Por Cristian Klein
A
eleição para governador no Maranhão está em meio a uma reviravolta. Aposta da
governadora Roseana Sarney (PMDB) para sucedê-la, o ex-secretário estadual de
Infraestrutura, Luís Fernando Silva (PMDB), desistiu nesta segunda-feira de
participar da disputa. Quem deverá substituí-lo é o senador Lobão Filho (PMDB),
que exerce o mandato no lugar do pai, o ministro das Minas e Energia, Edison
Lobão (PMDB).
Lobão
Filho, de 49 anos, recupera-se de uma cirurgia de hérnia de hiato, que duraria
apenas duas horas e acabou levando dez horas, depois que os médicos descobriram
que seu estômago estava fundindo-se com o pulmão. O parlamentar fez a cirurgia
para não ter problemas de saúde durante a campanha eleitoral e se preparava
para concorrer ao Senado. Ainda no hospital, recebeu a ligação de Roseana, lhe
informando sobre a desistência de Luís Fernando Silva.
“Foi
com surpresa que recebi a ligação dela, dizendo que todo o grupo político
estava indicando o m eu nome. Eu disse que aceitaria com muito prazer e que
iríamos iniciar as conversas com o grupo político, que é muito grande. E que,
havendo consenso, teria muita honra. Estou preso em casa, me recuperando. Na
segunda-feira, começo a batalha”, contou ao Valor PRO, serviços de notícias em
tempo real do Valor, lembrando que, segundo os médicos, teve sorte em fazer
logo a cirurgia, pois, do contrário, lhe restaria apenas mais dois ou três
meses de vida.
O
senador só não é enfático em assumir a condição de pré-candidato — ao citar a
necessidade de conversas com o grupo político — porque o senador João Alberto
(PMDB) também teria demonstrado interesse em concorrer. “O João Alberto já foi
governador, senador, prefeito, tem imensa experiência política. Tem todo o
direito de ser. Ficarei feliz, se ele for. Se não, preciso da presença dele na
minha campanha”, diz.
Lobão
Filho afirma que um de seus primeiros compromissos, caso eleito, será o de pôr
abaixo o complexo prisional de Pedrinhas, mas “não com os presidiários dentro”,
ressalta. O local foi palco de cenas de barbárie no início do ano, quando
presos mataram e degolaram outros presidiários, numa crise de segurança que
também levou a ataques de postos de polícia e ônibus queimados.
O
senador afirmou não saber as razões da desistência de Luís Fernando Silva em
concorrer ao governo. Mas reconheceu que fazia parte da estratégia dele ser
eleito governador, indiretamente, pela Assembleia Legislativa, para se tornar
mais conhecido da população, durante um mandato-tampão, e ser reeleito com mais
facilidade em outubro — o que não foi possível.
Ex-prefeito
de São José de Ribamar, Silva iniciou o governo Roseana como secretário da Casa
Civil e depois assumiu a pasta de Infraestrutura numa estratégia para ganhar
mais visibilidade. Passou a inaugurar obras por todo o Estado, com o objetivo
de aumentar as intenções de voto nas pesquisas eleitorais, o que vinha
ocorrendo de maneira muito lenta.
50%
- O ex-presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB),
pré-candidato que foi derrotado por Roseana em 2010, lidera a corrida para o
Palácio dos Leões, com quase 50% das preferências.
O
fator mais importante para Luís Fernando Silva abandonar a disputa, no entanto,
foi a decisão da governadora, anunciada na sexta-feira, de permanecer no cargo
até o fim do mandato e não concorrer ao Senado.
Silva
esperava que as duas candidaturas, em dobradinha, pudessem alavancá-lo. Além
disso, contava que a governadora levasse adiante o projeto de elegê-lo
governador indireta e antecipadamente pela Assembleia. O plano começou a ser
posto em prática, no ano passado, quando o vice-governador, o então petista
Washington Oliveira, foi indicado ao Tribunal de Contas do Estado, numa manobra
criticada pela oposição.
Sem
o vice, a ideia era que Roseana se desincompatibilizasse para concorrer à vaga
ao Senado. Isso forçaria a realização de uma eleição, pelos 42 deputados
estaduais, para a escolha de alguém que assumisse o mandato até o fim do ano. A
intenção era que Luís Fernando Silva fosse o escolhido e disputasse a reeleição
em outubro em condições mais favoráveis, no controle da máquina administrativa
e com maior exposição.
O
problema é que o presidente da Assembleia, Arnaldo Melo (PMDB), também
manifestou vontade de concorrer à eleição indireta e se tornou um obstáculo
para os planos de Roseana e de seu ex-secretário, que saiu do governo na
sexta-feira.
Fonte: Valor Econômico
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