Por Ricardo Setti/Veja
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Lobão Filho: depois de ganhar de presente de papai uma cadeira de senador, agora disputará uma eleição de verdade: é o novo candidato dos Sarney ao governo do Maranhão |
Vejam quanta
coisa esquisita anda acontecendo no Maranhão em relação às eleições de outubro.
Em primeiro
lugar, o candidato dos Sarney à sucessão da governadora Roseana Sarney (PMDB),
o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Luiz Fernando Silva, escolhido há
meses pelo próprio senador José Sarney (PMDB-AP) e apoiado pela presidente
Dilma e por Lula, decide desistir de concorrer.
Seu
substituto, escolhido pelo clã, será o senador Lobão Filho (PMDB-MA), que na
verdade é apenas o suplente em exercício do próprio pai, o ministro das Minas e
Energia, Edison Lobão.
Lobão Filho
jamais teve um único voto na vida — os primeiros, disputará agora.
Ganhou de
papai, de graça, uma cadeira no Senado da República, que já exerceu por mais de
dois anos na legislatura passada, quando Edison Lobão foi ministro de Lula, e
por outro ano e quatro meses na atual legislatura, período em que o genitor
voltou ao cargo no governo Dilma.
Tudo graças
à legislação imoral que permite aos candidatos ao Senado indicarem, como suplentes,
a mulher, o marido, o pai, o irmão, o tio ou outros parentes, sem contar as
indicações de financiadores de campanha, ricaços que na prática compram pedaços
de mandato.
Um candidato
escolhido há meses, que já estava em virtual campanha por todo o Estado,
substituído por um noviço nas urnas? Hmmmm….
Mas tem
mais: candidata tida como certa ao Senado, a governadora Roseana Sarney, na
reta final, desistiu da corrida, anunciando que permanecerá no Palácio dos
Leões até o final de seu mandato, a 1º de janeiro de 2015. Era tida como
eleita, e importante para compor a base do governo Dilma no Senado, caso a
presidente se reeleja em outubro.
Isso tudo
num cenário em que o candidato que até agora lidera disparado as pesquisas de
intenção de voto, Flávio Dino, ex-deputado do PCdoB — que, curiosamente, NÃO é
apoiado pelos tradicionais aliados do PT — deixa claro que não estará com Dilma
na campanha e já fechou acordo para ter, em seu palanque, os dois principais
adversários da presidente: Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.
Haverá algo
de podre no meio século de domínio quase ininterrupto do clã Sarney no Estado
que está sempre disputando o campeonato dos piores indicadores de
desenvolvimento humano do país?
Algo assim
como uma derrota eleitoral à vista?
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