocorreu com uma demanda anterior, apresentada pelo PPS (saiba
mais aqui).
Aécio tem apostando tanto na
instabilidade que recebeu um puxão de orelhas até do ex-deputado e ex-vereador
Agnaldo Timóteo, que, ao vivo, o acusou de querer incendiar o
país. "Esse playboyzinho de Copacabana e Ipanema está agindo como
moleque. Esse moleque que governou Minas Gerais quer que o país pegue fogo. Eu
não quero, eu não quero que meu País pegue fogo", afirmou (leia mais aqui).
Deixando de lado a frustração
por ter perdido por uma margem pequena a última disputa presidencial, o que
parece mover o senador mineiro é tão-somente seu interesse pessoal. Aécio sabe
que, em 2018, terá que recomeçar sua escalada política praticamente do zero,
retornando a Minas para uma nova disputa pelo governo estadual.
Concorrência
interna
- Sim, porque no PSDB há pelo menos três nomes melhor posicionados
para a disputa presidencial de 2018. O mais óbvio é o do governador paulista
Geraldo Alckmin que já declarou, mais de uma vez, que a presidente Dilma foi
eleita e deve cumprir seu mandato até o fim. O discurso dos 'alckmistas' já
está até pronto. Em 2014, São Paulo deu a Aécio tudo o que podia dar. Ele só
não venceu porque foi incapaz de ter a maioria dois votos em Minas Gerais. Ou
seja: a missão partidária de Aécio em 2018 será recuperar Minas.
Entre
os governadores, Marconi Perillo é outro que irá postular a candidatura
presidencial após 16 anos à frente de Goiás, período em que o estado se
destacou pela geração de empregos e pela industrialização e pelos avanços na
educação básica – no ano passado, Goiás ficou em primeiro lugar na avaliação do
Ideb. No mínimo, Marconi irá abrir, no PSDB, uma frente em defesa da realização
de prévias – aliás, ele é outro político de peso que também já se manifestou em
defesa da legalidade e do mandato da presidente Dilma.
Além de dois governadores com
vários mandatos nas costas, Aécio terá outro concorrente de peso: ninguém menos
que o senador José Serra (PSDB-SP), que, numa entrevista recente, não descartou
uma nova candidatura presidencial. Embora bata forte no governo Dilma e no PT,
Serra hoje parece mais preocupado em liderar uma agenda propositiva no Senado
do que em aderir ao movimento golpista.
Isso significa que, entre os
cardeais tucanos, o principal apoio de Aécio vem hoje do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, que também se move pelo ressentimento em relação ao PT e ao
ex-presidente Lula. É pouco para garantir a Aécio o posto de candidato natural
em 2018.
Concorrência
externa
- Assim como terá dificuldades internas, dentro do próprio PSDB,
Aécio não terá vida fácil em Minas Gerais, onde o governador Fernando Pimentel,
do PT, tem quatro anos pela frente para desmontar o seu alardeado 'choque de
gestão'.
Em
movimentos recentes, mas sutis, Pimentel já sinalizou que está pronto para o
combate. Rejeitou a proposta de orçamento apresentada pelo governo anterior,
apontando que havia receitas superestimadas e despesas subestimadas. Também
contratou como 'xerife' Mário Vinícius Spinelli, que foi responsável, na
prefeitura de São Paulo, pela descoberta de vários esquemas de corrupção.
Neste tema, Aécio viveu um
constrangimento quando da divulgação da chamada 'lista de Janot'. Ele foi
citado pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário de um suposto esquema de
propinas em Furnas e seu caso ainda pode ser reaberto pelo procurador-geral da
República (saiba mais aqui).
Apesar disso, o senador mineiro
tem pautado um discurso agressivo contra a presidente Dilma Rousseff porque
sabe que, até 2018, não terá vida fácil nem dentro do PSDB nem fora. O lhe
interessa, portanto, é algum tipo de atalho como vem sendo tentado desde a
derrota na disputa presidencial.
Fonte: Brasil 247
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