Essa
é a primeira vez, desde que o programa foi criado, que gastos cairão. No caso
do custeio da máquina, diminuição será de 7,5% até abril
Para tentar
atingir a meta de economia de gastos em 2015, a equipe econômica impôs uma
redução de 23,7% nos gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
somente até abril deste ano. O número consta em decreto assinado pela
presidente Dilma Rousseff e publicado em edição extra do "Diário Oficial
da União" desta quinta-feira (26).
Mais cedo,
o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, explicou que, na ausência
de um orçamento aprovado pelo Congresso Nacional para este ano, uma vez que a
peça orçamentária ainda está sendo avaliada pelo Legislativo, o governo decidiu
fazer um decreto temporário - para valer até abril, ou até a aprovação do
orçamento - limitando os gastos públicos.
"Não
significa contingenciamento [corte de gastos]. Mas o que eles [ministérios e
órgãos públicos] poderão decidir em termos de alocação de recursos. É uma
medida importante enquanto o orçamento não é aprovado. É um montante que poderá
estar disponibilizado a estes ministérios até abril. Caso haja a aprovação do
orçamento, temos de fazer uma nova programação", declarou Saintive.
Gastos do PAC menores - Nos quatro primeiros meses
do ano passado, os gastos do PAC somaram R$ 19,91 bilhões, de acordo com
números da Secretaria do Tesouro Nacional. Neste ano, até abril, as despesas
autorizadas por meio do decreto são de R$ 15,17 bilhões. A queda é de R$ 4,37
bilhões, ou 23,7%.
Essa é a
primeira vez, desde que foi criado, que o programa, que é muito ligado à
presidente Dilma Rousseff, tendo ela sido apelidada de "mãe do PAC"
no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, terá redução de gastos.
Desde 2007,
o programa vinha registrando crescimento contínuo. O valor de gastos autorizado
para o período de janeiro a abril deste ano é menor, também, do que o
registrado no mesmo período de 2013 - quando foram gastos R$ 15,4 bilhões nas
obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento.
Gastos com custeio - O decreto presidencial
também traz limitação para gastos com custeio da máquina pública, no orçamento
dos Ministérios. Para janeiro a abril deste ano, foi autorizada uma dotação de
R$ 59,98 bilhões, o que representa uma queda de 7,5%, ou R$ 4,87 bilhões, em
relação ao valor gasto nos quatro primeiros meses de 2014 (R$ 64,86 bilhões).
As chamadas
"despesas discricionárias" dos Ministérios, ou seja, que não são
obrigatórias, excluem gastos com sentenças judiciais e precatórios.
R$ 9,2 bilhões a menos em gastos até abril - Com a redução dos gastos
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de R$ 4,37 bilhões até abril
deste ano, conforme limitação imposta pelo decreto presidencial, em conjunto
com os R$ 4,87 bilhões a menos autorizados para custeio nos quatro primeiros
meses deste ano, as despesas ficarão R$ 9,24 bilhões menores do que igual
período do ano passado nestas duas rubricas.
Compromisso da nova equipe econômica - A limitação de gastos faz
parte da estratégia da nova equipe econômica para tentar atingir a meta de
superávit primário, a economia para pagar juros da dívida pública e tentar
manter sua trajetória de queda, de 1,2% do PIB para todo o setor público
(governo, estados, municípios e empresas estatais) em 2015.
O esforço
equivale a uma economia de R$ 66,3 bilhões. Desse montante, R$ 55,3 bilhões
correspondem à meta para o governo e R$ 11 bilhões são uma estimativa para
estados e municípios. Em janeiro, contas do governo registraram superávit
primário de R$ 10,4 bilhões, o que representa 19% da meta anual. Porém, foi o pior valor para o mês desde 2009.
Medidas já anunciadas - Para tentar atingir as
metas fiscais, a nova equipe econômica já anunciou uma série de medidas nos
últimos meses. Entre elas, estão mudanças nos benefícios sociais, como
seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte, que ainda
têm de passar pelo crivo do Congresso Nacional.
Além disso,
também elevou o IPI para automóveis e tributos sobre a gasolina, operações de
crédito e cosméticos. O Ministério do Planejamento, por sua vez, anunciou a
redução dos limites temporários de empenho para gastos no orçamento de 2015 e,
mais recentemente, o bloqueio de restos a pagar de anos anteriores.
No mês
passado, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, havia confirmado
que não haverá mais repasses do governo ao setor elétrico, antes estimados em
R$ 9 bilhões para este ano, o que deverá elevar ainda mais a conta de luz, que
pode ter aumento superior a 40% em 2015.
Fonte: G1
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