segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Campanha de Marina tira do programa apoio a casamento gay

Partido diz que documento não retratou com 'fidelidade' posição sobre tema. PSB afirma ter compromisso 'irrestrito' com defesa dos direitos LGBT
Trecho que trata do casamento gay que a campanha de Marina Silva decidiu suprimir do programa de governo 
Um dia depois de divulgar o programa de governo da candidata, a campanha da presidenciável Marina Silva (PSB) decidiu retirar trecho que manifestava apoio a propostas para legalizar o casamento igualitário no Brasil, que permite a união entre pessoas do mesmo sexo. Além disso, foi eliminada defesa de um projeto em tramitação no Congresso que criminaliza a homofobia.
Os dois pontos estavam num capítulo sobre os direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais) e foram substituídos pela seguinte redação: "Garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo".

Em nota divulgada neste sábado (30), a assessoria da campanha informou que o texto inicialmente divulgado, "infelizmente, não retrata com fidelidade os resultados do processo de discussão sobre o tema durante as etapas de formulação do plano de governo" e diz que uma "falha processual na editoração" da versão do programa divulgada na internet e em exemplares impressos permitiu a veiculação de uma redação "que não contempla a mediação entre os diversos pensamentos que se dispuseram a contribuir para sua formulação e os posicionamentos de Eduardo Campos e Marina Silva a respeito da definição de políticas para a população LGBT".
No documento divulgado na internet e distribuído à imprensa, constava o seguinte trecho: "Apoiar propostas em defesa do casamento civil igualitário, com vistas à aprovação dos projetos de lei e da emenda constitucional em tramitação, que garantem o direito ao casamento igualitário na Constituição e no Código Civil".

Também havia a defesa do PLC 122/2006, que equipara a discriminação contra gays aos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. A proposta, proposta em 2006 e atualmente em tramitação no Senado, sofre forte resistência da comunidade evangélica.
Segundo informou ao G1 a assessoria da campanha, serão substituídas as páginas e 215 e 216 do programa, que abordam os direitos LGBT e tratam do casamento gay.
Atualmente, uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controle externo das atividades do Judiciário, obriga os cartórios a cumprirem a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de maio de 2011, de realizar a união estável de casais do mesmo sexo. Além disso, obrigou a conversão da união em casamento e também a realização direta de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Porém, não há nenhuma lei no país que regulamente o assunto.

De acordo com a nota divulgada neste sábado pela campanha, "a sociedade tem muita dificuldade em lidar com as diferentes visões de mundo, de forma de viver e de escolhas feitas pelas pessoas". A nova versão do programa de governo de Marina Silva diz ainda que os grupos LGBT estão entre as minorias que têm direitos civis que precisam ser respeitados.
“Apesar desse contratempo indesejável [no programa de governo], tanto no texto com alguns equívocos como no correto, permanece irretocável o compromisso irrestrito com a defesa dos direitos civis dos grupos LGBT e com a promoção de ações que eduquem a população para o convívio respeitoso com a diferença e a capacidade de reconhecer os direitos civis de todos", afirma a nota.

Nesta sexta-feira (29), durante o lançamento do programa de governo em São Paulo, Marina Silva foi questionada sobre o apoio a projetos de lei que garantam o direito de casamento entre pessoas do mesmo sexo, Ela disse respeitar e defender o Estado laico e afirmou que, como presidente, terá o compromisso de assegurar direitos civis para "todas as pessoas".
“O nosso compromisso é que os direitos civis das pessoas sejam respeitadas. Queremos o respeito através do Estado laico tanto para os que creem quanto os que não creem. As pessoas têm sua liberdade individual e essa liberdade individual deve ser respeitada", disse.

Em 2010, ano em que disputou pela primeira vez a Presidência, Marina afirmou que, na opinião dela, o casamento é um "sacramento" e que aceitar a união entre pessoas do mesmo sexo iria contra suas convicções religiosas. Apesar disso, na ocasião, se disse a favor da “união de bens” entre homossexuais.

Ainda nesta sexta, horas após a divulgação do programa, a campanha de Marina também corrigiu outro trecho que mencionava a energia nuclear como um dos pontos que merecem atenção para o aperfeiçoamento da matriz energética do país.

Fonte: G1

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