Com seu
partido enfraquecido, resta ao PSDB torcer para que os partidos não sejam a
principal força motriz das eleições deste ano.
*Antonio Lassance
Uma crise se abate sobre a campanha de Aécio Neves. De todos os
problemas que já enfrentou, a bomba de efeito retardado chamada "Pimenta
da Veiga" é, sem sombra de dúvida, a maior até o momento.
Ela explodiu justo em Minas Gerais, onde Aécio esperava tirar parte da diferença de votos que Dilma terá em outros estados.
Ela explodiu justo em Minas Gerais, onde Aécio esperava tirar parte da diferença de votos que Dilma terá em outros estados.
A escolha de Pimenta da Veiga, um dos pais das privatizações dos anos
1990 e um dos filhos diletos do governo FHC, parecia ideal, mas foi implodida a
partir do momento em que a Polícia Federal (PF) desvelou a teia de relações
montadas pelas empresas de Marcos Valério no mensalão tucano.
A PF indiciou Pimenta por ligações consideradas mais que suspeitas com o
esquema.
Como se o problema já não fosse suficientemente grande, Aécio e Pimenta
cometeram o erro de levantar suspeitas sobre a ação da PF.
Para tentar rebater o inquérito e confrontar a PF, o indiciado alegou que seus negócios com Marcos Valério eram lícitos. Como “prova”, afirmou que tudo havia sido declarado à Receita Federal.
Para tentar rebater o inquérito e confrontar a PF, o indiciado alegou que seus negócios com Marcos Valério eram lícitos. Como “prova”, afirmou que tudo havia sido declarado à Receita Federal.
A informação mostrou suas pernas curtas quando veio o desmentido, da
própria PF, de que Pimenta só revelou seus negócios com as empresas que
abasteciam o mensalão tucano depois de o esquema ter sido estourado pela CPI
dos Correios.
Após o escândalo, em 2005, Pimenta fez uma declaração retificadora, na
qual apareceram, finalmente, R$300 mil. Grande ideia, só que, para a PF, o
esquecimento e a retificação, feita só depois da CPI, são prova da tentativa de
esconder o dinheiro.
O risco é que o pré-candidato do PSDB de Minas, agora provável
ex-pré-candidato, se transforme em réu em plena campanha. Mesmo se afastado da
disputa, Pimenta da Veiga permanece como rescaldo.
DEVAGAR E INDECISO - A trapalhada em Minas foi grande e provoca não apenas um estrago na candidatura tucana ao Governo do Estado. Reforça dúvidas, sobretudo entre os tucanos paulistas (à exceção de FHC), sobre a própria perspicácia de Aécio nesta campanha.
DEVAGAR E INDECISO - A trapalhada em Minas foi grande e provoca não apenas um estrago na candidatura tucana ao Governo do Estado. Reforça dúvidas, sobretudo entre os tucanos paulistas (à exceção de FHC), sobre a própria perspicácia de Aécio nesta campanha.
A calma entre os correligionários já está com o prazo de validade
vencido, dado o avanço do calendário eleitoral e as intenções de voto
empacadas, pesquisa após pesquisa.
Considerado lerdo para pôr sua candidatura na rua e acanhado em falar
para valer como oposicionista, Aécio foi alertado de que precisava reagir para
ficar claro seu perfil anti-Dilma e evitar que caísse sobre ele a mesma pecha
de picolé de chuchu que colou em Geraldo Alckmin, nacionalmente, em 2006.
A aproximação com Eduardo Campos foi vista como um péssimo negócio, que
beneficiaria mais o PSB, bem menor em todo o país, do que o PSDB.
Até agora, Aécio não foi capaz nem mesmo de escolher o nome para a sua
vice. Entre as opções e indecisões, se fala até em Fernando Henrique Cardoso,
que, mesmo internamente ao PSDB, é tido como a alternativa mais desastrosa -
tal a rejeição que o ex-presidente goza na opinião pública.
Como se isso não bastasse, falta palanque próprio a Aécio em estados
importantes. Onde se comemora a adesão de setores do PMDB, como no caso da
Bahia e no Rio de Janeiro, os festejos encobrem um quadro de velório do PSDB
enquanto partido.
Além da Bahia e Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, Espírito Santo,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Alagoas e no Distrito Federal, o partido ou
recorrerá a alianças com outros partidos ou terá que se contentar em
lançar candidatos “pangarés”, pouco competitivos.
Situação grave, pelo tamanho do colégio eleitoral, é a do Rio de Janeiro. O Partido se esfacelou no estado. Aécio, ao procurar remendar, cometeu outra trapalhada ao lançar uma celebridade, o técnico de vôlei, Bernardinho, que recusou a candidatura logo após ter sido “confirmada” por Aécio.
Situação grave, pelo tamanho do colégio eleitoral, é a do Rio de Janeiro. O Partido se esfacelou no estado. Aécio, ao procurar remendar, cometeu outra trapalhada ao lançar uma celebridade, o técnico de vôlei, Bernardinho, que recusou a candidatura logo após ter sido “confirmada” por Aécio.
Depois de cogitar Ellen Gracie, a inexpressiva ex-ministra do STF, o
Partido pode acabar não lançando ninguém, deixando o pouco que resta de sua
base livre para apoiar a candidatura de Luiz Fernando Pezão, do PMDB.
APOSTA NA MÍDIA E NOS BANCOS PARA DECIDIR A ELEIÇÃO - Com tamanhas
fragilidades, os tucanos ainda têm que evitar que Eduardo Campos os ultrapasse.
Para tanto, contam com o fato de que, se o PSDB vai mal das pernas, ainda assim
tem uma máquina eleitoral maior que a do PSB.
Com seu partido enfraquecido, resta ao PSDB torcer para que os
partidos não sejam a principal força motriz das eleições deste ano.
Os tucanos esperam que a velha mídia e os financiadores de campanha, principalmente os bancos, façam toda a diferença, principalmente diante do alastramento do inconformismo entre uma parcela expressiva de eleitores.
Os tucanos esperam que a velha mídia e os financiadores de campanha, principalmente os bancos, façam toda a diferença, principalmente diante do alastramento do inconformismo entre uma parcela expressiva de eleitores.
Nesta hora, o pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes, no STF, que
segura a decisão que proibirá o financiamento empresarial a campanhas
eleitorais, vem a calhar.
Para atender à velha mídia, Aécio veio para cima com o mote da CPI
da Petrobrás.
Para atender aos bancos, principalmente o Itaú Unibanco, deixou
correr a informação de que Armínio Fraga é o seu candidato a ministro da
Fazenda.
É bom lembrar que, quando Fraga foi presidente do Banco Central de FHC,
tinha Ilan Goldfajn como diretor de política econômica. Ambos se tornariam
sócios na Gávea Investimentos. Goldfajn é hoje economista-chefe é sócio do Itaú
Unibanco.
Por isso, apesar da tempestade, na mídia tradicional, a previsão
para Aécio Neves é de tempo bom.
Para parceiros como o Itaú Unibanco, mesmo com o inferno astral do
PSDB, Aécio continua sendo um partidão.
(*) Antonio Lassance é cientista político
Fonte: Carta Maior
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